Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
28/03/2007 - 22h34

Reino Unido busca resolução da ONU contra detenção de marinheiros

Publicidade

da Folha Online

A missão do Reino Unido na ONU (Organização das Nações Unidas) propôs nesta quarta-feira ao Conselho de Segurança (CS) da organização um projeto de declaração exigindo a libertação pelo Irã dos 15 marinheiros britânicos detidos desde a última sexta-feira (23) no país persa.

O Irã acusa os 15 marinheiros de terem invadido as águas iranianas. O Reino Unido nega dizendo que os marinheiros realizavam uma inspeção de rotina em águas do Iraque na região do canal de Shatt al Arab, localizado na fronteira sul entre Irã e Iraque.

AP
Vídeo mostra Faye Turney, 26, a única mulher do grupo de 15 marinheiros britânicos
Vídeo mostra Faye Turney, 26, a única mulher do grupo de 15 marinheiros britânicos
Hoje, Londres forneceu informações de sistemas de GPS para corroborarem sua versão da localização dos britânicos no momento da detenção.

A tensão devido à prisão dos marinheiros chega na mesma semana em que o CS da ONU aprovou um novo pacote de sanções contra Teerã por sua insistência em manter o programa nuclear iraniano.

Segundo o embaixador da África do Sul Dumisani Kumalo, que preside atualmente o conselho, os britânicos "circularam um projeto de declaração que será discutido amanhã" a respeito da detenção dos marinheiros.

Enquanto busca o apoio internacional na ONU, o Reino Unido aguarda a confirmação das autoridades de Teerã sobre um pedido de permissão de visita consular aos 15 detidos, de acordo com informações do Ministério das Relações Exteriores divulgadas hoje.

Impasse

A tensão com o Irã a respeito dos marinheiros britânicos capturados na última sexta-feira se elevou ainda mais nesta quarta-feira após a liberação de um vídeo pelos iranianos que mostra imagens dos detidos em uma locação desconhecida. O Reino Unido classificou a divulgação das imagens de "inaceitável" e cortou relações com o Irã, apesar da promessa de Teerã de libertar "o mais rápido possível" a única mulher entre os marinheiros detidos, Faye Turney.

AP
Turney (à dir.) faz refeição ao lado de outros marinheiros britânicos detidos no golfo Pérsico
Turney (à dir.) faz refeição ao lado de outros marinheiros britânicos detidos no golfo Pérsico
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Manouchehr Mottaki, não confirmou hoje uma previsão de que a marinheira detida poderia ser libertada nesta quarta ou quinta-feira, mas disse que o Irã tentaria libertá-la "o mais rápido possível".

Ainda assim, o ministro acusou o Ocidente de tentar "chantagear" o Irã ao politizar a detenção dos 15 marinheiros na costa do Irã (ou do Iraque, como afirma o Reino Unido. A localização exata dos marinheiros no momento de detenção é disputada pelos dois países).

"Nossa política nos últimos 27 anos foi a de não ceder a chantagens ou pressão. Eles querem transformar o caso em uma propaganda política, este é seu objetivo", afirmou Mottaki.

O governo do premiê britânico Tony Blair anunciou hoje que congelou todas as relações com o Irã exceto para negociar a libertação dos detidos. O governo considerou que a divulgação do vídeo foi "inaceitável" e se declarou preocupada com as condições dos detidos.

"A concessão feita por Turney de que estava em águas iranianas quando foi capturada nos deixa muito preocupados sobre as condições em que a declaração foi feita", afirmou um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores britânico.

Vídeo

A TV iraniana divulgou nesta quarta-feira imagens do grupo de 15 marinheiros britânicos detidos. O vídeo mostra os marinheiros durante uma refeição. A única mulher do grupo, Turney, 26, aparece vestida com uma túnica branca e com a cabeça coberta por um lenço preto.

Na gravação, Turney admite que os marinheiros violaram o limite da fronteira entre o Iraque e o Irã. "Obviamente, nós invadimos as águas deles", diz ela no vídeo exibido na TV Al Alam. "Eles foram muito amigáveis e hospitaleiros. Eles nos explicaram por que havíamos sido detidos, não houve agressão", acrescentou.

As imagens mostram ainda uma rápida cena do grupo de marinheiros sentado em uma embarcação iraniana logo após ser detido. O vídeo também exibe uma carta escrita à mão por Turney, no qual ela pede desculpas pela invasão.

Crise

O ministro iraniano do exterior descartou a possibilidade de uma escalada na crise, sugerindo que a suposta invasão das águas iranianas pelos marinheiros britânicos teria sido acidental. "Foi uma violação que aconteceu. Pode ter sido não-intencional. Eles não resistiram", afirmou.

O Reino Unido e o Irã viveram um incidente similar em 2004, quando o regime de Teerã manteve detidos durante três dias oito militares britânicos acusados de entrarem de forma ilegal em águas territoriais do Irã no golfo Pérsico. Na época, o Reino Unido negou a invasão.

Além da crise diplomática, o caso também fez crescer as tensões em torno do programa nuclear iraniano. O Conselho de Segurança da ONU aprovou mais sanções contra o Irã no sábado (24). Reino Unido e EUA também acusam o país de fomentar a violência no Iraque.

Tom

O premiê britânico, Tony Blair, endureceu ontem o tom com o Irã, ameaçando passar para uma "nova fase" se a via diplomática não conseguir libertar os 15 militares de seu país detidos no dia 23.

"Eu espero que eles [o governo iraniano] percebam que têm de libertá-los", afirmou Blair em entrevista à rede GMTV. 'Mas caso não aconteça, isso entrará em uma nova fase'.

Hoje, Blair afirmou que é preciso "aumentar a pressão diplomática sobre o Irã". "Não há justificativa para o que aconteceu. É algo completamente inaceitável, errado e ilegal", afirmou Blair.

Estados Unidos

A Marinha dos EUA lançou nesta terça-feira exercícios militares no golfo Pérsico, com o uso de navios, porta-aviões e aeronaves militares, em meio ao impasse em torno da detenção.

Marcelo Katsuki/Fol
Os exercícios representam o mais recente dos episódios de demonstração de força entre o Irã e os EUA. Em abril e em novembro de 2006, o Irã conduziu manobras militares na região.
Em outubro do ano passado, foi a vez da Marinha americana fazer treinos militares para tentar intimidar Teerã devido à sua recusa em suspender seu programa nuclear.

Em janeiro último, o secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, anunciou que grupos de ataque Stennis estavam sendo enviados para o Oriente Médio como um "alerta" para o Irã.

Na quinta-feira passada (22), um dia antes da detenção dos marinheiros britânicos, a Marinha do Irã realizou treinos militares com o uso de submarinos e pequenas embarcações com lançadores de mísseis. Os treinos visariam mostrar "poder de defesa para proteger o golfo Pérsico" e deveriam durar até 30 de março.

Países árabes demonstram apreensão com a crescente hostilidade entre EUA e Irã, temendo que as tensões mútuas culminem em uma guerra indesejada entre os dois países na região.

Com agências internacionais

Leia mais
  • TV iraniana divulga imagens de marinheiros britânicos detidos
  • Reino Unido corta relações com Irã devido a crise
  • Irã diz que ameaças de Reino Unido são provocação
  • Após impasse com Irã, EUA fazem treinos militares no golfo Pérsico
  • Reino Unido endurece discurso com Irã em caso de marinheiros
  • Entenda a crise entre o Irã e o Reino Unido

    Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre o Irã
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página