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04/01/2007 - 23h02

Democratas assumem Congresso dos EUA e já impulsionam agenda

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da Folha Online

O Partido Democrata assumiu nesta quinta-feira o poder do Congresso americano, liderando o Senado e a Câmara dos Representantes [deputados] pela primeira vez em 12 anos. A volta dos democratas é marcada por um fato inédito: Nancy Pelosi, 66, torna-se a partir de hoje a primeira mulher a presidir a Câmara americana.

Joshua Roberts /Reuters
A democrata Nancy Pelosi é a 1ª mulher a presidir a Câmara dos EUA
A democrata Nancy Pelosi é a 1ª mulher a presidir a Câmara dos EUA
O novo corpo inaugura a 110º legislatura do Congresso em meio a promessas de aprovar seis novas leis já nas primeiras cem horas de trabalho. Na Câmara, a abertura dos trabalhos marca também um dia histórico para os Estados Unidos, no qual Pelosi assumiu seu posto como a primeira mulher a liderar a Casa.

Pelosi deixou claro já em seu primeiro dia de liderança que pretende usar o novo posto para mudar a direção da política americana.

"Os democratas estão de volta", comemorou, afirmando que vê "uma nova direção, para todas as pessoas, não apenas uns poucos privilegiados" nos EUA, de forma a "fortalecer a classe média".

Cerimônias

Seguindo a tradição, os momentos de abertura dos trabalhos do 110º Congresso foram tomados por promessas de cooperação entre republicanos e democratas.

Ainda assim, Pelosi e o novo líder da maioria no Senado, o democrata Harry Reid, apontaram para uma nova ordem política nos EUA ao desafiarem nada sutilmente o presidente americano, o republicano George W. Bush, em relação à Guerra do Iraque.

"Nenhuma questão é mais importante em nosso país do que encontrar uma saída para acabar com essa guerra", disse Reid. "Completar a missão no Iraque é o dever do presidente, e faremos todo o possível para garantir que ele o cumpra."

De acordo com outra tradição nas Casas, os legisladores levaram seus filhos para as cerimônias de abertura dos trabalhos. Pelosi assumiu a liderança da Câmara acompanhada por seus netos.

Entre os republicanos, o senador Mitch McConnel assumiu seu novo posto como líder da minoria. Em defesa da cooperação, ele afirmou que é chegada a hora de acabar com "a cultura do partido acima dos princípios", e disse que acordos serão claramente possíveis em assuntos como a elevação do salário mínimo e a regulação do lobby.

Reid, que também se declarou aberto à cooperação, organizou um raro encontro a portas fechadas entre os senadores de ambos os partidos antes da reunião oficial do Senado.

Trabalho duro

Nos dois meses desde a vitória democrata nas urnas, tanto Reid quanto Pelosi prometeram jornadas mais longas no Congresso, uma instituição na qual os cinco dias estipulados de trabalho por semana são raramente cumpridos.

"Se a quinta-feira foi reservada para as cerimônias e as celebrações no Senado, na Câmara os trabalhos já foram iniciados para impulsionar a agenda defendida pelos democratas desde o último outono.

Os democratas afirmaram que possuem votos suficientes para aprovar as novas regras desenhadas para acabar com o que chamaram de "cultura de corrupção" na Casa.

Ontem, outro democrata, Steny Hoyer, novo líder da maioria na Câmara, já havia anunciado que as primeiras cem horas de trabalho do Congresso seriam usadas para aprovar seis leis preparadas e uma série de regras para endurecer a ética no Congresso.

Primeiros passos

O primeiro passo a ser tomado consiste em uma série de medidas elaboradas como resposta aos escândalos que enfraqueceram os republicanos frente à opinião pública nas últimas eleições.

Além de expandir restrições para viagens financiadas por empresas privadas para legisladores, os democratas da Câmara pretendem proibir viagens em aviões corporativos.

Além das novas regras, as seis primeiras leis a serem votadas estão relacionadas com o salário mínimo, pesquisas com células-tronco, energia, empréstimos estudantis e recomendações à comissão que investiga os ataques terroristas aos EUA em 2001.

Resposta republicana

Bush reagiu contra a pressão política já nesta quarta-feira. Para equilibrar a atenção aos democratas, o presidente anunciou que apresentará em breve uma proposta de orçamento para os próximos cinco anos que pretende equilibrar as contas do país. Bush pediu ainda ao novo Congresso que não aprove leis que sejam "simples declarações políticas".

"Não há nada 'político' em encontrar uma forma de acabar com a Guerra do Iraque, aumentar o salário mínimo, alcançar a independência energética ou ajudar jovens a pagar pela universidade", respondeu a Bush Harry Reid. "Na verdade", acrescentou, "foi a política que impediu por muitos anos o progresso nestas áreas".

Os congressistas republicanos, por sua vez, se puseram ao lado de Bush para apoiar a tentativa de equilibrar o orçamento americano até 2012, ao mesmo tempo em que tentam proteger os cortes de impostos aprovados durante sua liderança no Congresso.

Disputa partidária

Apesar de, no Senado, Reid ter afirmado que "os democratas estão comprometidos com o trabalho conjunto com republicanos para que resultados sejam alcançados", o tom da disputa já foi lançado antes da abertura dos trabalhos do novo Congresso.

Joshua Roberts /Reuters
Democratas assumem controle da Câmara e do Senado dos EUA pela primeira vez desde 1994
Democratas assumem controle da Câmara e do Senado dos EUA pela primeira vez desde 1994
Os democratas disseram que não permitirão que republicanos alterem ou façam emendas em nenhuma das seis leis a serem votadas durante as primeiras cem horas de trabalho.

Os democratas já partiram também para a pressão para que o governo americano traga de volta o contingente de soldados dos EUA atualmente lutando na Guerra do Iraque.

Hoje, Pelosi disse que é preciso "deixar claro aos iraquianos sua responsabilidade em trazer estabilidade ao país, enquanto procuramos uma forma responsável de realocar as nossas tropas" que estão hoje no país árabe.

Nos últimos dias, o número de americanos mortos na guerra chegou a 3.000, despertando protestos em todo o país.

Os democratas conquistaram por uma pequena maioria o controle do Senado e da Câmara dos Representantes dos EUA nas últimas eleições legislativas em 7 de novembro de 2006. A situação na Guerra do Iraque foi apontada como uma das principais razões para a perda de apoio dos republicanos junto à opinião pública.

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