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17/01/2007
-
20h10
da Folha Online
Congressistas democratas, aliados a pelo menos um republicano, anunciaram nesta quarta-feira que apresentarão uma resolução contra o plano do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, de enviar 21.500 soldados adicionais para o Iraque. Bush anunciou o plano há uma semana, como parte dos esforços para mudar o rumo da ação militar americana no país árabe.
A resolução, apesar de não ter poder efetivo de impedir a implementação do plano de Bush, deverá detonar o primeiro grande impasse entre novo Congresso dos EUA, dominado pelos democratas pela primeira vez em 12 anos, e a Casa Branca.
"Farei tudo o que puder para impedir a estratégia do presidente", disse o senador Chuck Hagel, que assim com o Bush, é membro do Partido Republicano. Hagel, um potencial candidato nas eleições presidenciais americanas de 2008, se uniu aos democratas na oposição à guerra. "Considero [o plano] perigosamente irresponsável", afirmou.
Casa Branca
Já preparada para a agressiva oposição do Congresso, a Casa Branca deixou claro a republicanos nos últimos dias que o governo não desistirá de implementar a nova estratégia no Iraque.
O porta-voz da Casa Branca, Tony Snow, afirmou que resoluções aprovadas no Congresso não afetarão a decisão de Bush. "O presidente tem obrigações como comandante-em-chefe. E ele vai cumpri-las", disse Snow.
O líder da Comissão de Serviços Armados do Senado, o senador democrata Carl Levin, que é também um dos principais autores da resolução, afirmou que não apóia o aumento das tropas nem o aprofundamento do compromisso militar no Iraque. Levin disse que o que os EUA deveriam fazer no país árabe é deixar o combate e passar para um papel de treinamento, contraterrorismo e proteção da integridade territorial do Iraque.
A resolução não sugere uma retirada das tropas nem ameaça o financiamento de operações militares como muitos democratas sugeriram durante a campanha eleitoral de 2006.
A proposta da resolução é a transferência da responsabilidade sobre a segurança do país para os iraquianos "em um prazo apropriado" que não foi especificado.
Republicanos
A resolução deverá assumir forte caráter simbólico, além de ajudar os democratas a medir o apoio de congressistas republicanos para táticas legislativas mais agressivas, como um corte na verba para a guerra.
O posicionamento dos republicanos não será fácil. Eles serão obrigados a escolher se preferem manifestar lealdade a um presidente republicano cada vez mais impopular ou agradar aos eleitores, cuja oposição à guerra é crescente.
Os republicanos também estão criando propostas alternativas que incluem uma lei introduzida na Câmara pelo líder da minoria, John Boehner, que pretende proteger a verba para tropas americanas em combate.
Já o senador John Warner estuda uma resolução para apoiar as sugestões oferecidas à Casa Branca pelo Grupo de Estudos para o Iraque, uma comissão bipartidária que recomendou, entre outros pontos, a mudança do foco militar para o treinamento dos iraquianos e a integração da Síria e do Irã no esforço de estabilização do país árabe.
O Comitê de Relações Exteriores do Senado deverá revisar a resolução democrata no dia 24 de janeiro.
Violência
Alheia às resoluções, a violência segue implacável no Iraque. Hoje, a explosão de um carro-bomba em um mercado de Sadr City, periferia predominantemente xiita de Bagdá, causou a morte de ao menos 15 pessoas e deixou outras 33 feridas.
O ataque ocorreu um dia pós uma série de explosões matar 70 pessoas na capital iraquiana, sinalizando um recrudescimento da campanha de violência sectária entre sunitas e xiitas.
Ontem, dois carros-bomba atingiram a Universidade Al Mustansiriya, em Bagdá, deixando até o momento 70 mortos e 130 feridos.
Este foi mais mortífero atentado desde 23 de novembro do ano passado, quando uma séria de carros-bomba e ataques com morteiros supostamente levados a cabo por membros da rede terrorista Al Qaeda no Iraque mataram 215 pessoas.
Também nesta quarta-feira, o comando dos Estados Unidos anunciou a morte de dois soldados americanos na Província de Al Anbar, oeste do Iraque.
A última explosão registrada hoje ocorreu por volta das da 15h55 (10h55 de Brasília), nas proximidades do mercado Mereidi, um dos mais populares centros comerciais da região de Sadr City. A força da explosão quebrou vidraças de lojas e restaurantes próximos ao mercado.
Em outra ação de violência, um suicida explodiu o carro em que viajava em um posto de checagem da polícia iraquiana em Kirkuk (norte do Iraque), após guardas abriram fogo contra ele ao perceberem que o veículo não pararia na estação. A explosão do carro causou a morte de oito pessoas e feriu dezenas.
Mortes de civis
Ontem, o chefe da Missão de Assistência para o Iraque da ONU (Organização das Nações Unidas), Gianni Magazzeni, anunciou as mortes de 34.500 mil civis no Iraque em 2006.
O número fica bem acima dos cerca de 12 mil divulgados anteriormente pelo governo iraquiano.
Segundo Magazzeni, 34.452 civis morreram e 36.685 ficaram feridos no país em 2006, segundo dados do Ministério iraquiano da Saúde e do IML (Instituto Médico Legal) de Bagdá. "Sem avanço significativo na imposição da lei, a violência sectária continuará indefinidamente", disse.
De acordo com o chefe da missão da ONU, 6.376 civis morreram de forma violenta entre novembro e dezembro no Iraque -- 4.731 em Bagdá, em sua maior parte em ataques a tiros.
