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28/03/2007 - 08h45

Irã diz que ameaças de Reino Unido são provocação

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da Folha Online

O porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do Irã, Mohamad Ali Hosseini, disse nesta quarta-feira que as declarações do premiê britânico, Tony Blair, que ameaçou ontem passar para uma "nova fase" se o Irã não libertar os marinheiros britânicos detidos no golfo Pérsico na sexta-feira (23) são uma "provocação".

O Irã acusa os 15 marinheiros de terem violado propositalmente as águas iranianas, em uma "clara agressão" ao país. O Reino Unido nega dizendo que os marinheiros realizavam uma inspeção de rotina em águas do Iraque na região do canal de Shatt al Arab, localizado na fronteira sul entre Irã e Iraque.

"Os militares britânicos entraram em águas territoriais iranianas ilegalmente, e as investigações ainda estão em curso . Este tipo de declaração não ajuda a resolver o problema", disse Hosseini, citado pela agência oficial iraniana de notícia Irna.

Marcelo Katsuki/Fol
Segundo Hosseini, os diplomatas britânicos poderão visitar os soldados detidos "após os interrogatórios". Para ele, o caso "será resolvido respeitando as normas internacionais".

Blair endureceu na terça-feira o tom com o Irã. Ele ameaçou passar para uma "nova fase" se a via diplomática não conseguir libertar os 15 militares de seu país detidos no dia 23.

"Eu espero que eles [o governo iraniano] percebam que têm de libertá-los", afirmou Blair em entrevista à rede GMTV. "Mas caso não aconteça, isso entrará em uma nova fase".

Questionado sobre o que isso significaria, Blair evitou fornecer detalhes, mas disse que não se pode aceitar que britânicos sejam detidos "quando realizavam uma patrulha de rotina em águas territoriais iraquianas de forma legal, de acordo com mandato da ONU".

O porta-voz de Blair negou que o premiê considere a possibilidade de expulsar os diplomatas iranianos do Reino Unido, ou de lançar uma ação militar contra o Irã. "Nós queremos resolver essa questão rapidamente e sem entrar em confronto público com Teerã. Mas se não pudermos resolver com rapidez, teremos que ser mais explícitos", afirmou o porta-voz.

Hoje, Blair afirmou que é preciso "aumentar a pressão diplomática sobre o Irã". "Não há justificativa para o que aconteceu. É algo completamente inaceitável, errado e ilegal", afirmou Blair, acrescentando: "É preciso aumentar a pressão diplomática".

Manobras militares

A Marinha dos EUA lançou nesta terça-feira exercícios militares no golfo Pérsico, com o uso de navios, porta-aviões e aeronaves militares, em meio ao impasse em torno da detenção.

As manobras --que envolvem 15 navios de guerra e centenas de aviões militares-- devem acirrar as tensões com o Irã, que freqüentemente condena a presença americana na área.

No total, os exercícios dos EUA envolvem 10 mil homens em navios e aviões militares que simulam ataques a aviões e navios inimigos, caças a submarinos inimigos, entre outras ações.

Grupos de ataque Stennis, que levam mais de 6.500 marinheiros e marines, entraram no golfo Pérsico na noite desta segunda-feira, de acordo com a Marinha. As armadas Stennis se juntarão à Eisenhower, que patrulha permanentemente o golfo Pérsico.

Jogos de guerra

Os exercícios representam o mais recente dos episódios de demonstração de força entre o Irã e os EUA. Em abril e em novembro de 2006, o Irã conduziu manobras militares na região.
Em outubro do ano passado, foi a vez da Marinha americana fazer treinos militares para tentar intimidar Teerã devido à sua recusa em suspender seu programa nuclear.

Em janeiro último, o secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, anunciou que grupos de ataque Stennis estavam sendo enviados para o Oriente Médio como um "alerta" para o Irã.

Na quinta-feira passada (22), um dia antes da detenção dos marinheiros britânicos, a Marinha do Irã realizou treinos militares com o uso de submarinos e pequenas embarcações com lançadores de mísseis. Os treinos visariam mostrar "poder de defesa para proteger o golfo Pérsico" e deveriam durar até 30 de março.

Países árabes demonstram apreensão com a crescente hostilidade entre EUA e Irã, temendo que as tensões mútuas culminem em uma guerra indesejada entre os dois países na região.

Tratamento

Nesta terça-feira, o Irã afirmou que os 15 marinheiros estão "bem" e recebem "tratamento adequado". "Eles estão em boa saúde e foram tratados de acordo com os direitos humanos", afirmou . Mohammad Ali Hosseini, porta-voz do Ministério iraniano de Relações Exteriores.

Em declarações dadas em Ancara, a ministra britânica das Relações Exteriores, Margaret Beckett afirmou: "Se eles estão sendo bem tratados, não vemos por que eles não podem manter contato com o governo britânico para que possam acalmar suas famílias e amigos, que estão apreensivos a respeito de seu paradeiro e condições", afirmou.

O Reino Unido e o Irã viveram um incidente similar em 2004, quando o regime de Teerã manteve detidos durante três dias oito militares britânicos acusados de entrarem de forma ilegal em águas territoriais do Irã no golfo Pérsico. Na época, o Reino Unido negou a invasão.

Além da crise diplomática, o caso também fez crescer as tensões em torno do programa nuclear iraniano. O Conselho de Segurança da ONU aprovou mais sanções contra o Irã no sábado (24). Reino Unido e EUA também acusam o país de fomentar a violência no Iraque.

Com agências internacionais

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