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11/07/2005
-
18h43
da Folha Online
O escritor anglo-indiano Salman Rushdie, 58, autor do polêmico livro "Versos Satânicos", participou nesta segunda-feira do ciclo de sabatinas da Folha.
Durante o evento, Rushdie falou de temas polêmicos, como os ataques terroristas, a pena de morte que recebeu do aiatolá Khomeini e o fanatismo religioso, e também de literatura e vida pessoal.
Veja a seguir os principais trechos da sabatina:
LITERATURA E POLÍTICA
"É muito difícil separar a vida privada da vida pública. Há 200 anos, escrever um romance era algo totalmente diferente. Era possível contar a história de um personagem sem ter de abordar assuntos reais. Agora, para explicar as vidas das pessoas comuns, dos personagens, é preciso ir a um contexto mais amplo."
ATAQUES EM LONDRES
"Como ser humano, não gosto da condição de vítima, mas é claro que nossa vida pode mudar do dia para a noite devido a um contexto mais amplo. Os ataques em Londres mudaram a vida de muitas pessoas, independentemente do caráter ou das escolhas que fizeram. [...] Tenho muito orgulho das pessoas de Londres. Elas reagiram como se nada tivesse acontecido, sem terror. Você não precisa transformar seu país numa fortaleza, precisa não ficar com medo."
ATENTADOS TERRORISTAS
"Será que o 11 de Setembro teria sido evitado? Sinto dizer que a Al Qaeda não gosta muito de nós. Eles têm uma ideologia em que não são a favor de nada [do mundo ocidental]. Pelo menos quando os irlandeses bombardeavam Londres, sabíamos qual era o ponto. Mas, quanto à Al Qaeda, o ponto é 'não gostamos de vocês'. Acho algo difícil de lidar.
CONDENAÇÃO À MORTE
"O que sei é que isso [a condenação à morte pelo aiatolá Khomeini, do Irã, após a publicação do seu livro 'Versos Satânicos', em 1989] poderia ter me destruído como escritor. Eu poderia ter passado a escrever livros amedrontados ou então muito amargurados, de vingança. Ambos os casos seriam uma derrota. Eu teria me tornado uma criatura daquilo que queria me matar."
LÍDERES RELIGIOSOS
"Não sou um grande admirador desses líderes. Estou muito desapontado. Quando houve o ataque contra mim [a condenação à morte], o aiatolá recebeu apoio público de muitos líderes religiosos, entre eles o chefe do rabinato da Inglaterra e o papa [João Paulo 2º]. Foi muito difícil. Não espero nada muito bom dos líderes religiosos."
PAULO COELHO
"Receio dizer que não gosto do trabalho de Paulo Coelho. Também não gosto de 'O Código Da Vinci', mas parece que o livro vende muito bem. Ou tenho mau gosto ou as outras pessoas têm. [...] Há livros facilmente consumíveis e que dão um conforto simples às pessoas. Não é o meu negócio."
EUA
"Vivemos um momento particular em que os Estados Unidos são a única potência do mundo, desde o final da União Soviética. É muito improvável que continue assim, não é bom para os próprios norte-americanos."
CAXEMIRA
"Minha família nasceu na Caxemira [região conflituosa entre a Índia, o Paquistão e a China, que o governo indiano considera sua]. Três dos meus avós são de lá, tenho uma conexão emocional muito forte com a região. É uma das grandes tragédias da humanidade que forças externas tenham destruído algo milenar."
LIVROS PREDILETOS
"Na verdade, não tenho um livro favorito, depende do dia da semana e do tipo do dia. Passei um longo período apaixonado por histórias de detetives. Há também a literatura hindu, que está passando por um renascimento com escritores muito talentosos. Houve ainda um período na minha vida em que fiquei obcecado pela [literatura da] Rússia."
MÚSICA
"Sou da geração do rock'n'roll. Cresci com ela e continuo assim na meia idade. Meus filho ouvem rap e eu gosto disso. É uma coisa interessante, o primeiro fenômeno cultural global. [...] Fiz muitas amizades com músicos, mas sou incapaz de tocar e você não vai querer me ouvir cantando. Trabalhei com o U2 e subi ao palco com eles em Londres, mas não cantei."
