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18/01/2007 - 21h32

Bush defende plano em meio a ataques nos EUA e no Iraque

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da Folha Online

Criticado nos Estados Unidos e no Iraque por sua intenção de enviar mais de 20 mil novos soldados para o combate no país árabe, o presidente George W. Bush defendeu sua nova estratégia nesta quinta-feira, ao mesmo tempo em que foi atacado pelo premiê iraquiano Nouri al Maliki por seu apoio "ambivalente" ao governo xiita.

Bush disse manter a fé em seu plano de aumentar o contingente de soldados americanos no Iraque enquanto trabalhava em um discurso esperado para a próxima quinta-feira (25) que deverá incluir a defesa da estratégia.

"Acredito que vai funcionar", disse Bush a Belo Television (grupo americano de estações de TV locais). Seu discurso será feito antes de uma sessão conjunta do Congresso americano --controlado pelos democratas pela primeira vez em 12 anos-- e presidente vai precisar se esforçar para escapar das críticas.

Os democratas, com o apoio de alguns republicanos, anunciaram ontem que preparam uma resolução de protesto contra o envio dos soldados adicionais ao Iraque. Enquanto admitiu que há ceticismo quanto à proposta, Bush não demonstra o menor sinal de desistir do plano de injetar mais americanos na guerra sectária que divide o Iraque.

O porta-voz da Casa Branca, Tony Snow, disse hoje que Bush usará parte de seu novo discurso para falar da guerra contra o terrorismo --que, segundo o governo, inclui a ação no Iraque.

Críticas do Iraque

Além dos legisladores americanos, as críticas à ação de Bush provém também do governo do premiê iraquiano Nouri al Maliki --um xiita que, em tese, tem o apoio da Casa Branca.

Namir Noor-Eldeen/Reuters
Membro da força especial de segurança do Iraque faz checagem de veículos em Bagdá
Membro da força especial de segurança do Iraque faz checagem de veículos em Bagdá
Em uma reportagem publicada nesta quinta-feira no jornal britânico "The Guardian", Al Maliki afirmou que não recebe apoio da Casa Branca e criticou a aparente ambivalência dos EUA com relação à sua administração.

"Gostaria de receber fortes mensagens de apoio dos EUA, para que os terroristas não fiquem animados e sintam que alcançaram algum sucesso", disse o premiê.

A resposta de Al Maliki chegou após a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, afirmar que o governo iraquiano ainda sobrevive em um "tempo emprestado".

"Creio que estas afirmações dão estímulo para terroristas e os fazem empreender um esforço extra, já que acreditam que estão derrotando a administração americana --mas posso dizer a vocês que eles não derrotaram o governo iraquiano", disse o premiê.

Para Al Maliki, se as forças de segurança do Iraque recebessem treinamento e equipamento suficientes, elas poderiam estabilizar o país de modo a permitir que a retirada gradual das forças estrangeiras fosse iniciada em seis meses.

"Acho que em três ou seis meses nossa necessidade de apoio por parte dos americanos vai cair dramaticamente", afirmou o premiê. "Isso contando que haja esforço real para apoiar nossas forças militares".

Armas inadequadas

Al Maliki disse na entrevista publicada pelo jornal britânico que a "recusa" dos EUA em prover as forças de segurança de Bagdá com equipamentos adequados está atrasando a retirada dos americanos do Iraque.

O premiê também negou acusações por parte dos EUA de que seu governo, dominado pelos xiitas, falhou em pôr um fim à violência sectária que assola o país. Segundo ele, muitas vidas americanas e iraquianas teriam sido poupadas se as forças iraquianas possuíssem equipamentos melhores.

As reclamações do governo iraquiano sobre a falta de equipamentos adequados para o combate não é nova. Ainda assim, oficiais dos EUA --que questionam a imparcialidade do governo de Maliki-- se dizem preocupados com este fornecimento, já que, segundo eles, o armamento poderá cair nas mãos de milícias xiitas.

Violência

Ao menos 19 pessoas morreram e outras 51 ficaram feridas em uma série de ataques com carros-bomba em Bagdá nesta quinta-feira. A ação ocorreu um dia antes de o governo iraquiano dar início ao novo plano de segurança para o país, na tentativa de frear a violência.

Nos últimos dias, a capital iraquiana tem sido palco de várias ações com carros-bomba.

Ontem, a explosão de um veículo carregado de explosivos em outro mercado --localizado em uma periferia predominantemente xiita de Bagdá-- causou a morte de 15 pessoas e deixou 33 feridos. Um dia antes, uma série de explosões matou 70 pessoas na capital iraquiana e feriu 130, na mais mortífera ação desde 23 de novembro do ano passado, quando carros-bomba e ataques com morteiros supostamente levados a cabo por membros da rede terrorista Al Qaeda no Iraque mataram 215 pessoas.

Nesta quinta-feira, três bombas explodiram sucessivamente, matando dez pessoas e ferindo outras 30 em uma feira livre no distrito de Dora, na região sul de Bagdá, segundo a polícia.

"Não há mais escrúpulo, as pessoas estão aqui apenas para trabalhar", afirmou Mohammed Ali Kazim, vendedor de vegetais na feira, após o ataque. "Há sunitas, xiitas e cristãos que vivem aqui, e apenas querem continuar vivos", disse.

Anteriormente, um carro-bomba explodiu na rua Saadoun, pólo comercial no centro da cidade, matando quatro pessoas e ferindo outras dez.

Outro carro-bomba explodiu no distrito de New Baghdad, no leste da capital, e deixou mais dois mortos e quatro feridos, de acordo com a polícia.

Um quinto carro-bomba foi detonado no leste de Bagdá, deixando três mortos e ferindo sete pessoas.

Segundo informações da TV estatal Al Iraquiya, ao menos cem insurgentes foram mortos na madrugada desta quinta-feira durante combates com membros da segurança iraquiana em regiões de maioria sunita no noroeste de Bagdá.

Dezenas de insurgentes também teriam sido detidos na capital iraquiana, além da captura de munição. Há três dias, tropas iraquianas prenderam cerca de 50 supostos insurgentes e confiscaram 1.969 foguetes Katyusha, de fabricação russa, nas cercanias de Balad Ruz.

Na terça-feira,o chefe da Missão de Assistência para o Iraque da ONU (Organização das Nações Unidas), Gianni Magazzeni afirmou que 34.500 mil civis morreram no país em 2006. O número fica bem acima dos cerca de 12 mil divulgados anteriormente pelo governo iraquiano.

Com agências internacionais

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