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30/03/2007 - 18h01

União Européia exige libertação imediata de militares britânicos

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da Folha Online

A União Européia (UE) exigiu nesta sexta-feira a libertação imediata dos 15 marinheiros e marines britânicos detidos há uma semana por forças iranianas , após terem supostamente invadido águas territoriais do Irã no golfo Pérsico.

Em um comunicado, o bloco europeu condena a prisão e reitera seu "apoio incondicional ao governo do Reino Unido". "A União Européia reforça o pedido para a libertação imediata e incondicional dos militares. Todas as evidências indicam que, no momento da captura, a equipe britânica realizava uma patrulha em águas iraquianas".

O bloco de 27 países afirmou que a detenção dos britânicos foi uma "afronta" à lei internacional, e que tomará "as medidas necessárias" caso o Irã se negue a libertá-lo.

Marcelo Katsuki/Fol
Não ficou claro que tipo de medida poderá ser tomada para solucionar a crise. A UE afirmou que voltará a tratar do caso em 15 dias caso a controvérsia ainda não esteja resolvida nesse prazo.

O bloco exigiu também que o Irã revele onde os marinheiros e marines estão detidos, e permita que o governo britânico tenha acesso consular aos militares.

O Reino Unido nega a invasão das águas iranianas, dizendo que os britânicos realizavam uma inspeção de rotina em águas do Iraque na região do canal de Shatt al Arab.

O impasse, que dura seis dias, já causou o corte das relações entre Reino Unido e Irã.

Os dois países viveram um incidente similar em 2004, quando o regime de Teerã manteve detidos durante três dias oito militares britânicos acusados de entrarem de forma ilegal em águas territoriais do Irã no golfo Pérsico. Na época, o Reino Unido também negou a invasão.

Diálogo

O chefe de política externa da União Européia (UE), Javier Solana, expressou a intenção de conversar com o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, a respeito da crise. "Tentarei conversar com ele para mostrar que [a detenção] é um erro (...) e que essa não é a maneira de um país que queira fazer parte da comunidade internacional se comportar", afirmou.

Nesta sexta-feira, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou que o Reino Unido deveria se desculpar pela suposta entrada ilegal dos 15 militares britânicos em suas águas.

"Por causa da atitude incorreta do governo britânico, o assunto tomou uma via jurídica", disse o presidente, segundo a TV iraniana, em uma nova conversa telefônica com o premiê turco, Recep Tayyip Erdogan.

Ahmadinejad destacou que "nos últimos anos, as tropas britânicas violaram o direito internacional e violaram as fronteiras iranianas", por isso o Reino Unido "deverá apresentar desculpas".

Carta

A Embaixada iraniana em Londres divulgou nesta sexta-feira uma terceira carta supostamente escrita pela marinheira britânica Faye Turney, 26, na qual ela critica a política adotada pelos governos do Reino Unido e dos Estados Unidos no conflito no Iraque.

AP
Vídeo mostra Faye Turney, 26, a única mulher do grupo de 15 marinheiros britânicos
Vídeo mostra Faye Turney, 26, a única mulher do grupo de 15 marinheiros britânicos
"Eu escrevo a vocês como uma cidadã britânica que foi enviada ao Iraque, sacrificada devido às políticas intervencionistas do [presidente dos EUA] George W. Bush e do [premiê britânico] Tony Blair. Fomos detidos após entrarmos em águas iranianas. Sinto muito por isso".

Na carta, Turney defende ainda que o Reino Unido e os EUA retirem suas tropas do Iraque e permitam que o país "se reerga por conta própria". "É chegada a hora de o governo [britânico] mudar seu comportamento opressivo contra outros povos", diz ainda o texto.

A primeira carta atribuída à marinheira britânica foi divulgada pelo Irã na quarta-feira (28). No texto, ela já admitia que o grupo havia entrado em águas do Irã. Uma segunda carta foi divulgada ontem pela rede Sky News. "Eu pergunto à Câmara dos Comuns por que deixam episódios como este ocorrerem novamente, e por que o governo não foi questionado", dizia.

Ontem o Irã anunciou também a suspensão da libertação de Turney. "Nós havíamos anunciado a libertação [da marinheira], mas por estarmos sendo pressionados e enfrentarmos um comportamento errado [do Reino Unido], ela será suspensa", afirmou Ali Larijani, chefe do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã.

Vídeos

Além da nova carta, o Irã também divulgou hoje um vídeo que mostra um dos 15 marinheiros e marines britânicos detidos há uma semana por forças iranianas, Nathan Thomas Summers, pedindo desculpas pelo grupo ter supostamente invadido áreas territoriais ido Irã.

"Eu peço desculpas por ter entrado em suas águas", afirma Summers, que é marine, no vídeo exibido pela rede de TV Al Alam. "Nós ultrapassamos a fronteira sem permissão".

Al Alam Television/Reuters
Em novo vídeo, marine britânico pede desculpas por invasão de águas iranianas
Em novo vídeo, marine britânico pede desculpas por invasão de águas iranianas
O Ministério de Relações Exteriores britânico condenou a gravação, dizendo que ela é "ultrajante" e tem "fins de propaganda". "Usar nosso pessoal militar com o propósito de fazer propaganda é escandaloso", afirmou um porta-voz ministerial.

O premiê britânico, Tony Blair, afirmou que os vídeos são "manipulados" e "não enganam a ninguém", e reiterou que a via diplomática é a "única solução possível" para a crise.

Turney apareceu em um primeiro vídeo divulgado pelo Irã na quarta-feira (28). Na gravação, a marinheira também admite que o grupo violou o limite da fronteira entre o Iraque e o Irã.

"Obviamente, nós invadimos as águas deles", diz ela no vídeo. "Eles foram muito amigáveis e hospitaleiros e nos explicaram por que havíamos sido detidos. Não houve agressão".

A gravação mostrava os marinheiros durante uma refeição. Turney apareceu vestida com uma túnica branca e com a cabeça coberta por um lenço preto.

ONU

Ontem, o Conselho de Segurança (CS) da ONU (Organização das Nações Unidas) pediu ao Irã que liberte os 15 militares britânicos detidos. O comunicado do CS da ONU foi emitido após o governo britânico ter circulado entre os países-membros um texto pedindo uma resolução contra o Irã pela prisão do grupo, que inclui marinheiros e fuzileiros navais.

"O Conselho de Segurança da ONU expressa grande preocupação com a captura, pela Guarda Revolucionária, e pela contínua detenção pelo governo do Irã dos 15 membros da Marinha do Reino Unido, e apela ao governo do Irã para permitir acesso consular aos detidos, nos termos das leis internacionais relevantes", diz o texto do comunicado.

"Membros do Conselho de Segurança apoiam o pedido por uma solução rápida para o problema, incluindo a libertação dos 15 britânicos", acrescenta o CS da ONU.

A tensão devido à prisão dos marinheiros chega na mesma semana em que o CS da ONU aprovou um novo pacote de sanções contra Teerã por sua insistência em manter o programa nuclear iraniano.

Com agências internacionais

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