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22/03/2007 - 15h11

Diálogo sobre Coréia do Norte termina sem avanço; Rússia culpa EUA

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da Folha Online

O diálogo a respeito do programa nuclear norte-coreano terminou nesta quinta-feira sem progresso, em uma reviravolta que pode comprometer o desarmamento de Pyongyang.

Negociadores das duas Coréias, dos Estados Unidos, do Japão, da Rússia e da China reuniram-se em Pequim na segunda-feira (19) para discutir a implementação do acordo selado em 13 de fevereiro, que prevê fechar o principal reator nuclear da Coréia do Norte.

O pacto prevê vantagens econômicas como o envio de 50 toneladas de combustível a Pyongyang, caso o governo norte-coreano deixe de lado suas ambições nucleares.

No entanto, o diálogo pareceu emperrado já nesta terça-feira (20), quando Pyongyang se recusou a participar de discussões devido à demora na liberação de US$ 25 milhões que haviam sido congelados em um banco de Macau.

A Coréia do Norte boicotou as conversas entre seis lados por mais de um ano, depois que o governo dos EUA colocou o banco privado Delta Asia (BDA) em uma "lista negra", por suspeita de conexão de fundos com lavagem de dinheiro e outras atividades ilegais.

No entanto, na segunda-feira (19), os EUA e a Coréia do Norte chegaram a um acordo para desbloquear cerca de US$ 25 milhões que estavam bloqueados em contas do banco.

No mesmo dia, representantes de seis países --as duas Coréias, EUA, Japão, China e Rússia-- iniciaram a sexta rodada de diálogos para verificar se as primeiras medidas para iniciar o desarmamento nuclear norte-coreano foram tomadas.

O vice-secretário-assistente do Tesouro americano, Daniel Glaser, disse que os fundos seriam transferidos para uma conta norte-coreana no Banco da China, em Pequim, para ser usado para fins educacionais e humanitários. Segundo Glaser, Pyongyang propôs esse arranjo. Os fundos haviam representado um obstáculo nas negociações.

Adiamento

Ontem, devido à falta de acordo, as negociações foram adiadas para esta quinta-feira.

No entanto, o diálogo terminou de forma abrupta, sem progresso depois que o principal negociador norte-coreano, Kim Kye-gwan, foi embora de repente sem falar com jornalistas. "Nossa delegação foi para casa porque não houve progresso na prometida transferência dos fundos", disse uma fonte do governo da Coréia do Norte em Pequim.

Christopher Hill, enviado norte-americano para as negociações sobre o programa nuclear da Coréia do Norte, disse que o atraso na transferência entre as contas precisa ser resolvido rapidamente.

"O dia em que eu conseguir explicar o pensamento norte-coreano a vocês provavelmente será o dia em que eu passei tempo demais neste processo", disse Hill aos jornalistas nesta quinta-feira.

Outras delegações também mostraram-se frustradas.

"É deplorável que a Coréia do Norte não tenha mostrado uma atitude positiva, mantendo sua posição de não tomar parte nas conversas caso os fundos não fossem liberados", disse o negociador japonês, Kenichiro Sasae.

Acusações

O enviado russo para a questão nuclear norte-coreana, Alexander Losyukov, afirmou à agência de notícias russa Itar-Tass que "o problema foi causado pelos Estados Unidos".

Segundo ele, os EUA não garantiram aos representantes chineses que o Banco da China poderia receber os US$ 25 milhões liberados sem enfrentar sanções dos EUA ou discriminação da comunidade bancária e do governo americano.

Os bancos americanos cortaram as transações com o Banco Delta Asia durante as investigações do Tesouro a respeito de lavagem de dinheiro e outros crimes financeiros.

Crise

A crise nuclear norte-coreana começou em 2002, quando Washington acusou Pyongyang de possuir um programa secreto de enriquecimento de urânio.

Em represália, o governo norte-coreano expulsou os inspetores da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica, da ONU) e, em 2003, retirou-se do Tratado de Não-Proliferação Nuclear. Em outubro de 2006, o país realizou seu primeiro teste com armas nucleares.

Em 13 de fevereiro, foi firmado o acordo para o desarmamento nuclear de Pyongyang.

Negociadores dizem que ainda há esperança de cumprir a primeira parte do acordo de fevereiro e fechar o reator nuclear norte-coreano de Yongbyon até o mês que vem.

"A Coréia do Norte disse que o acordo de 13 de fevereiro deve ser implementado depois que a questão do BDA for resolvida, mesmo que seja antes da próxima rodada de negociações", disse o enviado sul-coreano, Chun Yung-woo.

Ele também disse que o problema do banco será solucionada logo. "É uma questão de dias", disse. "Acho que ninguém vê isso como um assunto para semanas".

Com agências internacionais

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