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29/03/2007
-
08h48
da Folha Online
O Reino Unido aumentou a pressão sobre o Irã nesta quinta-feira, buscando ajuda internacional para isolar o país persa após a detenção de 15 marinheiros e marines britânicos na sexta-feira (23).
O impasse, que dura uma semana, já causou o corte das relações entre os dois países, exceto para negociar a liberação do grupo de militares.
O Irã acusa os 15 militares, que estavam no golfo Pérsico, de terem invadido suas águas. O Reino Unido nega, dizendo que o grupo realizava uma inspeção em águas iraquianas na região do canal de Shatt al Arab, na fronteira entre Irã e Iraque.
Diante da pressão britânica, o Irã anunciou a suspensão da libertação de Faye Turney, 26, a única mulher do grupo de militares, que estava prevista para acontecer hoje.
"Nós havíamos anunciado a libertação de Turney, mas por estarmos sendo pressionados e enfrentarmos um comportamento errado [do Reino Unido], a libertação será suspensa", afirmou Ali Larijani, chefe do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, à TV.
A tensão devido à prisão dos militares chega na mesma semana em que o CS da ONU aprovou um novo pacote de sanções contra Teerã por sua insistência em manter o programa nuclear iraniano. Ontem, a missão do Reino Unido na ONU propôs ao Conselho de Segurança (CS) da organização um projeto de declaração exigindo a libertação dos 15 marinheiros.
Segundo o embaixador da África do Sul Dumisani Kumalo, que preside atualmente o conselho, os britânicos circularam um projeto de declaração a respeito da detenção dos marinheiros, que deve ser discutido hoje.
Nesta quinta-feira, o líder da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-moon, reuniu-se com o ministro iraniano de Relações Exteriores, Manouchehr Mottaki, para discutir o impasse.
Ban encontrou-se com Mottaki durante uma conferência na capital da Arábia Saudita, Riad, da qual ambos participam. Segundo o porta-voz de Ban, Soung-Ah Choi, o secretário-geral da ONU pretendia tratar de vários pontos ligados ao incidente, sem fornecer mais detalhes.
Também nesta quinta-feira, o chefe de política externa da União Européia (UE), Javier Solana, pediu a liberação dos marinheiros. "O Irã tem de libertar de forma imediata todos os militares", disse Solana à imprensa em Bruxelas. "Nós [a Europa] queremos manter boas relações com o Irã, e incidentes como este não ajudam", acrescentou.
Vídeo
A tensão com o Irã a respeito dos marinheiros britânicos capturados na última sexta-feira se elevou ainda mais nesta quarta-feira após a liberação de um vídeo pelos iranianos que mostra imagens dos detidos em uma locação desconhecida. O Reino Unido classificou a divulgação das imagens de "inaceitável" e cortou relações com o Irã, apesar da promessa de Teerã de libertar Turney "o mais rápido possível".
Mottaki não confirmou ontem uma previsão de que a marinheira detida poderia ser libertada nesta quarta ou quinta-feira, mas disse que o Irã tentaria libertá-la rapidamente.
O governo do premiê britânico Tony Blair considerou que a divulgação do vídeo foi "inaceitável" e se declarou preocupada com as condições dos detidos.
"A concessão feita por Turney de que estava em águas iranianas quando foi capturada nos deixa muito preocupados sobre as condições em que a declaração foi feita", afirmou um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores britânico.
Na gravação, a marinheira aparentemente admite que o grupo violou o limite da fronteira entre o Iraque e o Irã. "Obviamente, nós invadimos as águas deles", diz ela no vídeo exibido na TV Al Alam. "Eles foram muito amigáveis e hospitaleiros e nos explicaram por que havíamos sido detidos. Não houve agressão", acrescentou.
Imagens
A TV iraniana divulgou nesta quarta-feira imagens do grupo de 15 marinheiros britânicos detidos. O vídeo mostra os marinheiros durante uma refeição. Turney aparece vestida com uma túnica branca e com a cabeça coberta por um lenço preto.
