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17/09/2004
-
07h18
da Folha de S.Paulo
Segue ímpar a trajetória da família carioca que "quer tudo como quem não quer nada" e no início da década passada forjou para o Brasil uma "nação Planet Hemp", centralizada em figuras como as de Marcelo D2, BNegão e Black Alien, mas também na militância sócio-política e musical de O Rappa, de Marcelo Yuka.
No caso do Planet Hemp, a crença e o marketing se fundaram no hip hop e na defesa do uso de maconha, indexando mitos sobre o mal que a droga causa e a hipocrisia social no trato do assunto.
A reação foi feroz, com rejeição e perseguição ao grupo, até mesmo prisão de seus integrantes. No contrapeso, eles iam à prisão, mas mantinham o respeito (o desafio também rendia lucros ideológicos e mercadológicos. Planet Hemp vendia).
D2 se destacou do grupo não só pelo topete (esnobou Caetano, falou mal de Faustão e Hebe etc. etc.); ele queria compactar uma inédita experiência de fusão entre rap e samba, a que seu próprio grupo resistia.
Quase à revelia, iniciou uma temerária carreira solo paralela (o Planet ainda existe, embora hoje se veja atropelado pelas próprias contradições e por lances como o "Acústico MTV" redundante de seu líder).
Seu segundo CD solo, "À Procura da Batida Perfeita" (2003), foi ao extremo da fusão samba-rap e conquistou inesperada unanimidade. Vendeu 100 mil cópias (mais que razoável se considerada a grande crise atual), seduziu a crítica, conquistou adeptos entre crianças, jovens e adultos. Havia substância por trás da cortina de fumaça.
De pouco tempo para cá, D2 recebe o reforço e o contraponto de seus companheiros lá de trás. O co-fundador Skunk morreu cedo demais, de Aids (D2 sempre o cita e tributa, até no "Acústico MTV"). Mas BNegão (ainda membro do Planet) e Black Alien hoje compensam os "pecados" mercadológicos do parceiro erigindo carreiras "underground" altivas, incipientes mas com plenas condições de crescer como a do hoje "primo rico" que toca até em butique fina de madame rica.
Cada um a seu modo, realçam o que pregavam desde o início. D2 ressitua o rap dentro do Brasil, via samba. BNegão revalida o peso hardcore, mas com doses de humor. Alien fortifica a ponte com gêneros gringos como gangsta rap, raggamufin, reggae clássico etc. As "flores do mal" de 1994 não param de exalar perfume.
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No caso do Planet Hemp, a crença e o marketing se fundaram no hip hop e na defesa do uso de maconha, indexando mitos sobre o mal que a droga causa e a hipocrisia social no trato do assunto.
A reação foi feroz, com rejeição e perseguição ao grupo, até mesmo prisão de seus integrantes. No contrapeso, eles iam à prisão, mas mantinham o respeito (o desafio também rendia lucros ideológicos e mercadológicos. Planet Hemp vendia).
D2 se destacou do grupo não só pelo topete (esnobou Caetano, falou mal de Faustão e Hebe etc. etc.); ele queria compactar uma inédita experiência de fusão entre rap e samba, a que seu próprio grupo resistia.
Quase à revelia, iniciou uma temerária carreira solo paralela (o Planet ainda existe, embora hoje se veja atropelado pelas próprias contradições e por lances como o "Acústico MTV" redundante de seu líder).
Seu segundo CD solo, "À Procura da Batida Perfeita" (2003), foi ao extremo da fusão samba-rap e conquistou inesperada unanimidade. Vendeu 100 mil cópias (mais que razoável se considerada a grande crise atual), seduziu a crítica, conquistou adeptos entre crianças, jovens e adultos. Havia substância por trás da cortina de fumaça.
De pouco tempo para cá, D2 recebe o reforço e o contraponto de seus companheiros lá de trás. O co-fundador Skunk morreu cedo demais, de Aids (D2 sempre o cita e tributa, até no "Acústico MTV"). Mas BNegão (ainda membro do Planet) e Black Alien hoje compensam os "pecados" mercadológicos do parceiro erigindo carreiras "underground" altivas, incipientes mas com plenas condições de crescer como a do hoje "primo rico" que toca até em butique fina de madame rica.
Cada um a seu modo, realçam o que pregavam desde o início. D2 ressitua o rap dentro do Brasil, via samba. BNegão revalida o peso hardcore, mas com doses de humor. Alien fortifica a ponte com gêneros gringos como gangsta rap, raggamufin, reggae clássico etc. As "flores do mal" de 1994 não param de exalar perfume.
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