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06/07/2006
-
16h51
SÉRGIO RIPARDO
Editor de Ilustrada da Folha Online
Só um milagre (ou um toque de recolher) fará "Belíssima" bater o recorde de audiência no último capítulo, nesta sexta-feira, que será 30 minutos mais longo, durando uma hora e 40 minutos. Ontem, a novela ficou com ibope médio de 57 pontos e pico de 63. O recorde pertence à "América", que cravou 66 pontos no seu final com pico de 70. A diferença de nove pontos (57 versus 66) parece pouca, mas representa quase meio milhão de domicílios só na Grande SP. Além disso, nesta semana, a curva da audiência está praticamente estagnada. Na terça, a média ficou em 56 pontos.
Vale lembrar que o recorde de "América, de Glória Perez, foi obtido graças principalmente a uma farsa. Prometeram uma cena de beijo gay, que foi censurada na última hora. Houve um clima de Copa do Mundo para ver a tal primeira cena de beijo entre dois homens no horário nobre. A frustração levou até a militância homossexual a alardear um boicote à sucessora de "América", no caso, "Belíssima", que acabou cativando, e não sentiu em seu ibope nenhuma cosquinha com a retórica dos líderes do movimento gay.
No máximo, "Belíssima" deve conseguir furar a barreira dos 60 pontos no ibope no seu último capítulo. Só um bombardeio do "Jornal Nacional" na audiência, com a tradicional reportagem sobre os bastidores no "dia D" nos estúdios, fará alguma diferença nos números, bombando o ibope.
Silvio de Abreu, autor de "Belíssima", merecia bater o recorde, pois seu folhetim conseguiu provar que a experiência acumulada por um ator ainda tem serventia na TV, é um valor com potencial de atrair ibope. Foi o que se viu com Fernanda Montenegro encarnando a vilã Bia Falcão, Carmem Verônica e Íris Bruzzi homenageando a memória do teatro de revista com as impagáveis ex-vedetes Mary Montilla e Guida Guevara.
Essas interpretações serviram para apagar o trauma nos noveleiros com Deborah Secco, a Sol de "América", e Fernanda Lima, a Diana Bullock de "Bang Bang".
Mas Silvio de Abreu terá um consolo: "Belíssima" tem chance de bater o recorde de audiência considerando a média do ibope do primeiro ao último capítulo. Nesse cálculo, um termômetro mais abrangente do desempenho de uma trama, "Belíssima" está acima dos 50 pontos, enquanto "América" registrou 49 pontos, "Senhora do Destino" teve 50,4 pontos, e "O Rei do Gado" é dona do recorde com 52 pontos. Um parêntese: hoje cada ponto representa 54.400 domícilios na Grande SP. Em 1996, na época de "O Rei do Gado", era menos (40 mil).
Por mais instigantes que sejam, os mistérios que restam em "Belíssima" não vão mudar a vida de ninguém. Em "América", a expectativa do beijo gay ensejava opiniões fora do mundo dos noveleiros, dando combustível a especulações diversas: "Mas como a Globo vai exibir dois homens se beijando no horário nobre? E a Igreja Católica? E as crianças? E os anunciantes?".
Infelizmente, o vilão oculto de "Belíssima", que dita ordens até a Bia Falcão, não faz parte do escândalo do mensalão, não recebeu dinheiro do valerioduto. Se realmente Bia Falcão escapar do país, após ser beneficiada com um habeas corpus, será uma doce ironia de Silvio de Abreu.
Na próxima segunda-feira, no lugar de "Belíssima", estréia "Páginas da Vida", de Manoel Carlos, com Regina Duarte no papel de Helena, uma médica obstetra. É a eterna "viúva Porcina" saindo da geladeira, após ter sua imagem arranhada na última campanha presidencial por ter dito que "tinha medo" do governo Lula. Ambientada no Rio, a novela se propõe a misturar ficção e realidade, como é do estilo de Manoel Carlos. Em se tratando do Brasil dos dólares na cueca, da máfia dos sanguessugas, às vezes, os vilões da realidade são bem mais assustadores do que Bia Falcão e seus comparsas.
