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06/02/2007 - 11h31

Estados Unidos prosseguem debate sobre moda e anorexia

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CATHERINE HOURS
da France Presse, em Nova York

Estilistas americanos reiteraram nesta segunda-feira o desejo de lutar contra a magreza excessiva das modelos que participam da Semana da Moda de Nova York, mas sem estabelecer regras radicais, apesar dos apelos crescentes por uma regulamentação.

O Conselho de Desenhistas de Moda dos Estados Unidos emitiu, no mês passado, uma série de recomendações sobre o tema, mas se recusou a estabelecer um limite estrito de peso para as modelos, como fizeram algumas autoridades européias.

A presidente do conselho, a estilista Diane von Furstenberg, comentou que, embora a indústria tenha uma responsabilidade, as regulamentações não são a resposta para o problema da magreza insana das modelos.

"Considerando-se que estamos na indústria da moda, criamos imagens que fazem sonhar e é importante que projetemos saúde como parte da beleza", frisou Diane, em um debate sobre o tema durante a semana da moda nova-iorquina.

As propostas do Conselho incluem organizar seminários sobre os distúrbios de desordem alimentar, proibir as modelos menores de 16 anos de desfilar e ajudar aquelas que apresentarem sinais precoces de doenças como a anorexia.

"Deveria haver guias, mas não uma obrigação", completou Diane, no encontro entre nutricionistas, modelos e integrantes da indústria da moda.

No mês passado, o conselho explicou que suas diretrizes buscavam "conscientização e educação, não o controle". A polêmica cresceu com a morte em novembro de 2006 da modelo brasileira Ana Carolina Reston, por causa de sua anorexia.

Na Itália e na Espanha, as autoridades proibiram de desfilar modelos com índice de massa corporal (IMC) menor que 18. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estabelece um IMC de 18,5 como peso mínimo saudável.

Joy Bauer, nutricionista que assessora o conselho de estilistas, avaliou, porém, que olhar apenas o índice de massa corporal simplifica excessivamente o problema. "Este tema é muito mais do que o IMC ou o peso", defendeu. "Há outros fatores, genéticos e da idade. Algumas mulheres podem ter um IMC baixo e ser saudáveis". "Não acho que pesar as modelos seja realista. Pode criar, inclusive, mais ansiedade e, portanto, mais problemas", frisou.

No sentido oposto, a famosa modelo Natalia Vodianova, rosto das campanhas da Calvin Klein, deu seu testemunho sobre sua chegada ao mundo internacional da moda.

"Em 2002, comecei a desfilar e senti a pressão da indústria. Aos 19 (...) cheguei a um ponto em que meu peso era 48 quilos. Meu cabelo estava fraco, eu estava nervosa e muito suscetível". "Felizmente, um bom amigo, um médico, me fez enfrentar a realidade. Nem sequer tinha consciência de que não estava saudável", completou, elogiando os primeiros passos para enfrentar a questão nos EUA.

Para a estilista Donna Karan, as agências de modelos têm grande responsabilidade. "Começa no início: a família e a agência de modelos."

Já a diretora da Associação Nacional de Desordens Alimentares, Lynn Grefe, disse estar decepcionada com as sugestões, que considerou superficiais. "Não entendo por que se opõem aos exames físicos", criticou.

"Quais são os próximos passos? As desordens alimentares matam. Pelas próprias modelos e pelas jovens que as admiram, uma mudança é vital", defendeu.

"A indústria da moda não causa desordens alimentares, mas para uma jovem predisposta às desordens alimentares, estas imagens são como lhes dar uma arma carregada", advertiu.

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