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05/07/2005 - 09h44

Acusado de ação pró-nazismo na internet é preso em SP

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ALEXANDRE HISAYASU
da Folha de S.Paulo

O vendedor Reginaldo de Lima, 37, foi preso na manhã de ontem, na residência onde vivia com os pais e a irmã, na Vila Carioca, região do Ipiranga, na zona sul de São Paulo, sob acusação de fazer apologia ao nazismo.

Na casa de Lima, a polícia encontrou e apreendeu livros, filmes, medalhas, selos, carteiras de trabalho alemãs, suásticas e CDs sobre nazismo.

"Não esperávamos encontrar tanto material. Ele também vendia e comprava alguns itens pela internet", disse a delegada Margarette Barreto, do departamento de proteção à pessoa do Gradi (Grupo de Repressão e Análise dos Delitos de Intolerância) e responsável pelo caso.

Segundo a polícia, Lima, que é investigado desde 2003, é dono de um site de conteúdo nazista. A página era hospedada na Argentina e, segundo o acusado, estava no ar desde 2001.

A polícia também informou que o endereço na internet só será desativado com autorização judicial --este foi um detalhe que chamou a atenção dos policiais, pois o site só está hospedado em outro país porque nenhum provedor do Brasil quis hospedá-lo.

"Ele [Lima] procurou por lugares onde a divulgação de material nazista não é considerada crime", explicou a delegada.

Lima nega as acusações. Segundo ele, o material contido no site é para ser usado como fonte de pesquisa. "O que está ali é uma visão pura, sem distorção ou juízo de valor sobre o assunto. Nunca imaginei que teria problema com isso", afirmou o comerciante.

Lima foi autuado em flagrante por crime de racismo, sob acusação de fazer apologia ao nazismo.

Segundo a delegada, a prisão está baseada na lei 7.716, que prevê pena de dois a cinco anos de prisão por fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propagandas que utilizem a cruz suástica, ou gamada, para fim de divulgação no nazismo.

Site

O ditador Adolf Hitler é considerado "grande personalidade" no site produzido por Lima, mas não há declarações explícitas de anti-semitismo. "Eu não quis pender para nenhum lado, fiz um trabalho neutro", disse Lima.

O site tem uma seção que expõe condecorações a soldados alemães e um espaço destinado às últimas palavras dos líderes nazistas condenados por crimes de guerra pelo tribunal de Nuremberg, na Alemanha, depois do final da guerra, em 1946.

Na página inicial, uma nota de Lima diz que o site pretende ser apenas uma fonte alternativa de pesquisa e que "repudia qualquer forma de nazismo".

Outro lado

O vendedor Reginaldo de Lima fez questão de falar com os jornalistas para se defender das acusações de apologia ao nazismo. "Nunca tive nenhum contato com grupos nazistas. O site serve apenas para ser usado como fonte de pesquisa", disse ele.

Sobre o material encontrado em sua casa que, segundo a polícia, tem conteúdo nazista, o vendedor afirma que comprou em bancas de jornal que vendem livros usados. "Tudo é comercializado livremente. Não há nada ilegal nisso", disse o vendedor.

Lima contou que montou o site em 2001 porque se considera um "admirador" da história. No entanto, todos os provedores brasileiros procurados por ele se recusaram a hospedar o site.

"O que eu mostro é apenas o conteúdo do material, sem fazer juízo de valor. O que me incomoda é que os provedores que não quiseram hospedar o site exibem tranqüilamente material pornográfico", afirmou.

Durante a entrevista, o vendedor afirmou ser um admirador de Adolf Hitler. "Um pouco antes da 2ª Guerra Mundial, a Alemanha vivia uma crise econômica muito grande. Hitler procurou ajudar o povo criando mais emprego. Essa atitude me causou admiração."

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