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17/03/2007 - 13h09

Chavista denuncia ameaças por resistir a partido único

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FABIANO MAISONNAVE
da Folha de S.Paulo, de Caracas

Acusações de traidor e reacionário, ameaças de revogar o mandato do seu principal líder e exclusão da comissão política criada por Hugo Chávez. Não se trata da oposição venezuela, mas do que o segundo maior partido da base governista alega estar sofrendo por resistir à adesão automática ao Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), um dos principais projetos do presidente venezuelano para o novo mandato.

"Eu me sinto como um andino negro", disse o secretário-geral do Podemos, Ismael García, em entrevista a um grupo de jornalistas. É uma alusão ao senso comum na Venezuela de que os indígenas dos Andes são discriminados na costa, e os negros são discriminados nas terras altas.

"Nós estamos numa situação difícil porque estamos apoiando o presidente, mas não temos os recursos deste lado nem do outro lado", disse García, que há duas semanas desatou o debate público sobre o PSUV ao expor as divergências do seu partido com os planos oficiais.

Considerado mais moderado no espectro chavista, o Podemos resiste a se dissolver automaticamente no PSUV e propôs um plano intermediário, com a criação de uma Assembléia Constituinte dentro do chavismo formada por 1.500 delegados eleitos diretamente em todo o país para definir um programa partidário.

"Como é que eu digo que você tem de se apaixonar por mim, goste ou não goste, tem cinco meses, e, se não casa comigo. Não, temos de nos convencer de que nos amamos e nos queremos", disse García, comparando o PSUV a um romance.

A rebelião do Podemos incentivou outros dois partidos da base governista a questionar o PSUV. Juntos, o partido de Garcia, o PPT (Pátria Para Todos) e o PCV (Partido Comunista Venezuelano) têm 20% das cadeiras da Assembléia Nacional, totalmente controlada pelos chavistas depois do boicote da oposição às eleições legislativas de 2005.

A reação do núcleo duro de Chávez, concentrado no Movimento Quinta República (MVR), foi áspera. Vários porta-vozes lançaram fortes acusações contra García, acusando-o de usar táticas da CIA e de ligações com a oposição, apesar de ele apoiar o governo desde o início, em 1999.

"Devem estar investigando até o meu sangue, para verterem sobre mim más qualificações", disse García.

Referendo revogatório

Já o principal líder do partido, o governador Didalco Bolívar (Aragua, centro do país), sofre um processo para revogar seu mandato impulsionado pelos chavistas do seu Estado.

O CNE (Conselho Nacional Eleitoral) autorizou na semana passada o recolhimento das assinaturas para a convocação de um referendo-é o único dos 24 governadores do país que enfrenta um pedido desse tipo. Ontem, ele classificou o processo de "intimidação" por se opor ao PSUV.

Os três partidos "rebeldes" também ficaram de fora do comitê de cinco integrantes nomeado por Chávez para impulsionar a criação do PSUV, todos do chamado núcleo duro. A expectativa é que o PSUV seja fundado em nove meses, com um evento inicial marcado para o próximo dia 24.

Um dos membros do comitê, o governador Diosdado Cabello, disse que "o Partido Unificado é uma realidade, e nesse sentido não há mais nada o que discutir (...) a organização que não entender o momento político que vive o país lamentavelmente desaparecerá".

Contra as evidências, García atribui essas declarações aos "intolerantes" do MVR e disse que Chávez se mostrou mais flexível a novas propostas.


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