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26/06/2004
-
09h05
da Folha de S.Paulo
O assassinato de Vladimir Herzog foi o episódio mais ruidoso de uma ofensiva dos órgãos de segurança da ditadura contra o Partido Comunista Brasileiro. Derrotados os grupos da luta armada, o quadro mudara.
As eleições de 1974 haviam mostrado que o MDB, o partido consentido de oposição, se encontrava em ascensão. Para os agentes do porão, o risco estava no ar. Passado o período Médici, sentiam-se progressivamente abandonados pelo novo ditador de plantão, Ernesto Geisel, e temiam a possibilidade de que um dia tivessem de prestar contas a uma instância civil. Como registra Gaspari, "os interrogadores do DOI estavam obstinadamente interessados em montar a rede de entendimentos do PCB com a oposição legal. Essa conduta significava uma reviravolta na metodologia da repressão".
Tratava-se, então, de provar que o PCB exercia forte influência sobre o MDB, restabelecendo a ameaça comunista aos ideais de 1964. O que Geisel chegou a considerar um "governo paralelo" queria colocá-lo contra a parede.
Antes da morte de Herzog, fora preso o militante do PCB Marco Antônio Coelho, que passou por terrível rotina de torturas no Rio e em São Paulo. As denúncias a respeito de seu estado fizeram com que, pela primeira vez, o porão se visse obrigado a encenar uma farsa para demonstrar que um preso não fora torturado. Um sinal de fraqueza e um motivo para novas inquietações militares.
A morte de Herzog e, posteriormente, a do operário Manoel Fiel Filho, também do PCB, evidenciavam o desassombro do porão diante de Geisel e Golbery. A primeira forte reação da Presidência veio com a exemplar demissão do general Ednardo D'Avila Mello, comandante do Segundo Exército, em cujas instalações morreram Herzog e Fiel Filho. "O presidente lançou-se ao primeiro choque frontal e público com um chefe militar. Era o choque que evitara em 1964, quando fizera vista grossa às torturas que haviam sido praticadas nos quartéis do Nordeste", escreve Gaspari.
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As eleições de 1974 haviam mostrado que o MDB, o partido consentido de oposição, se encontrava em ascensão. Para os agentes do porão, o risco estava no ar. Passado o período Médici, sentiam-se progressivamente abandonados pelo novo ditador de plantão, Ernesto Geisel, e temiam a possibilidade de que um dia tivessem de prestar contas a uma instância civil. Como registra Gaspari, "os interrogadores do DOI estavam obstinadamente interessados em montar a rede de entendimentos do PCB com a oposição legal. Essa conduta significava uma reviravolta na metodologia da repressão".
Tratava-se, então, de provar que o PCB exercia forte influência sobre o MDB, restabelecendo a ameaça comunista aos ideais de 1964. O que Geisel chegou a considerar um "governo paralelo" queria colocá-lo contra a parede.
Antes da morte de Herzog, fora preso o militante do PCB Marco Antônio Coelho, que passou por terrível rotina de torturas no Rio e em São Paulo. As denúncias a respeito de seu estado fizeram com que, pela primeira vez, o porão se visse obrigado a encenar uma farsa para demonstrar que um preso não fora torturado. Um sinal de fraqueza e um motivo para novas inquietações militares.
A morte de Herzog e, posteriormente, a do operário Manoel Fiel Filho, também do PCB, evidenciavam o desassombro do porão diante de Geisel e Golbery. A primeira forte reação da Presidência veio com a exemplar demissão do general Ednardo D'Avila Mello, comandante do Segundo Exército, em cujas instalações morreram Herzog e Fiel Filho. "O presidente lançou-se ao primeiro choque frontal e público com um chefe militar. Era o choque que evitara em 1964, quando fizera vista grossa às torturas que haviam sido praticadas nos quartéis do Nordeste", escreve Gaspari.
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