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28/05/2004 - 16h03

Aos 61 anos, Paul McCartney canta pela primeira vez em Portugal

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GUILHERME GORGULHO
enviado especial a Lisboa

É meio difícil de acreditar que duas turnês de Paul McCartney, 61, já passaram pelo Brasil, mas nenhuma por Portugal. Mas é verdade. O ex-beatle pisa nesta sexta-feira (28) pela primeira vez em um palco português para se apresentar no Rock in Rio-Lisboa, com um show histórico de quase três horas de duração, recheado de clássicos dos Fab Four, dos Wings e de sua carreira solo.

A apresentação na capital portuguesa é uma das mais concorridas do festival e será a segunda da "04 Summer Tour", que começou na terça-feira passada (25) em Gijón, no norte da Espanha, perante 30 mil pessoas.

O isolamento imposto ao país pelo regime salazarista e a situação econômica impediram que a banda de rock mais famosa do mundo se apresentasse no país ibérico nos anos 60. Mas, mesmo assim, as ligações do músico com Portugal vêm de longa data. A canção mais famosa já composta por McCartney e uma das mais obscuras de seu cancioneiro foram compostas em Portugal.

Segundo a biografia autorizada do ex-beatle, "Many Years From Now", de Barry Miles, McCartney voou de Londres para Lisboa no dia 27 de maio de 1965 para passar férias na costa Sul do país. Na longa viagem entre a capital e a cidade pesqueira de Albufeira, espécie de capital turística do Algarve, Paul McCartney teve a idéia para a letra de "Yesterday", até então batizada de "Scrambled Eggs", cujos acordes já tinha na cabeça há algum tempo.

Dédadas depois, McCartney recebeu um prêmio pelas seis milhões de vezes em que "Yesterday" foi ao ar nas rádios americanas --um recorde absoluto.

Tempos depois, em 1968, durante outro período de descanso no Algarve, ele compôs uma canção que nunca foi gravada pelos Beatles, mas que foi dada a um grupo da cidade do Porto e acabou se transformando em uma raridade muito procurada por beatlemaníacos.

Na ocasião, a banda portuguesa Jotta Herre se apresentava em um hotel da cidade quando o músico apareceu e foi convidado para subir ao palco. Essa "jam session" etílica acabou rendendo uma obscura balada de nome "Penina" --por sinal, o nome do hotel.

"Penina" foi lançada em 1969 em dois discos: primeiro pelo próprio Jotta Herre e, depois, por Carlos Mendes, cuja versão acabou ficando mais conhecida.

As duas gravações foram lançadas em CD no início deste ano na coletânea portuguesa "All You Need is Lisboa", que reúne versões de faixas do quarteto britânico feitas por bandas locais. Alguns discos piratas das sessões de gravação do álbum "Let It Be" mostram os quatro de Liverpool tocando a faixa.

Estréia da turnê

O espetáculo de abertura da turnê de verão européia teve mais de 30 músicas, desde o clássico "Jet", do disco "Band on The Run", até a derradeira "The End".

McCartney prestou também homenagens aos ex-parceiros de Liverpool. Para John Lennon, assassinado em 1980, o compositor tocou sozinho ao violão "Here Today", uma bela canção que recorda o amigo de infância.

George Harrison, morto de câncer em 2001, foi homenageado com uma faixa de sua autoria, "All Things Must Pass". A música, gravada por Harrison no disco homônimo de 1970, também chegou a ser tocada pelos Beatles em ensaios no início de 1969.

Até mesmo Ringo Starr foi lembrado pelo músico com a execução vocal de um trecho de "Yellow Submarine", escrita por Lennon e McCartney e imortalizada na voz peculiar de Ringo.

No repertório, o ex-baixista dos Beatles lembrou também canções do grupo que há muito tempo não tocava, como "Helter Skelter", "I'll Follow The Sun", "She's a Woman" e até mesmo "In Spite of All The Danger" --faixa composta por Harrison e McCartney que foi registrada em uma gravação caseira do Quarry Men em 1958, antes mesmo do nome Beatles ter nascido.

Mais de 30 anos após o fim dos Fab Four, Paul McCartney continua arrastando multidões para estádios pelo mundo afora para ouvir canções que marcaram a vida de milhões de pessoas que viveram aqueles anos e até mesmo de jovens que ainda descobrem a importância da maior banda de rock'n'roll de todos os tempos.

O jornalista Guilherme Gorgulho viaja a convite da organização do Rock in Rio-Lisboa

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