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20/03/2007 - 14h28

Iraque enterra vice de Saddam; conflito completa quatro anos

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da Folha Online

O corpo do vice-presidente iraquiano Taha Yassin Ramadan, executado na madrugada desta terça-feira --dia que marca os quatro anos da invasão liderada pelos Estados Unidos que deu início à Guerra do Iraque-- foi enterrado hoje no povoado natal do ditador Saddam Hussein.

Desde o início da operação militar no Iraque, o governo americano calcula ter gasto mais de US$ 290 bilhões. Para algumas organizações independentes, este custo pode ser ainda maior: a ONG National Priorities Project, um grupo independente que visa medir os gastos governamentais em diversas áreas, diz que a Guerra do Iraque já consumiu mais de US$ 409 bilhões ao cofres públicos americanos.

Segundo a TV pública iraquiana Al Iraqiya, Ramadan foi executado antes do amanhecer, por volta das 3h da madrugada (21h desta segunda-feira, no horário de Brasília).

Ele foi sepultado a poucos metros do lugar onde Saddam foi enterrado, em Awja (10 km ao sul de Tikrit), capital da Província sunita de Salah ad Din, 170 km ao norte de Bagdá.

O enterro ocorreu após uma cerimônia fúnebre da qual participaram cerca de 1.500 pessoas.

Efe
Justiça confirma pena de morte do ex-vice-presidente Taha Yassin Ramadan
Iraque enterra vice-presidente Taha Yassin Ramadan em 4º aniversário da guerra
Os restos mortais foram acompanhados por Badr Awad al Bandar, um dos advogados da equipe de defesa no julgamento que condenou Ramadan à morte. Segungo Ali al Nada, chefe da tribo de Bu Naser --à qual Saddam pertencia-- afirmou que a filha mais velha de Saddam, Raghad, deu permissão para enterrar Ramadan no mesmo local que seu pai.

No local, também estão enterrados os dois filhos do ditador iraquiano, Uday e Qusai, seu neto Mustafa, seu meio-irmão, Barzan Ibrahim al Hassan, e o chefe do tribunal revolucionário Awad al Bandar. Ambos foram condenados à forca ao lado de Saddam. O ditador foi executado na forca em 30 de dezembro de 2006, e os dois co-acusados em janeiro último.

Ramadan foi inicialmente sentenciado à prisão perpétua em novembro de 2006 por envolvimento na morte de xiitas em Dujail. Ele foi considerado culpado por participar da detenção, tortura e morte sistemática de 148 homens, mulheres e crianças da vila em 1982. Posteriormente, a sentença foi mudada para pena de morte.

Guerra civil

Apesar do cumprimento das penas de morte, a violência que assola o país desde 20 de março de 2003 não dá trégua. Na última quinta-feira (15), o Departamento de Defesa dos EUA admitiu em um relatório que o Iraque enfrenta uma guerra civil.

O documento descreve que o período entre outubro e dezembro de 2006 como o mais violento do conflito desde a invasão americana há quatro anos, e aponta que "alguns elementos [do conflito] no Iraque podem ser considerados parte de uma guerra civil".

Pouco depois da execução de Ramadan, na madrugada desta terça-feira, um carro-bomba explodiu perto de uma delegacia de polícia em Bagdá, matando cinco pessoas e ferindo 17.

Segundo a polícia, 30 corpos com sinais de execução foram recolhidos ontem na capital. As explosões e execuções diárias fizeram crescer os apelos para que os EUA retirem suas tropas do país. No entanto, o presidente George W. Bush diz que "ainda não é hora de sair".

Tropas

Ontem, na véspera do aniversário de quatro anos do conflito, Bush defendeu sua política no Iraque, enquanto pesquisas apontam que os iraquianos não confiam nas forças americanas.

Com sua popularidade no nível mais baixo desde que foi eleito, Bush pediu mais tempo para seu plano de enviar cerca de 30 mil soldados adicionais para estabilizar Bagdá.

"Pode ser tentador olhar para os desafios no Iraque e concluir que a melhor opção é ir para casa. Isso pode trazer satisfação a curto prazo, mas as conseqüências para a segurança dos EUA seriam devastadoras", afirmou.

Em janeiro, Bush anunciou que enviaria 21.500 soldados extras ao Iraque, em sua maioria para Bagdá. O número subiu para 30 mil posteriormente, com a adição de equipes de apoio.

Pesquisa

Uma pesquisa divulgada nesta semana pela rede de TV americana CNN aponta que o apoio dos americanos à Guerra do Iraque caiu para 32%, com 63% se opondo ao conflito.

Uma segunda pesquisa da BBC, da ABC News, do "USA Today" e da rede de TV alemã ARD, indica que quatro em cada cinco iraquianos não confiam nas tropas americanas e de coalizão, e muitos dizem acreditar que sua presença piora a segurança.

"Após quatro anos, posso dizer que nosso país está perdido. Nunca esperamos que isso pudesse acontecer. Nós esperamos viver como um país europeu, e não desta forma", afirmou o iraquiano Salih Abu Mehdi, 43, segurança que é pai de seis crianças.

"Não acredito que os iraquianos pensem no futuro, paramos de fazer isso. Nós apenas pensamos em como sobreviveremos a cada dia", diz ele.

"Eu não era partidário de Saddam, mas posso dizer, como muitos iraquianos diriam, que os dias de Saddam eram melhores, eram mais calmos e seguros. O que faremos com esta democracia agora?", questiona.

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