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11/04/2007
-
22h50
da Folha Online
Contrariando os desejos da opinião pública e do Congresso, o governo dos Estados Unidos anunciou nesta quarta-feira que o prazo de permanência de cada soldado americano no Iraque e no Afeganistão será aumentado para até 15 meses em combate. O anúncio foi feito hoje pelo secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, e significa que os mais de cem mil soldados do país que hoje servem no Oriente Médio ficarão três meses além do previsto nestas guerras.
O anúncio chega pouco depois que a Câmara dos Representantes e o Senado americanos aprovaram medidas que prevêem a retirada completa das tropas do Iraque até 2008. Com a nova política do Pentágono, dezenas de milhares de soldados americanos que serão enviados em breve para o Iraque e o Afeganistão nos próximos meses servirão por um período 25% maior do que os prazos em vigor nos últimos cinco anos, de até 12 meses.
Gates disse que a mudança é necessária para impedir que cinco brigadas do Exército sejam reenviadas para combates antes de completar os desejáveis 12 meses de descanso em casa. Com a mudança, Gates argumentou ainda que as famílias dos soldados poderão prever com maior segurança o retorno dos combatentes.
O anúncio despertou críticas imediatas dos democratas, que vem tentando sem sucesso estabelecer um cronograma de retirada das tropas americanas do Iraque desde que conquistaram maioria no Congresso neste ano.
Para o deputado Ike Skelton (democrata), líder do Comitê de Serviços Armados da Câmara dos Representantes, a medida de Gates "atribuirá um fardo extra para um Exército já sobrecarregado". "Acho que isso terá um efeito assustador no recrutamento, retenção e prontidão [das tropas]. Não devemos subestimar o enorme impacto negativo dessa medida nas famílias dos soldados."
Para o senador John Kerry (democrata), o aumento dos prazos exporá voluntários do Exército a mais perigos. "O governo pede sempre mais aos soldados --que façam mais sem o equipamento necessário, que fiquem mais tempo no Iraque mesmo quando nossos generais afirmam que a guerra não tem solução", disse Kerry.
Dificuldades
O anúncio de hoje mostra que o Exército americano não tem prazo para abandonar o Iraque e que tem dificuldades para fornecer o número de tropas necessárias no terreno. A opinião pública dificilmente aprovará a mudança: segundo uma pesquisa publicada hoje pelo jornal "Los Angeles Times", 65% dos americanos desaprova a maneira como o conflito no Iraque vem sendo gerenciado.
A decisão envolve somente os militares do Exército, e não os fuzileiros navais, destacou o chefe do Estado-Maior Conjunto, general Peter Pace. Segundo Gates, esta nova política "permitirá ao Exército cumprir melhor seus esforços de guerra".
A ampliação do prazo de permanência no Iraque para 15 meses permitirá às Forças Armadas dos Estados Unidos manter este reforço "provavelmente durante ao menos um ano", disse o secretário de Defesa. "Esta decisão de hoje não indica quando terminará este esforço [de ampliação do tempo de missão]", destacou Pace.
O presidente George W. Bush anunciou em janeiro passado uma nova estratégia para o Iraque que incluirá o envio de mais 30 mil militares para tentar reduzir a violência em Bagdá e deter a escalada sectária no país.
Republicanos
Em meio ao conflito, republicanos e democratas continuam de lados opostos no que se refere ao iraque. O senador americano John McCain buscou nesta quarta-feira fortalecer sua campanha presidencial ao defender a controversa continuidade da guerra.
Pré-candidato republicano à Casa Branca na eleição de 2008, McCain afirmou hoje que prefere perder a corrida presidencial do que a guerra.
"Os que entre nós apoiamos a nova estratégia [para a guerra no Iraque] escolhemos um caminho difícil, porém bom, necessário e justo", afirmou o senador, em referência ao plano de segurança implantado em Bagdá e em outras regiões do Iraque que se baseia no aumento do efetivo de soldados americanos no país.
"Prefiro perder a campanha do que a guerra", completou.
McCain é veterano de guerra do Vietnã, onde foi prisioneiro por mais de cinco anos, e um senador conhecido por sua oratória e sua independência. Ele é o único legislador republicano que criticou o governo do presidente George W. Bush pelo tema da tortura.
Apesar de inicialmente criticar os rumos da guerra, McCain expressou hoje um "otimismo muito prudente" com os primeiros sinais de progresso constatados pelo Exército dos EUA no Iraque após o início do plano de segurança em Bagdá.
Em alusão à campanha democrata para a fixação de um prazo para a retirada das tropas do Iraque, o senador afirmou que em Washington "os cálculos políticos importam mais do que qualquer outra coisa". Ele acusou os democratas de "explorarem as frustrações da opinião pública e aceitarem a derrota".