As imagens mostram ainda uma rápida cena do grupo de marinheiros sentado em uma embarcação iraniana logo após ser detido. O vídeo também exibe uma carta escrita à mão por Turney, no qual ela pede desculpas pela invasão.
O Reino Unido e o Irã viveram um incidente similar em 2004, quando o regime de Teerã manteve detidos durante três dias oito militares britânicos acusados de entrarem de forma ilegal em águas territoriais do Irã no golfo Pérsico. Na época, o Reino Unido negou a invasão.
Além da crise diplomática, o caso também fez crescer as tensões em torno do programa nuclear iraniano. O Conselho de Segurança da ONU aprovou mais sanções contra o Irã no sábado (24). Reino Unido e EUA também acusam o país de fomentar a violência no Iraque.
Estados Unidos
A Marinha dos EUA lançou nesta terça-feira (27) exercícios militares no golfo Pérsico, com o uso de navios, porta-aviões e aeronaves militares, em meio ao impasse em torno da detenção.
Os exercícios representam o mais recente dos episódios de demonstração de força entre o Irã e os EUA. Em abril e em novembro de 2006, o Irã conduziu manobras militares na região.
Em outubro do ano passado, foi a vez da Marinha americana fazer treinos militares para tentar intimidar Teerã devido à sua recusa em suspender seu programa nuclear.
Em janeiro último, o secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, anunciou que grupos de ataque Stennis estavam sendo enviados para o Oriente Médio como um "alerta" para o Irã.
Na quinta-feira passada (22), um dia antes da detenção dos marinheiros britânicos, a Marinha do Irã realizou treinos militares com o uso de submarinos e pequenas embarcações com lançadores de mísseis. Os treinos visariam mostrar "poder de defesa para proteger o golfo Pérsico" e deveriam durar até 30 de março.
Países árabes demonstram apreensão com a crescente hostilidade entre EUA e Irã, temendo que as tensões mútuas culminem em uma guerra indesejada entre os dois países na região.
Com agências internacionais
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O Reino Unido aumentou a pressão sobre o Irã nesta quinta-feira, buscando ajuda internacional para isolar o país persa após a detenção de 15 marinheiros e marines britânicos na sexta-feira (23).
O impasse, que dura uma semana, já causou o corte das relações entre os dois países, exceto para negociar a liberação do grupo de militares.
O Irã acusa os 15 militares, que estavam no golfo Pérsico, de terem invadido suas águas. O Reino Unido nega, dizendo que o grupo realizava uma inspeção em águas iraquianas na região do canal de Shatt al Arab, na fronteira entre Irã e Iraque.
Diante da pressão britânica, o Irã anunciou a suspensão da libertação de Faye Turney, 26, a única mulher do grupo de militares, que estava prevista para acontecer hoje.
Marcelo Katsuki/Fol |
A tensão devido à prisão dos militares chega na mesma semana em que o CS da ONU aprovou um novo pacote de sanções contra Teerã por sua insistência em manter o programa nuclear iraniano. Ontem, a missão do Reino Unido na ONU propôs ao Conselho de Segurança (CS) da organização um projeto de declaração exigindo a libertação dos 15 marinheiros.
Segundo o embaixador da África do Sul Dumisani Kumalo, que preside atualmente o conselho, os britânicos circularam um projeto de declaração a respeito da detenção dos marinheiros, que deve ser discutido hoje.
Nesta quinta-feira, o líder da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-moon, reuniu-se com o ministro iraniano de Relações Exteriores, Manouchehr Mottaki, para discutir o impasse.
Ban encontrou-se com Mottaki durante uma conferência na capital da Arábia Saudita, Riad, da qual ambos participam. Segundo o porta-voz de Ban, Soung-Ah Choi, o secretário-geral da ONU pretendia tratar de vários pontos ligados ao incidente, sem fornecer mais detalhes.
