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12/05/2004 - 03h49

Filme de Walter Salles não está entre os favoritos em Cannes

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SÉRGIO DÁVILA
Enviado especial a Cannes

Como nas boas finais de futebol, "Diários de Motocicleta" só terá chances reais de vitória em Cannes neste ano se o público empurrar o filme até lá, pois de verdade o brasileiro Walter Salles não está entre os favoritos.

O próprio diretor sabe disso. "É difícil prever o que pode acontecer, mas os filmes favoritos neste ano são claramente os de Wong Kar-wai e Emir Kusturica, que são dois ótimos diretores", disse ele de Paris à Folha, onde supervisiona a preparação e legendagem das três cópias que serão exibidas no festival.

Walter Salles tem razão. A revista "Première", que com a "Cahiers du Cinéma" e a "Studio" forma a santíssima trindade das publicações cinematográficas francesas, matou a charada ao batizar, em sua mais recente edição, o festival cinematográfico de "Kannes", com a letra "k".

Afinal, é o festival em que o presidente do júri é Quentin Tarantino ("Kill Bill" 1 e 2, ambos com "k"), o mesmo que apresenta as versões norte-americanas dos DVDs do chinês Wong Kar-wai (outro "k") e que facilitou a exibição de seu "Amores Expressos" nos EUA. O nativo de Xangai vem com a ficção futurista "2046", em sua quarta participação (com vitória em 1997 pela direção de "Felizes Juntos").
O outro "k"? Kusturica, de Emir Kusturica (pronuncia-se "custuriça"), que traz seu "A Vida É um Milagre" ("Zivot Je Cudo") e está sendo apontado pelos insiders como o segundo favorito.

Não dando nenhum dos dois "k" acima, as Palmas podem encontrar guarida no Oriente, referência fílmica para a qual Tarantino voltou suas antenas de cinéfilo e cineasta nos últimos anos. Ele terá bastante opções; dos 18 filmes em competição, seis têm os olhos puxados, do anime (animação japonesa) "Ghost in the Shell 2 - Innocence" ao sul-coreano "Old Boy", de Chan Wook-Park, baseado num mangá (HQ também de origem japonesa).

Anime, mangá? Não soa mais Tarantino do que isso.

Mas não quer dizer, no entanto, que os dois latino-americanos, "Diários" e "La Niña Santa", da argentina Lucrecia Martel, não tenham chance nenhuma. "Diários", por exemplo, foi programado para três exibições no festival, a tradicional das 8h30, para os jornalistas, e a das 19h30, de gala, com a participação do público, mas também a das 14h30, para a imprensa retardatária, um privilégio que não é dado a todos os filmes em competição, mas apenas a alguns que o festival julgue atraírem mais interesse.

(É a reação da platéia noturna, aliás, que pode impulsionar o filme, dependendo do número de jurados que deixe para assistir a essa sessão --e perca as outras.)

E, como ator principal tanto do filme de Salles --e interpretando ninguém menos que o ícone pop Che Guevara em sua pré-história-- quanto do filme de Pedro Almodóvar ("La Mala Educación", sobre padres pedófilos e pederastas), Gael García Bernal deve ser realmente "o" nome deste ano no quesito mundanidades, o que sempre pode lhe valer uma premiação como ator.

O paradoxo é que, enquanto no festival de 2001 havia dois latino-americanos no júri (o próprio Walter Salles e o chileno Raoul Ruiz) e nenhum filme na competição oficial, no deste ano há dois latino-americanos na competição oficial e nenhum no júri...

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