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20/10/2006 - 10h51

Sátira a Berlusconi, "O Crocodilo" vai além da polêmica

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DIÓGENES MUNIZ
da Folha Online

Caimano (crocodilo, em português) é o apelido dado pela imprensa de esquerda italiana ao ex-premiê Silvio Berlusconi. Em março deste ano, a duas semanas das eleições que tiraram o magnata das comunicações do cargo mais alto do país, um filme de mesmo nome foi lançado pelo cineasta Nanni Moretti. Polêmica.

Passado meio ano (e também o frisson), há quem diga que a sátira diretíssima ao réptil de Milão tenha perdido apelo. Mas "O Crocodilo" (2006, 112 min.), que terá três exibições nesta Mostra Internacional de São Paulo, vai além do que se espera de um filme político. É também uma tragicomédia complacente que explica porque Moretti é chamado de "Woody Allen italiano".

Divulgação
Berlusconi é retratado no início de suas investidas nos meios de comunicação
Berlusconi é retratado no início de suas investidas nos meios de comunicação
Bruno Bonomo (Silvio Orlando, em grande atuação) é um decadente, endividado e conservador produtor de filmes trash dos anos 70. Vive em crise com a mulher e com o gerente de seu banco. Após uma década sem gravar, Bonomo consegue uma reunião com o canal estatal italiano RAI.

Acreditando que se trata de um filme de ação com boa dose de falcatruas, o produtor oferece à RAI uma história sobre primeiro-ministro Silvio Berlusconi. O roteiro chama-se "Il Caimano" e foi idealizado pela personagem Teresa (Jasmine Trinca), uma cineasta estreante. A parte anti-Berlusconi desta obra de Moretti é, na verdade, um filme dentro de outro.

"O Crocodilo" exibe, sem se pretender documental, passagens-chave da vida de Berlusconi, como sua ascensão na década de 60 com o "boom" imobiliário de Milão e a formação de seu conglomerado midiático. O filme também usa imagens reais de discursos polêmicos de Berlusconi. Em um deles, em pleno Parlamento Europeu, ele convida um deputado social-democrata alemão a interpretar um nazista para um filme italiano.

Paralelo aos acontecimentos da produção de "Il Caimano", há uma tentativa de Bonomo em acertar sua vida. Quando o drama familiar começa a flertar com o meloso, Moretti corta para o thriller político. Quando este ameaça ficar maçante, um destrambelhado anti-herói reaparece para rir da própria desgraça. Numa dança que dá sutileza às duras críticas do militante Moretti.

Berlusconi, o gênero

Por ocasião do pleito para primeiro-ministro no começo do ano ou simplesmente pela produtividade do personagem, filmes anti-Berlusconni viraram gênero na Itália em 2006. Só na Mostra de São Paulo, além de "O Crocodilo", há dois deles: "Bye Bye Berlusconi!" (Jan Henrik Stahlberg) e "Política Zero" (Alberto Piccinini, Giovanni Giommi, Massimo Coppola).
Divulgação
Elio De Capitani encarna Berlusconi em uma das cenas iniciais de "O Crocodilo"
Elio De Capitani encarna Berlusconi em uma das cenas iniciais de "O Crocodilo"


No primeiro, uma comédia anárquica sobre a figura do ex-premiê não deixa de fazer seu julgamento político pelas acusações reais de corrupção.

Já em "Política Zero" --uma produção da MTV italiana-- as eleições do país são expostas junto à história recente dos italianos que, invariavelmente, cruza com as peripécias de Berlusconi.

A internet não ficou de fora das produções audiovisuais berlusconianas. No site de vídeos YouTube, é possível assistir a cenas em que um sósia faz performances excêntricas em público [veja vídeo 1 e 2]. Tratando-se do dito-cujo, fica até verossímil.

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