Também nesta quinta-feira, o chefe de política externa da União Européia (UE), Javier Solana, pediu a liberação dos marinheiros. "O Irã tem de libertar de forma imediata todos os militares", disse Solana à imprensa em Bruxelas. "Nós [a Europa] queremos manter boas relações com o Irã, e incidentes como este não ajudam", acrescentou.
Vídeo
A tensão com o Irã a respeito dos marinheiros britânicos capturados na última sexta-feira se elevou ainda mais nesta quarta-feira após a liberação de um vídeo pelos iranianos que mostra imagens dos detidos em uma locação desconhecida. O Reino Unido classificou a divulgação das imagens de "inaceitável" e cortou relações com o Irã, apesar da promessa de Teerã de libertar Turney "o mais rápido possível".
AP |
Vídeo mostra Faye Turney, 26, a única mulher do grupo de 15 marinheiros britânicos |
O governo do premiê britânico Tony Blair considerou que a divulgação do vídeo foi "inaceitável" e se declarou preocupada com as condições dos detidos.
"A concessão feita por Turney de que estava em águas iranianas quando foi capturada nos deixa muito preocupados sobre as condições em que a declaração foi feita", afirmou um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores britânico.
Na gravação, a marinheira aparentemente admite que o grupo violou o limite da fronteira entre o Iraque e o Irã. "Obviamente, nós invadimos as águas deles", diz ela no vídeo exibido na TV Al Alam. "Eles foram muito amigáveis e hospitaleiros e nos explicaram por que havíamos sido detidos. Não houve agressão", acrescentou.
Imagens
A TV iraniana divulgou nesta quarta-feira imagens do grupo de 15 marinheiros britânicos detidos. O vídeo mostra os marinheiros durante uma refeição. Turney aparece vestida com uma túnica branca e com a cabeça coberta por um lenço preto.
As imagens mostram ainda uma rápida cena do grupo de marinheiros sentado em uma embarcação iraniana logo após ser detido. O vídeo também exibe uma carta escrita à mão por Turney, no qual ela pede desculpas pela invasão.
O Reino Unido e o Irã viveram um incidente similar em 2004, quando o regime de Teerã manteve detidos durante três dias oito militares britânicos acusados de entrarem de forma ilegal em águas territoriais do Irã no golfo Pérsico. Na época, o Reino Unido negou a invasão.
Além da crise diplomática, o caso também fez crescer as tensões em torno do programa nuclear iraniano. O Conselho de Segurança da ONU aprovou mais sanções contra o Irã no sábado (24). Reino Unido e EUA também acusam o país de fomentar a violência no Iraque.
Estados Unidos
A Marinha dos EUA lançou nesta terça-feira (27) exercícios militares no golfo Pérsico, com o uso de navios, porta-aviões e aeronaves militares, em meio ao impasse em torno da detenção.
Os exercícios representam o mais recente dos episódios de demonstração de força entre o Irã e os EUA. Em abril e em novembro de 2006, o Irã conduziu manobras militares na região.
Em outubro do ano passado, foi a vez da Marinha americana fazer treinos militares para tentar intimidar Teerã devido à sua recusa em suspender seu programa nuclear.
Em janeiro último, o secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, anunciou que grupos de ataque Stennis estavam sendo enviados para o Oriente Médio como um "alerta" para o Irã.
Na quinta-feira passada (22), um dia antes da detenção dos marinheiros britânicos, a Marinha do Irã realizou treinos militares com o uso de submarinos e pequenas embarcações com lançadores de mísseis. Os treinos visariam mostrar "poder de defesa para proteger o golfo Pérsico" e deveriam durar até 30 de março.
Países árabes demonstram apreensão com a crescente hostilidade entre EUA e Irã, temendo que as tensões mútuas culminem em uma guerra indesejada entre os dois países na região.
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