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08/12/2006
-
08h04
da Folha Online
Apenas um dia após o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, receber oficialmente uma recomendação para dissolver o governo palestino liderado pelo Hamas, o premiê palestino, Ismail Haniyeh, anunciou nesta sexta-feira que jamais reconhecerá Israel.
A recusa é um dos motivos para o bloqueio financeiro internacional imposto por países ocidentais, que gera grave crise no governo palestino. A afirmação poderá aumentar o risco de dissolução do governo.
Haniyeh disse ainda que continuará a lutar pela libertação de Jerusalém. "A arrogância mundial [referindo-se aos Estados Unidos] e os sionistas querem que nós reconheçamos a usurpação das terras palestinas, que paremos com a resistência e aceitemos acordos feitos com inimigos no passado", afirmou o premiê a milhares de fiéis que oravam nesta sexta-feira em uma universidade em Teerã.
Ontem, uma comissão da Organização pela Libertação da Palestina (OLP) entregou a Abbas uma recomendação para a dissolução do governo do Hamas, uma forma de tentar acabar com o impasse que paralisa a administração palestina. Abbas, do partido moderado Fatah, busca uma solução para permitir o fim do bloqueio financeiro imposto pelos EUA, União Européia (UE)e outros parceiros internacionais.
O boicote ao Hamas é resultado de uma pressão sobre o partido para que reconheça o Estado de Israel, renuncie à violência e forme um governo de unidade nacional com o Fatah.
Recusa
No Irã, Haniyeh reafirmou sua recusa em obedecer às condições internacionais. "Estou insistindo neste pódio que essas questões não irão se materializar. Nós nunca reconheceremos o governo usurpador sionista e vamos continuar nosso movimento até a liberação de Jerusalém", disse o premiê.
Ele chegou à capital iraniana nesta quinta-feira (7) para uma visita de quatro dias, durante os quais se reunirá com líderes iranianos como o presidente, Mahmoud Ahmadinejad, e o líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei.
Ahmadinejad e o Hamas têm em comum a resistência contra Israel. No passado, o presidente iraniano fez uma afirmação polêmica na qual defendeu que Israel seja "varrido do mapa".
Esta é a primeira visita do premiê palestino ao exterior após o Hamas assumir o poder em março deste ano, depois de vencer as eleições democráticas palestinas em janeiro.
Haniyeh afirmou ainda que os palestinos contam com o apoio do Irã em seu movimento. "Eles [israelenses] pensam que a nação palestina está sozinha. Isto é uma ilusão... temos uma ligação estratégica com a República Islâmica do Irã. Este país é nosso poderoso, dinâmico e estável parceiro", disse.
O Irã já forneceu ao governo do Hamas mais de US$ 120 milhões em 2006, aumentando o financiamento ao grupo e também sua influência entre os palestinos.
Dissolução na pauta
Enquanto o premiê palestino continua sua viagem internacional pelo Oriente Médio, seu governo corre o risco de ser destituído pelo presidente da ANP.
A recomendação para a dissolução do governo do Hamas veio de uma comissão da OLP, entidade que reúne a maioria dos grupos palestinos, tanto nos territórios como no exílio. O partido do presidente da ANP, o Fatah, tem controle absoluto da instituição. O Hamas e o Jihad Islâmico não integram a entidade.
Abbas buscou as recomendações da comissão depois de afirmar, na última semana, que seus esforços para formar uma coalizão moderada de governo com o Hamas (que, assim como o Fatah, possui braços político e armado) chegaram a um impasse.
A crise financeira palestina, causada não só pelo boicote de ajuda de governos ocidentais mas também, principalmente, pela interrupção do repasse de valores arrecadados em impostos por parte de Israel, leva à míngua a infra-estrutura dos territórios palestinos [já bastante deteriorada] e desencadeia confrontos devido ao atraso de salários de milhares de funcionários.
