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05/03/2007 - 16h13

Irã parou programa nuclear enquanto aguarda sanções, diz ONU

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da Folha Online

Envolto na controvérsia internacional acerca de seu programa nuclear, o Irã aparentemente interrompeu o enriquecimento de urânio enquanto aguarda as resoluções da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre novas sanções, informou nesta segunda-feira o diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohamed ElBaradei.

Morteza Nikoubazl/Reuters
Mulher passa por muro em Teerã; Conselho da ONU discute imposição de mais sanções
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ElBaradei afirmou também que a falta de cooperação por parte do Irã com os inspetores da AIEA significa que a agência não foi capaz de estabelecer se as atividades nucleares iranianas servem meramente a propósitos pacíficos.

"Eu não acredito que o número de centrífugas [de enriquecimento de urânio] tenha aumentado, e não acredito que materiais nucleares tenham sido introduzidos nas centrífugas de Natanz", disse ElBaradei.

Ainda assim, ele afirmou que a AIEA continua "incapaz de determinar o propósito das atividades nucleares do Irã".

Para um oficial sênior da AIEA, a interrupção temporária das atividades nucleares do Irã dificilmente levará à aceitação por parte de Teerã do congelamento total do programa de enriquecimento de urânio do país, conforme exigido pela ONU. Ali Ashgar Soltanieh, líder iraniano dos delegados da AIEA, afirmou que seu país nunca abrirá mão do direito de enriquecer urânio.

Oposição européia

Também hoje, Ministros das Relações Exteriores da União Européia (UE) concordaram em manter a pressão contra o Irã devido à recusa do país em interromper seu programa nuclear. A UE, fazendo coro ao Conselho de Segurança (CS) da ONU (Organização das Nações Unidas), alertou o país hoje de que aumentaria as sanções contra Teerã se o governo persa não obedecer as exigências internacional de suspensão de suas atividades nucleares e retorno às negociações.

Além dos chanceleres europeus, os cinco membros permanentes do CS da ONU --EUA, Reino Unido, França, Rússia e China-- mais a Alemanha começaram a discutir nesta segunda-feira a imposição de novas sanções ao Irã devido a seu programa de enriquecimento de urânio

O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, que liderou a reunião dos ministros europeus hoje, afirmou que diplomatas do CS da ONU em Nova York já estão escrevendo uma proposta de texto para uma eventual nova resolução punitiva contra o Irã.

Em um comunicado conjunto, os ministros europeus disseram que continuarão a apoiar as medidas da ONU contra Teerã e que apoiarão ações para "adotar outras medidas apropriadas (...) caso o Irã não obedeça" a comunidade internacional.

Segundo o ministro, a Alemanha e os cinco membros permanentes do CS da ONU concordaram em criar rapidamente uma nova resolução do órgão para expressar a determinação da comunidade internacional em se opor ao programa nuclear iraniano.

CS da ONU

A reunião das seis grandes potências que negociam a ampliação das sanções em represália à recusa iraniana em abandonar o enriquecimento de urânio --o CS da ONU mais a Alemanha--, é uma resposta à desobediência do Irã em obedecer a uma resolução do conselho de dezembro de 2006, que exigia que Teerã deixasse essas atividades até 21 de fevereiro.

As sanções --que devem incluir a redução da ajuda técnica fornecida pela AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) ao Irã-- são discutidas três meses depois que o Conselho de Segurança baniu a transferência de tecnologia nuclear e especialistas ao regime iraniano.

O Irã nega a intenção de construir bombas nucleares, afirmando que seu programa é pacífico e visa apenas gerar eletricidade.

Em uma reunião que deve durar quatro dias, o Conselho de Governadores da AIEA deve suspender a implementação de 22 dos 55 projetos de ajuda técnica ao Irã, colocando em prática sanções aprovadas na resolução de dezembro.

Um relatório divulgado pela AIEA em 22 de fevereiro indicou que o Irã instalou duas novas redes nucleares, cada uma com 164 centrífugas, ambas capazes de enriquecer urânio.

O novo sistema visaria produzir urânio enriquecido em escala industrial. Até maio deste ano, o país deve contar com cerca de 3.000 centrífugas. O urânio enriquecido pode ser utilizado tanto para gerar energia e combustível nuclear quanto para fabricar armas atômicas.

O Irã alega que a exigência da ONU para a suspensão de seu programa de enriquecimento de urânio é ilegal. Mas os esforços da agência nuclear da ONU para verificar se o programa é de fato pacífico enfrentam a resistência iraniana desde 2004, segundo oficiais da ONU.

Coréia do Norte

O Conselho de Governadores da AIEA discutirá também na reunião o programa nuclear norte-coreano. Pyongyang diz estar disposto a deixar de lado seu programa de produção de armas nucleares, em troca de ajuda econômica e na área da segurança.

Tanto a questão norte-coreana quanto a do Irã devem ser discutidas até amanhã.

O diretor da AIEA planeja ir a Pyongyang em 13 de março, como parte de um acordo entre os seis países, dentro do qual a Coréia do Norte permitiu a retomada das inspeções dos especialistas da agência nuclear.

Durante a visita, o chefe da AIEA deve discutir os detalhes do acordo, como o fechamento de plataformas nucleares, a produção de plutônio e novas visitas de inspetores em abril.

Com agências internacionais

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