Com agências internacionais
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Democratas anunciam resolução contra plano de Bush para Iraque
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Congressistas democratas, aliados a pelo menos um republicano, anunciaram nesta quarta-feira que apresentarão uma resolução contra o plano do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, de enviar 21.500 soldados adicionais para o Iraque. Bush anunciou o plano há uma semana, como parte dos esforços para mudar o rumo da ação militar americana no país árabe.
A resolução, apesar de não ter poder efetivo de impedir a implementação do plano de Bush, deverá detonar o primeiro grande impasse entre novo Congresso dos EUA, dominado pelos democratas pela primeira vez em 12 anos, e a Casa Branca.
"Farei tudo o que puder para impedir a estratégia do presidente", disse o senador Chuck Hagel, que assim com o Bush, é membro do Partido Republicano. Hagel, um potencial candidato nas eleições presidenciais americanas de 2008, se uniu aos democratas na oposição à guerra. "Considero [o plano] perigosamente irresponsável", afirmou.
Casa Branca
Já preparada para a agressiva oposição do Congresso, a Casa Branca deixou claro a republicanos nos últimos dias que o governo não desistirá de implementar a nova estratégia no Iraque.
O porta-voz da Casa Branca, Tony Snow, afirmou que resoluções aprovadas no Congresso não afetarão a decisão de Bush. "O presidente tem obrigações como comandante-em-chefe. E ele vai cumpri-las", disse Snow.
O líder da Comissão de Serviços Armados do Senado, o senador democrata Carl Levin, que é também um dos principais autores da resolução, afirmou que não apóia o aumento das tropas nem o aprofundamento do compromisso militar no Iraque. Levin disse que o que os EUA deveriam fazer no país árabe é deixar o combate e passar para um papel de treinamento, contraterrorismo e proteção da integridade territorial do Iraque.
A resolução não sugere uma retirada das tropas nem ameaça o financiamento de operações militares como muitos democratas sugeriram durante a campanha eleitoral de 2006.
A proposta da resolução é a transferência da responsabilidade sobre a segurança do país para os iraquianos "em um prazo apropriado" que não foi especificado.
Republicanos
A resolução deverá assumir forte caráter simbólico, além de ajudar os democratas a medir o apoio de congressistas republicanos para táticas legislativas mais agressivas, como um corte na verba para a guerra.
O posicionamento dos republicanos não será fácil. Eles serão obrigados a escolher se preferem manifestar lealdade a um presidente republicano cada vez mais impopular ou agradar aos eleitores, cuja oposição à guerra é crescente.
Os republicanos também estão criando propostas alternativas que incluem uma lei introduzida na Câmara pelo líder da minoria, John Boehner, que pretende proteger a verba para tropas americanas em combate.
Já o senador John Warner estuda uma resolução para apoiar as sugestões oferecidas à Casa Branca pelo Grupo de Estudos para o Iraque, uma comissão bipartidária que recomendou, entre outros pontos, a mudança do foco militar para o treinamento dos iraquianos e a integração da Síria e do Irã no esforço de estabilização do país árabe.
O Comitê de Relações Exteriores do Senado deverá revisar a resolução democrata no dia 24 de janeiro.
Violência
Alheia às resoluções, a violência segue implacável no Iraque. Hoje, a explosão de um carro-bomba em um mercado de Sadr City, periferia predominantemente xiita de Bagdá, causou a morte de ao menos 15 pessoas e deixou outras 33 feridas.
AP |
Soldados chegam ao local de explosão em Kirkuk; 15 pessoas morreram em ataques |
Ontem, dois carros-bomba atingiram a Universidade Al Mustansiriya, em Bagdá, deixando até o momento 70 mortos e 130 feridos.
Este foi mais mortífero atentado desde 23 de novembro do ano passado, quando uma séria de carros-bomba e ataques com morteiros supostamente levados a cabo por membros da rede terrorista Al Qaeda no Iraque mataram 215 pessoas.
Também nesta quarta-feira, o comando dos Estados Unidos anunciou a morte de dois soldados americanos na Província de Al Anbar, oeste do Iraque.
A última explosão registrada hoje ocorreu por volta das da 15h55 (10h55 de Brasília), nas proximidades do mercado Mereidi, um dos mais populares centros comerciais da região de Sadr City. A força da explosão quebrou vidraças de lojas e restaurantes próximos ao mercado.
Em outra ação de violência, um suicida explodiu o carro em que viajava em um posto de checagem da polícia iraquiana em Kirkuk (norte do Iraque), após guardas abriram fogo contra ele ao perceberem que o veículo não pararia na estação. A explosão do carro causou a morte de oito pessoas e feriu dezenas.
Mortes de civis
Ontem, o chefe da Missão de Assistência para o Iraque da ONU (Organização das Nações Unidas), Gianni Magazzeni, anunciou as mortes de 34.500 mil civis no Iraque em 2006.
O número fica bem acima dos cerca de 12 mil divulgados anteriormente pelo governo iraquiano.
Segundo Magazzeni, 34.452 civis morreram e 36.685 ficaram feridos no país em 2006, segundo dados do Ministério iraquiano da Saúde e do IML (Instituto Médico Legal) de Bagdá. "Sem avanço significativo na imposição da lei, a violência sectária continuará indefinidamente", disse.
De acordo com o chefe da missão da ONU, 6.376 civis morreram de forma violenta entre novembro e dezembro no Iraque -- 4.731 em Bagdá, em sua maior parte em ataques a tiros.
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