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21/01/2007 - 08h29

Classe média venezuelana só faz oposição virtual

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FABIANO MAISONNAVE
Enviado especial da Folha de S.Paulo a Caracas

Bastião da militância antichavista, a classe média venezuelana não atendeu até agora aos pedidos do principal líder opositor, Manuel Rosales, para fazer uma "grande mobilização" contra os recentes anúncios de nacionalização e de concentração de poder feitos pelo presidente Hugo Chávez.

Em vez das ruas, a concentração está em sites, onde, sem rumo, os antichavistas expiam a última derrota eleitoral, especulam sobre o "socialismo do século 21" e sonham em emigrar do país. A classe média representa cerca de 16% da população, estimada em 26 milhões.

Se os oposicionistas chegaram a lotar comícios e manifestações em locais públicos de Caracas, como a praça Altamira e a autopista Francisco Fajardo, hoje eles se escondem sob pseudônimos no noticierodigital.com, o maior site de discussões da Venezuela.

Inaugurado em 2004, o noticiero.com é o reduto virtual da classe média: se transformou no segundo site de notícias mais visto e abriga blogs críticos a Chávez. Com cerca de 80 mil visitas únicas diárias, foi o site mais visitado em 3 de dezembro, dia da reeleição de Chávez, com mais de 1 milhão de visitas únicas.

"Esta apatia que a campanha presidencial de Manuel Rosales [segundo colocado nas eleições] conseguiu derrotar voltou novamente", disse à Folha o diretor do site, Roger Santodomingo, 35, que define seu site como um "barômetro" da classe média, camada em que 80% votaram contra Chávez, que venceu com 63%.

"As pessoas deixaram até de falar mal do Chávez. Para elas, é impossível que ele saia com as atuais regras eleitorais", afirmou Santodomingo, em entrevista na sede do site, que emprega seis jornalistas e ocupa parte de uma mansão no bairro nobre de Altamira, um reduto oposicionista.
Com tantas dúvidas sobre o que será o socialismo do século 21, boa parte dos fóruns especula sobre medidas propostas por Chávez. Na sexta-feira, por exemplo, havia o trecho de um suposto projeto de lei sobre imóveis, segundo o qual a pessoa terá a residência desapropriada caso seja maior do que as suas necessidades. "Queimo o meu apartamento antes", diz um comentário.

Em outro fórum bastante popular, as pessoas comentam se rumores sobre ações do governo são verdadeiros ou falsos. Um dos temas recentes foi se as lâmpadas distribuídas recentemente continham ou não dispositivos de espionagem cubanos. "A classe média está convencida de que Chávez quer um país comunista e autoritário", afirmou Santodomingo.

Mequieroir.com

Outro sucesso entre a classe média venezuelana é o site mequieroir.com, especializado em orientar potenciais imigrantes com qualificação.
De acordo com a diretora do site, Esther Bermudez, o número de acessos únicos diários saltou de uma média de 20 mil para 45 mil depois do anúncio da nacionalização do setor elétrico e da empresa de telecomunicações Cantv, no último dia 8.

"Isso já aconteceu antes", disse Bermudez, que mantém o site desde 2001. "Houve um aumento de 150% depois dos acontecimentos políticos de 2002 [tentativa de golpe de Estado]. E tivemos 300% de aumento depois do resultado eleitoral do dia 3 de dezembro."

"A classe média venezuelana aprendeu a emigrar", afirma. "Éramos um país tradicionalmente imigratório, mas já há redes de comunidades de venezuelanos em todas as partes do mundo." De acordo com Bermudez, o perfil mais comum é de jovens recém-formados que buscam ir legalmente para países que incentivam a imigração qualificada, sobretudo o Canadá e a Austrália --neste país, se estima que haja cerca de 10 mil venezuelanos.

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