Com agências internacionais
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Governo palestino jamais reconhecerá Israel, afirma premiê
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Apenas um dia após o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, receber oficialmente uma recomendação para dissolver o governo palestino liderado pelo Hamas, o premiê palestino, Ismail Haniyeh, anunciou nesta sexta-feira que jamais reconhecerá Israel.
A recusa é um dos motivos para o bloqueio financeiro internacional imposto por países ocidentais, que gera grave crise no governo palestino. A afirmação poderá aumentar o risco de dissolução do governo.
Haniyeh disse ainda que continuará a lutar pela libertação de Jerusalém. "A arrogância mundial [referindo-se aos Estados Unidos] e os sionistas querem que nós reconheçamos a usurpação das terras palestinas, que paremos com a resistência e aceitemos acordos feitos com inimigos no passado", afirmou o premiê a milhares de fiéis que oravam nesta sexta-feira em uma universidade em Teerã.
Ontem, uma comissão da Organização pela Libertação da Palestina (OLP) entregou a Abbas uma recomendação para a dissolução do governo do Hamas, uma forma de tentar acabar com o impasse que paralisa a administração palestina. Abbas, do partido moderado Fatah, busca uma solução para permitir o fim do bloqueio financeiro imposto pelos EUA, União Européia (UE)e outros parceiros internacionais.
O boicote ao Hamas é resultado de uma pressão sobre o partido para que reconheça o Estado de Israel, renuncie à violência e forme um governo de unidade nacional com o Fatah.
Recusa
No Irã, Haniyeh reafirmou sua recusa em obedecer às condições internacionais. "Estou insistindo neste pódio que essas questões não irão se materializar. Nós nunca reconheceremos o governo usurpador sionista e vamos continuar nosso movimento até a liberação de Jerusalém", disse o premiê.
Ele chegou à capital iraniana nesta quinta-feira (7) para uma visita de quatro dias, durante os quais se reunirá com líderes iranianos como o presidente, Mahmoud Ahmadinejad, e o líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei.
Ahmadinejad e o Hamas têm em comum a resistência contra Israel. No passado, o presidente iraniano fez uma afirmação polêmica na qual defendeu que Israel seja "varrido do mapa".
Esta é a primeira visita do premiê palestino ao exterior após o Hamas assumir o poder em março deste ano, depois de vencer as eleições democráticas palestinas em janeiro.
Haniyeh afirmou ainda que os palestinos contam com o apoio do Irã em seu movimento. "Eles [israelenses] pensam que a nação palestina está sozinha. Isto é uma ilusão... temos uma ligação estratégica com a República Islâmica do Irã. Este país é nosso poderoso, dinâmico e estável parceiro", disse.
O Irã já forneceu ao governo do Hamas mais de US$ 120 milhões em 2006, aumentando o financiamento ao grupo e também sua influência entre os palestinos.
Dissolução na pauta
Enquanto o premiê palestino continua sua viagem internacional pelo Oriente Médio, seu governo corre o risco de ser destituído pelo presidente da ANP.
A recomendação para a dissolução do governo do Hamas veio de uma comissão da OLP, entidade que reúne a maioria dos grupos palestinos, tanto nos territórios como no exílio. O partido do presidente da ANP, o Fatah, tem controle absoluto da instituição. O Hamas e o Jihad Islâmico não integram a entidade.
Abbas buscou as recomendações da comissão depois de afirmar, na última semana, que seus esforços para formar uma coalizão moderada de governo com o Hamas (que, assim como o Fatah, possui braços político e armado) chegaram a um impasse.
A crise financeira palestina, causada não só pelo boicote de ajuda de governos ocidentais mas também, principalmente, pela interrupção do repasse de valores arrecadados em impostos por parte de Israel, leva à míngua a infra-estrutura dos territórios palestinos [já bastante deteriorada] e desencadeia confrontos devido ao atraso de salários de milhares de funcionários.
Com agências internacionais
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