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05/02/2003 - 08h44

Conheça o novo sistema X3 de fotografia digital

da Folha de S.Paulo

Carver Mead, 68, costumava dizer a seus alunos no Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia): ''É fácil ter uma idéia complicada. O difícil, muito difícil, é ter uma idéia simples''.

Mead é genial porque já teve muitas idéias simples ao longo dos últimos 40 anos. Mais de 50 delas já foram patenteadas, e muitas o envolveram na fundação de pelo menos 20 empresas, entre elas a Intel. Sem os transistores especiais que ele inventou, não teríamos telefones celulares, redes de fibra óptica e comunicações via satélite. ''Ninguém ignora Carver Mead'', disse certa vez Bill Gates.

Mead é vidrado em eletricidade desde a sua infância em Big Creek, Califórnia. Seu pai trabalhava numa hidroelétrica que fornecia energia para Los Angeles, o que permitia a Mead acompanhar a instalação de cada novo gerador.

Agora, uma das idéias mais simples de Mead _uma máquina fotográfica digital deveria enxergar cores da mesma maneira que o olho humano_ está prestes a mudar tudo na fotografia.

Sua primeira encarnação prática é um sensor (conhecido como X3) que produz imagens tão boas quanto as que podem ser obtidas com filme, ou ainda melhores.

Isso faria do X3 o avanço mais importante dos últimos 70 anos no campo da fotografia, mas as implicações de longo prazo são ainda maiores. Dentro de um ou dois anos, você vai poder levar em suas férias uma câmera verdadeiramente híbrida.

Ela será capaz de registrar imagens paradas em alta resolução e captar cenas em movimento com qualidade que ultrapassa amplamente a obtida pelas câmeras híbridas atuais.

A longo prazo, a tecnologia X3 poderá fazer com que até mesmo um vídeo gravado por um telefone celular tenha resolução suficiente para ser exibido num televisor de tela grande.

Isso permitiria produzir ótimas cenas de viagem para mandar para a família, em casa, aperfeiçoar sistemas para evitar colisões entre automóveis ou, ainda, melhorar a visão de robôs.

O X3 é o mais recente e mais inovador produto da Foveon, empresa do Vale do Silício (Califórnia, EUA) que Mead fundou em 1997. O nome da empresa é derivado de ''fovea centralis'', a parte da retina humana em que a visão é mais aguçada e onde se localiza a maioria das percepções de cor. A Foveon adotou como missão outra idéia radicalmente simples que Mead adora: ''Use toda a luz''.

Tecnologia

Mas as máquinas fotográficas já não utilizam toda a luz que entra na lente? As câmeras que usam filmes, sim, mas as câmeras digitais, com raras exceções, não. Nas palavras de Mead, ''elas jogam fora dois terços da luz''.

A frase só faz sentido se você compreende como funciona um sensor de imagens típico. Basicamente, é um retângulo de silício sobre o qual são dispostos, formando uma grade, milhões de pixels (pontos) microscópicos, sensíveis à luz.

Os pixels não têm sensibilidade para cores. Assim, é preciso que um ''tabuleiro de damas'' de minúsculos filtros vermelhos, verdes ou azuis seja soldado à superfície do sensor, para que cada pixel deixe passar uma das três cores primárias da luz. Ao fazê-lo, ele bloqueia a passagem das outras duas cores.

Ao comparar a leitura de uma só cor de cada pixel com as de seus vizinhos, o software pode derivar os valores das duas cores que faltam no local. Isso requer cerca de cem cálculos por pixel.

O processo é conhecido como interpolação, mas Mead cunhou um nome menos caridoso para ele. ''É um embuste'', diz.

"Eles [os circuitos da câmera] recorrem à adivinhação para saber o que jogaram fora. Terminam com muitos dados nas mãos, mas dois terços deles são inventados. Nós terminamos com o mesmo volume de dados, só que os nossos são reais.''

Isso acontece porque o X3 faz o que, até agora, apenas o filme era capaz de fazer: medir as três cores primárias da luz em cada ponto da imagem, em uma só exposição, em um só plano de imagem.

Essa tarefa pode parecer simples, mas é considerada por especialistas o maior desafio técnico do registro digital de imagens. ''Os engenheiros vêm tentando resolver esse problema desde os primórdios da fotografia digital'', diz Alexis Gerard, publisher da ''The Future Image Report''.

Phil Askey, cujo site (dpreview.com) constitui leitura obrigatória no setor, diz que o X3 talvez seja o primeiro sensor a realmente superar o filme.

Câmeras

A única câmera que contém um sensor X3 hoje é a Sigma SD9, que custa US$ 1.900, sem contar a lente.
Evidentemente, não será fácil para a Foveon penetrar num mercado fortemente comprometido com a tecnologia já existente.

Mas até o final do ano, mais ou menos, deverá ser possível encontrar câmeras amadoras com o sensor X3 feitas por outras empresas. Elas terão sensores com pouco menos da metade do número de pixels que o chip da Sigma e custarão cerca de US$ 500.

Folha Imagem


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