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06/12/2006
-
14h35
da Folha Online
As tropas dos Estados Unidos devem começar a retirada do campo de batalha do Iraque e Washington deve lançar uma ação diplomática e política para pôr um fim a uma crise "grave e que se deteriora" diariamente, afirmou nesta quarta-feira uma comissão bipartidária encarregada de analisar as opções americanas no país.
A comissão, denominada Grupo de Estudos sobre o Iraque, entregou ao presidente dos EUA, George W. Bush, um relatório com recomendações sobre a estratégia de guerra hoje. Após se reunir com o grupo, Bush disse que considerará o relatório "muito seriamente".
No entanto, o presidente advertiu que as conclusões da comissão --que já eram esperadas-- não serão obrigatoriamente obedecidas pela Casa Branca, que também elabora suas próprias recomendações.
Situação no Iraque
Segundo o relatório da comissão, o Iraque enfrenta hoje uma "situação grave e que se deteriora" rapidamente. "Não há fórmula mágica para resolver o problema do Iraque".
A recomendação mais importante do relatório é, segundo o grupo, "o pedido de um novo e ampliado esforço político e diplomático no Iraque e na região, e a mudança da missão essencial das forças americanas no país para permitir que os EUA retirem suas tropas com responsabilidade".
Mais de três anos e meio depois da invasão, em Março de 2003, cerca de 140 mil soldados americanos permanecem no Iraque para lutar contra insurgentes e tentar controlar a crescente violência sectária que assola o país.
Esforço regional
O relatório também sugere que os EUA negociem a entrada do Irã e da Síria no esforço para estabilizar o Iraque, apesar de oficiais americanos acusarem os dois países de fomentarem a violência entre xiitas e sunitas. Por enquanto, a Casa Branca rejeita a cooperação com esses países.
"Esse relatório apresenta uma visão muito dura sobre a situação do Iraque", afirmou Bush após a reunião de cerca de uma hora com o grupo bipartidário.
O relatório recomenda também que o governo Bush pressione por uma "grande paz árabe-israelense", e argumenta que os EUA não poderão atingir seus objetivos no Oriente Médio sem abordar este conflito.
Sem cronograma
O Grupo de Estudos sobre o Iraque recomendou também que os EUA acelerem o treinamento das forças iraquianas para que elas possam defender o país. Para o grupo, assim como já vem afirmando vários oficiais do Exército americano, as tropas americanas devem passar do papel de combatentes para um papel de apoio para as forças locais.
Apesar de dizer que, dependendo das condições, já no início de 2008 será possível começar a retirar as tropas, o relatório não apresenta um cronograma fixo para a saída.
O relatório afirma também que os iraquianos precisam assumir um papel maior na ação militar no país, e sugere que os EUA devem retirar seu apoio se o governo local não progredir mais eficazmente em direção a uma reconciliação entre os grupos nacionais, além de melhorar a segurança e governar melhor.
"Os Estados Unidos não devem assumir um comprometimento ilimitado em manter grande número de soldados destacados no Iraque", informa o relatório.
Grupo de Estudos
O Grupo de Estudos para o Iraque é composto por cinco republicanos e cinco democratas. A comissão é liderada pelo republicano James Baker, ex-secretário de Estado e amigo da família Bush, e pelo democrata Lee Hamilton.
As recomendações de hoje representam a maior avaliação das opções americanas no Iraque feita em conjunto pelos dois partidos. Legisladores e eleitores aguardam o relatório da comissão com ansiedade, depois que assistiram as eleições legislativas de novembro ecoarem uma clara insatisfação com a ação de Bush no Iraque.
O relatório foi apresentado logo após o provável novo secretário de Estado dos EUA, Robert Gates, ter afirmado em uma audiência no Senado ontem que é preciso uma nova abordagem no país. Questionado sobre se os EUA estavam vencendo a guerra, Gates declarou: "não, senhor".
Foi uma admissão muito maior do que qualquer outra já feita pelo presidente americano, que disse no dia 25 de outubro acreditar que os americanos estão, sim, vencendo no Iraque.
Conferência regional
O premiê iraquiano, Nouri al Maliki, também anunciou hoje os primeiros passos de uma nova estratégia --a aproximação com os países vizinhos. Al Maliki disse que enviará representantes aos países da região para planejar uma conferência sobre o Iraque, de acordo com uma reportagem publicada hoje no jornal "The New York Times".
Em público, Washington rejeita a idéia de negociar com Irã e Síria porque acusa os dois países de fomentar a violência no Iraque. Sean McCorkmack, porta-voz do Departamento de Estado americano, disse no entanto que os EUA aprovam a proposta de Al Maliki de realizar uma conferência regional.
Apesar da resistência de Bush, a proposta de Al Maliki de estudar o envolvimento dos países vizinhos na estabilização do Iraque não é novidade. Oficiais do governo Bush afirmam que está em estudo uma forma de negociar com o Irã e a Síria sem que a Casa Branca pareça fazer concessões em seu princípio de isolar estes países diplomaticamente.
O anúncio do premiê iraquiano sobre os enviados aos países vizinhos foi a primeira vez que ele indicou a intenção de buscar uma discussão em nível regional. A proposta contraria o presidente do Iraque, Jalal Talabani, e também o poderoso político xiita Abdul Aziz al Hakim. Ambos rejeitam a conferência e afirmam que o Iraque deve encontrar soluções para o conflito por meio de deliberações internas.
