11/03/2007 - 18h04

Abbas e Olmert encerram reunião sem resultados concretos em Jerusalém

da France Presse, em Jerusalém

A terceira reunião oficial entre o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, e o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestiona), Mahmoud Abbas, realizada neste domingo em Jerusalém, foi concluída sem grandes conquistas e com a promessa de ambos os dirigentes de continuar com o diálogo.

Olmert se comprometeu com Abbas a ampliar até às 23 horas o horário de abertura da passagem industrial de Karni --um dos pontos de transferência de mercadorias entre Israel e Gaza, que há anos permanece aberta de forma intermitente, por razões de segurança alegadas por Israel.

Também foi analisada a denominada "iniciativa saudita", que propõe a normalização das relações do mundo árabe com Israel em troca da retirada deste país dos territórios ocupados em 1967.

Apesar da ministra de Assuntos Exteriores de Israel, Tzipi Livni, ter revelado recentemente que o país não estava preparado para aceitar a fórmula, Olmert antes da reunião com Abbas mostrou certa abertura para a proposta, referendada pela Liga Árabe, em Beirute, em março de 2002.

Abbas falou da iniciativa como base para o reatamento das negociações de paz entre Israel e a ANP, segundo as fontes governamentais israelenses.

Quanto às relações entre Israel e o futuro governo de união nacional palestino, não houve surpresas.

Olmert insistiu com o presidente palestino que não negociará com nenhum governo que esteja integrado por membros do grupo islâmico Hamas, que até o momento se nega a reconhecer Israel, aceitar os acordos assinados entre israelenses e palestinos e renunciar à violência, como exigido também pela comunidade internacional.

Abbas, segundo fontes israelenses, reiterou seu compromisso com o "Mapa do Caminho", plano de paz elaborado pelo Quarteto de Madri (Estados Unidos, União Européia, ONU e Rússia) e aceito por ambas as partes para pôr fim ao conflito do Oriente Médio.

Outra questão analisada pelos líderes foi a das negociações para conseguir a libertação do soldado israelense Gilad Shalit, capturado no dia 25 de junho do ano passado por comandos palestinos (entre eles do Hamas) e presumivelmente mantido na faixa de Gaza.

O premiê israelense levantou o assunto na reunião e Abbas respondeu que está fazendo tudo o que está em suas mãos para conseguir a libertação do militar, inclusive antes da formação do governo de coalizão palestina, que poderia ser anunciado nesta mesma semana.

Além disso, Abbas disse que averiguará a reclamação israelense de que os US$ 100 milhões transferidos por Israel --referentes a taxas alfandegárias e outros impostos retidos da ANP-- poderiam ter sido destinados para pagar dívidas pendentes do governo do Hamas e não para questões humanitárias, como requerido.

A parte palestina prometeu estudar o caso e verificar o paradeiro da verba descongelada por Israel após a reunião entre Olmert e Abbas em dezembro.

Olmert recebeu o convidado, que estava acompanhado pelo negociador-chefe palestino, Saeb Erekat, e um de seus assessores mais próximos, Mohammed Dahlan, na porta de sua residência oficial em Jerusalém.

Os líderes se sentaram frente a frente, acompanhados por suas respectivas delegações de assessores, depois do aperto de mãos formal diante das câmaras de televisão, momento no qual Olmert apareceu sorridente.

Fontes próximas a Dahlan, considerado homem forte do Fatah na faixa de Gaza e possível sucessor de Abbas na liderança do partido nacionalista, disseram que a reunião foi "difícil", embora tenham sido analisados diversos temas em disputa.

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