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O escritor anglo-indiano Salman Rushdie, 58, autor do polêmico livro "Versos Satânicos", participou nesta segunda-feira do ciclo de sabatinas da Folha.
Durante o evento, Rushdie falou de temas polêmicos, como os ataques terroristas, a pena de morte que recebeu do aiatolá Khomeini e o fanatismo religioso, e também de literatura e vida pessoal.
Veja a seguir os principais trechos da sabatina:
LITERATURA E POLÍTICA
"É muito difícil separar a vida privada da vida pública. Há 200 anos, escrever um romance era algo totalmente diferente. Era possível contar a história de um personagem sem ter de abordar assuntos reais. Agora, para explicar as vidas das pessoas comuns, dos personagens, é preciso ir a um contexto mais amplo."
Jorge Araújo/Folha Imagem |
O escritor Salman Rushdie, durante sabatina na Folha |
ATAQUES EM LONDRES
"Como ser humano, não gosto da condição de vítima, mas é claro que nossa vida pode mudar do dia para a noite devido a um contexto mais amplo. Os ataques em Londres mudaram a vida de muitas pessoas, independentemente do caráter ou das escolhas que fizeram. [...] Tenho muito orgulho das pessoas de Londres. Elas reagiram como se nada tivesse acontecido, sem terror. Você não precisa transformar seu país numa fortaleza, precisa não ficar com medo."
ATENTADOS TERRORISTAS
"Será que o 11 de Setembro teria sido evitado? Sinto dizer que a Al Qaeda não gosta muito de nós. Eles têm uma ideologia em que não são a favor de nada [do mundo ocidental]. Pelo menos quando os irlandeses bombardeavam Londres, sabíamos qual era o ponto. Mas, quanto à Al Qaeda, o ponto é 'não gostamos de vocês'. Acho algo difícil de lidar.
CONDENAÇÃO À MORTE
"O que sei é que isso [a condenação à morte pelo aiatolá Khomeini, do Irã, após a publicação do seu livro 'Versos Satânicos', em 1989] poderia ter me destruído como escritor. Eu poderia ter passado a escrever livros amedrontados ou então muito amargurados, de vingança. Ambos os casos seriam uma derrota. Eu teria me tornado uma criatura daquilo que queria me matar."
LÍDERES RELIGIOSOS
"Não sou um grande admirador desses líderes. Estou muito desapontado. Quando houve o ataque contra mim [a condenação à morte], o aiatolá recebeu apoio público de muitos líderes religiosos, entre eles o chefe do rabinato da Inglaterra e o papa [João Paulo 2º]. Foi muito difícil. Não espero nada muito bom dos líderes religiosos."
PAULO COELHO
"Receio dizer que não gosto do trabalho de Paulo Coelho. Também não gosto de 'O Código Da Vinci', mas parece que o livro vende muito bem. Ou tenho mau gosto ou as outras pessoas têm. [...] Há livros facilmente consumíveis e que dão um conforto simples às pessoas. Não é o meu negócio."
EUA
"Vivemos um momento particular em que os Estados Unidos são a única potência do mundo, desde o final da União Soviética. É muito improvável que continue assim, não é bom para os próprios norte-americanos."
CAXEMIRA
"Minha família nasceu na Caxemira [região conflituosa entre a Índia, o Paquistão e a China, que o governo indiano considera sua]. Três dos meus avós são de lá, tenho uma conexão emocional muito forte com a região. É uma das grandes tragédias da humanidade que forças externas tenham destruído algo milenar."
LIVROS PREDILETOS
"Na verdade, não tenho um livro favorito, depende do dia da semana e do tipo do dia. Passei um longo período apaixonado por histórias de detetives. Há também a literatura hindu, que está passando por um renascimento com escritores muito talentosos. Houve ainda um período na minha vida em que fiquei obcecado pela [literatura da] Rússia."
MÚSICA
"Sou da geração do rock'n'roll. Cresci com ela e continuo assim na meia idade. Meus filho ouvem rap e eu gosto disso. É uma coisa interessante, o primeiro fenômeno cultural global. [...] Fiz muitas amizades com músicos, mas sou incapaz de tocar e você não vai querer me ouvir cantando. Trabalhei com o U2 e subi ao palco com eles em Londres, mas não cantei."
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