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27/12/2006 - 22h18

Islamistas somalis dizem garantir a segurança de Mogadício

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da Folha Online

Os islamistas somalis asseguraram nesta quarta-feira a segurança de Mogadício, a capital do país, apesar da deserção de seus combatentes e a proximidade das tropas governamentais respaldadas por forças etíopes.

"A segurança que desfrutamos é muito importante e não podemos deixar que elementos violentos desestabilizem nossa cidade", afirmou, em entrevista coletiva realizada na capital, o presidente do comitê executivo islamista, o xeque Sharif Sheikh Ahmed.

"Apelamos a que o povo de Mogadício esteja junto aos tribunais islâmicos para manter a segurança", acrescentou.

As declarações de Sharif Sheikh Ahmed se produziram horas depois de as tropas etíopes que apóiam o governo de transição expulsarem os islamistas de Jowhar, uma cidade chave a 90 quilômetros da capital somali, enquanto se sucedem pedidos para que cessem os combates, inclusive da parte do Conselho de Segurança da ONU.

O deputado islamista Sheikh Abdurahman Janaqow indicou que não permitirão que volte a insegurança que reinava em Mogadício até a expulsão dos senhores da guerra respaldados pelos Estados Unidos.

"Dizemos ao povo da capital que manter a integridade é o objetivo principal", acrescentou.

Por outro lado, o presidente da Eritréia, Isaias Afeworki, culpo a Etiópia, tradicional rival de seu país, por desencadear o conflito na Somália.

Afeworki assinalou que "a atual situação na Somália é o resultado da intervenção de forças estrangeiras, concretamente da Etiópia" segundo um comunicado difundido na página Ministério da Informação da Eritréia na internet.

Cessar-fogo

O Conselho de Segurança da ONU tentava nesta quarta-feira chegar a uma declaração exigindo um cessar-fogo imediato na Somália e a retirada de tropas estrangeiras, em especial etíopes.

A reunião do conselho ocorreu após um pedido em Addis Abeba do presidente da União Africana (UA), Alpha Oumar Konaré, para que se decida "sem demora" sobre uma retirada das tropas etíopes envolvidas nos combates na Somália.

O projeto de resolução submetido a discussão não é vinculante e foi apresentado pelo Qatar, que preside o Conselho de Segurança em dezembro. Ele pede que a "Etiópia retire imediatamente suas forças e ponha fim às operações militares na Somália".

O texto solicita também a retirada de "todas as forças estrangeiras" da Somália, "o fim imediato das hostilidades" e a retomada "sem demora" das negociações de paz.

Os combates entre as forças leais apoiadas pelo Exército etíope e os combatentes islâmicos começaram em 20 de dezembro e continuavam nesta quarta-feira.

Ao fim de mais de três horas de discussões a portas fechadas, os membros do Conselho de Segurança da ONU deixaram nesta terça-feira a reunião sem um acordo sobre o projeto de declaração. Os Estados Unidos e o Reino Unido consideram prematuro exigir uma retirada das forças estrangeiras da Somália na ausência de um cessar-fogo.

A França, por sua vez, disse ser favorável a uma retirada das forças estrangeiras da Somália. "Nossa posição é que todas as forças estrangeiras devem se retirar", disse o embaixador francês Jean-Marie de La Sablière.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) estima que 50.000 refugiados somalis poderão chegar à fronteira com a Etiópia e com o Quênia por causa dos combates.

Pedido

Líderes internacionais reunidos nesta quarta-feira para analisar o confronto na Somália pediram a imediata retirada das tropas etíopes do país vizinho, segundo informações divulgadas ao final da reunião.

O encontro teve a participação de representantes da União Africana, da Liga Árabe e da Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (Igad), integrada por países da África oriental.

No final da reunião, Alpha Konaré, presidente da Comissão da União Africana, divulgou um comunicado em que convoca a "rápida retirada das tropas da Etiópia" da Somália.

A reunião foi realizada em Adis Abeba, capital da Etiópia e sede da União Africana, três dias depois de as tropas etíopes lançarem uma ofensiva terrestre e aérea contra os milicianos das Cortes Islâmicas da Somália.

Segundo cálculos da Etiópia, mil combatentes islâmicos morreram na ofensiva. O número foi divulgado ontem pelo primeiro-ministro etíope, Meles Zenawi, que, no entanto, não forneceu dados sobre baixas de suas tropas.

Ainda segundo a Etiópia, soldados regulares da Eritréia lutam junto com os combatentes islâmicos somalis, além de milicianos paquistaneses e sudaneses, entre outras nacionalidades. A Eritréia é um antigo inimigo etíope.

Os participantes da reunião de hoje exigiram que a resolução 1725 do Conselho de Segurança da ONU --aprovada em 6 de dezembro e que pede um cessar-fogo imediato a todas as partes envolvidas no conflito somali-- seja colocada em vigor.

A conferência fez um pedido à comunidade internacional, especialmente aos países africanos e árabes, para "que dêem aos somalis o apoio que precisam".

As três instituições disseram que enviarão uma missão conjunta à Somália para que se reúna com as autoridades do governo de transição, em Baidoa, e com os líderes islâmicos, em Mogadício.

Não houve reações imediatas por parte do Governo de Adis-Abeba. Ontem, Zenawi anunciou que suas tropas estão em vias de completar sua missão, e disse que sairiam dali quando conseguissem.

O embaixador somali na Etiópia e na União Africana, Abdul Karim Farah, não participou da reunião, embora tenha comparecido à sede da organização continental.

"A Etiópia não invadiu a Somália", afirmou o representante do governo somali, que é apoiado pela Etiópia. "Veio a convite nosso e irá embora quando for convidado a isso", afirmou o diplomata, acrescentando que, embora aceite os pontos de vista apresentados hoje na reunião internacional, seu governo tentará fazer com que seu parecer chegue às três instituições reunidas hoje nesta capital.

Farah aproveitou para informar que as tropas oficiais e os soldados etíopes estão na população de Balad, a 30 quilômetros de Mogadício. Sem se referir a datas quanto ao ataque a esta capital, disse que "será tomada pacificamente".

Com agências internacionais

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