Al Maliki disse que a conferência deverá ser realizada no Iraque, e que ele não buscava interferência de estrangeiros, mas sim apoio.
Com agências internacionais
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As tropas dos Estados Unidos devem começar a retirada do campo de batalha do Iraque e Washington deve lançar uma ação diplomática e política para pôr um fim a uma crise "grave e que se deteriora" diariamente, afirmou nesta quarta-feira uma comissão bipartidária encarregada de analisar as opções americanas no país.
A comissão, denominada Grupo de Estudos sobre o Iraque, entregou ao presidente dos EUA, George W. Bush, um relatório com recomendações sobre a estratégia de guerra hoje. Após se reunir com o grupo, Bush disse que considerará o relatório "muito seriamente".
No entanto, o presidente advertiu que as conclusões da comissão --que já eram esperadas-- não serão obrigatoriamente obedecidas pela Casa Branca, que também elabora suas próprias recomendações.
Situação no Iraque
Segundo o relatório da comissão, o Iraque enfrenta hoje uma "situação grave e que se deteriora" rapidamente. "Não há fórmula mágica para resolver o problema do Iraque".
A recomendação mais importante do relatório é, segundo o grupo, "o pedido de um novo e ampliado esforço político e diplomático no Iraque e na região, e a mudança da missão essencial das forças americanas no país para permitir que os EUA retirem suas tropas com responsabilidade".
Mais de três anos e meio depois da invasão, em Março de 2003, cerca de 140 mil soldados americanos permanecem no Iraque para lutar contra insurgentes e tentar controlar a crescente violência sectária que assola o país.
Esforço regional
O relatório também sugere que os EUA negociem a entrada do Irã e da Síria no esforço para estabilizar o Iraque, apesar de oficiais americanos acusarem os dois países de fomentarem a violência entre xiitas e sunitas. Por enquanto, a Casa Branca rejeita a cooperação com esses países.
"Esse relatório apresenta uma visão muito dura sobre a situação do Iraque", afirmou Bush após a reunião de cerca de uma hora com o grupo bipartidário.
O relatório recomenda também que o governo Bush pressione por uma "grande paz árabe-israelense", e argumenta que os EUA não poderão atingir seus objetivos no Oriente Médio sem abordar este conflito.
Sem cronograma
O Grupo de Estudos sobre o Iraque recomendou também que os EUA acelerem o treinamento das forças iraquianas para que elas possam defender o país. Para o grupo, assim como já vem afirmando vários oficiais do Exército americano, as tropas americanas devem passar do papel de combatentes para um papel de apoio para as forças locais.
Apesar de dizer que, dependendo das condições, já no início de 2008 será possível começar a retirar as tropas, o relatório não apresenta um cronograma fixo para a saída.
O relatório afirma também que os iraquianos precisam assumir um papel maior na ação militar no país, e sugere que os EUA devem retirar seu apoio se o governo local não progredir mais eficazmente em direção a uma reconciliação entre os grupos nacionais, além de melhorar a segurança e governar melhor.
"Os Estados Unidos não devem assumir um comprometimento ilimitado em manter grande número de soldados destacados no Iraque", informa o relatório.
Grupo de Estudos
O Grupo de Estudos para o Iraque é composto por cinco republicanos e cinco democratas. A comissão é liderada pelo republicano James Baker, ex-secretário de Estado e amigo da família Bush, e pelo democrata Lee Hamilton.
As recomendações de hoje representam a maior avaliação das opções americanas no Iraque feita em conjunto pelos dois partidos. Legisladores e eleitores aguardam o relatório da comissão com ansiedade, depois que assistiram as eleições legislativas de novembro ecoarem uma clara insatisfação com a ação de Bush no Iraque.
O relatório foi apresentado logo após o provável novo secretário de Estado dos EUA, Robert Gates, ter afirmado em uma audiência no Senado ontem que é preciso uma nova abordagem no país. Questionado sobre se os EUA estavam vencendo a guerra, Gates declarou: "não, senhor".
Foi uma admissão muito maior do que qualquer outra já feita pelo presidente americano, que disse no dia 25 de outubro acreditar que os americanos estão, sim, vencendo no Iraque.
Conferência regional
O premiê iraquiano, Nouri al Maliki, também anunciou hoje os primeiros passos de uma nova estratégia --a aproximação com os países vizinhos. Al Maliki disse que enviará representantes aos países da região para planejar uma conferência sobre o Iraque, de acordo com uma reportagem publicada hoje no jornal "The New York Times".
Em público, Washington rejeita a idéia de negociar com Irã e Síria porque acusa os dois países de fomentar a violência no Iraque. Sean McCorkmack, porta-voz do Departamento de Estado americano, disse no entanto que os EUA aprovam a proposta de Al Maliki de realizar uma conferência regional.
Apesar da resistência de Bush, a proposta de Al Maliki de estudar o envolvimento dos países vizinhos na estabilização do Iraque não é novidade. Oficiais do governo Bush afirmam que está em estudo uma forma de negociar com o Irã e a Síria sem que a Casa Branca pareça fazer concessões em seu princípio de isolar estes países diplomaticamente.
O anúncio do premiê iraquiano sobre os enviados aos países vizinhos foi a primeira vez que ele indicou a intenção de buscar uma discussão em nível regional. A proposta contraria o presidente do Iraque, Jalal Talabani, e também o poderoso político xiita Abdul Aziz al Hakim. Ambos rejeitam a conferência e afirmam que o Iraque deve encontrar soluções para o conflito por meio de deliberações internas.
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