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Editor de Ilustrada da Folha Online
Só um milagre (ou um toque de recolher) fará "Belíssima" bater o recorde de audiência no último capítulo, nesta sexta-feira, que será 30 minutos mais longo, durando uma hora e 40 minutos. Ontem, a novela ficou com ibope médio de 57 pontos e pico de 63. O recorde pertence à "América", que cravou 66 pontos no seu final com pico de 70. A diferença de nove pontos (57 versus 66) parece pouca, mas representa quase meio milhão de domicílios só na Grande SP. Além disso, nesta semana, a curva da audiência está praticamente estagnada. Na terça, a média ficou em 56 pontos.
Vale lembrar que o recorde de "América, de Glória Perez, foi obtido graças principalmente a uma farsa. Prometeram uma cena de beijo gay, que foi censurada na última hora. Houve um clima de Copa do Mundo para ver a tal primeira cena de beijo entre dois homens no horário nobre. A frustração levou até a militância homossexual a alardear um boicote à sucessora de "América", no caso, "Belíssima", que acabou cativando, e não sentiu em seu ibope nenhuma cosquinha com a retórica dos líderes do movimento gay.
Divulgação |
Síntese de "Belíssima", Guida e Mary Montilla fazem homenagem ao teatro de revista |
Silvio de Abreu, autor de "Belíssima", merecia bater o recorde, pois seu folhetim conseguiu provar que a experiência acumulada por um ator ainda tem serventia na TV, é um valor com potencial de atrair ibope. Foi o que se viu com Fernanda Montenegro encarnando a vilã Bia Falcão, Carmem Verônica e Íris Bruzzi homenageando a memória do teatro de revista com as impagáveis ex-vedetes Mary Montilla e Guida Guevara.
Essas interpretações serviram para apagar o trauma nos noveleiros com Deborah Secco, a Sol de "América", e Fernanda Lima, a Diana Bullock de "Bang Bang".
Mas Silvio de Abreu terá um consolo: "Belíssima" tem chance de bater o recorde de audiência considerando a média do ibope do primeiro ao último capítulo. Nesse cálculo, um termômetro mais abrangente do desempenho de uma trama, "Belíssima" está acima dos 50 pontos, enquanto "América" registrou 49 pontos, "Senhora do Destino" teve 50,4 pontos, e "O Rei do Gado" é dona do recorde com 52 pontos. Um parêntese: hoje cada ponto representa 54.400 domícilios na Grande SP. Em 1996, na época de "O Rei do Gado", era menos (40 mil).
Por mais instigantes que sejam, os mistérios que restam em "Belíssima" não vão mudar a vida de ninguém. Em "América", a expectativa do beijo gay ensejava opiniões fora do mundo dos noveleiros, dando combustível a especulações diversas: "Mas como a Globo vai exibir dois homens se beijando no horário nobre? E a Igreja Católica? E as crianças? E os anunciantes?".
Divulgação |
Vitória (Cláudia Abreu), a menina de rua que virou acionista da empresa Belíssima |
Na próxima segunda-feira, no lugar de "Belíssima", estréia "Páginas da Vida", de Manoel Carlos, com Regina Duarte no papel de Helena, uma médica obstetra. É a eterna "viúva Porcina" saindo da geladeira, após ter sua imagem arranhada na última campanha presidencial por ter dito que "tinha medo" do governo Lula. Ambientada no Rio, a novela se propõe a misturar ficção e realidade, como é do estilo de Manoel Carlos. Em se tratando do Brasil dos dólares na cueca, da máfia dos sanguessugas, às vezes, os vilões da realidade são bem mais assustadores do que Bia Falcão e seus comparsas.
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