O Congresso liderado pelos democratas se prepara para enviar ao presidente George W. Bush até o final deste mês uma lei que aprova o envio de US$ 96 bilhões para as guerras do Iraque e do Afeganistão, mas também prevê uma data para a saída americana do Iraque. Bush já prometeu vetar a proposta.
Com agências internacionais
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Pentágono aumenta prazo de permanência de soldados no Iraque
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Contrariando os desejos da opinião pública e do Congresso, o governo dos Estados Unidos anunciou nesta quarta-feira que o prazo de permanência de cada soldado americano no Iraque e no Afeganistão será aumentado para até 15 meses em combate. O anúncio foi feito hoje pelo secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, e significa que os mais de cem mil soldados do país que hoje servem no Oriente Médio ficarão três meses além do previsto nestas guerras.
O anúncio chega pouco depois que a Câmara dos Representantes e o Senado americanos aprovaram medidas que prevêem a retirada completa das tropas do Iraque até 2008. Com a nova política do Pentágono, dezenas de milhares de soldados americanos que serão enviados em breve para o Iraque e o Afeganistão nos próximos meses servirão por um período 25% maior do que os prazos em vigor nos últimos cinco anos, de até 12 meses.
Lawrence Jackson/AP |
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Robert Gates aumentou o prazo de permanência das tropas no Iraque |
O anúncio despertou críticas imediatas dos democratas, que vem tentando sem sucesso estabelecer um cronograma de retirada das tropas americanas do Iraque desde que conquistaram maioria no Congresso neste ano.
Para o deputado Ike Skelton (democrata), líder do Comitê de Serviços Armados da Câmara dos Representantes, a medida de Gates "atribuirá um fardo extra para um Exército já sobrecarregado". "Acho que isso terá um efeito assustador no recrutamento, retenção e prontidão [das tropas]. Não devemos subestimar o enorme impacto negativo dessa medida nas famílias dos soldados."
Para o senador John Kerry (democrata), o aumento dos prazos exporá voluntários do Exército a mais perigos. "O governo pede sempre mais aos soldados --que façam mais sem o equipamento necessário, que fiquem mais tempo no Iraque mesmo quando nossos generais afirmam que a guerra não tem solução", disse Kerry.
Dificuldades
O anúncio de hoje mostra que o Exército americano não tem prazo para abandonar o Iraque e que tem dificuldades para fornecer o número de tropas necessárias no terreno. A opinião pública dificilmente aprovará a mudança: segundo uma pesquisa publicada hoje pelo jornal "Los Angeles Times", 65% dos americanos desaprova a maneira como o conflito no Iraque vem sendo gerenciado.
4.abr.2007//Reuters |
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Soldado americano realiza patrulha em bairro de Bagdá |
A ampliação do prazo de permanência no Iraque para 15 meses permitirá às Forças Armadas dos Estados Unidos manter este reforço "provavelmente durante ao menos um ano", disse o secretário de Defesa. "Esta decisão de hoje não indica quando terminará este esforço [de ampliação do tempo de missão]", destacou Pace.
O presidente George W. Bush anunciou em janeiro passado uma nova estratégia para o Iraque que incluirá o envio de mais 30 mil militares para tentar reduzir a violência em Bagdá e deter a escalada sectária no país.
Republicanos
Em meio ao conflito, republicanos e democratas continuam de lados opostos no que se refere ao iraque. O senador americano John McCain buscou nesta quarta-feira fortalecer sua campanha presidencial ao defender a controversa continuidade da guerra.
Pré-candidato republicano à Casa Branca na eleição de 2008, McCain afirmou hoje que prefere perder a corrida presidencial do que a guerra.
Jim Mone/AP |
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Fuzileiros navais americanos levam caixão de colega morto no Iraque após funeral |
"Prefiro perder a campanha do que a guerra", completou.
McCain é veterano de guerra do Vietnã, onde foi prisioneiro por mais de cinco anos, e um senador conhecido por sua oratória e sua independência. Ele é o único legislador republicano que criticou o governo do presidente George W. Bush pelo tema da tortura.
Apesar de inicialmente criticar os rumos da guerra, McCain expressou hoje um "otimismo muito prudente" com os primeiros sinais de progresso constatados pelo Exército dos EUA no Iraque após o início do plano de segurança em Bagdá.
Em alusão à campanha democrata para a fixação de um prazo para a retirada das tropas do Iraque, o senador afirmou que em Washington "os cálculos políticos importam mais do que qualquer outra coisa". Ele acusou os democratas de "explorarem as frustrações da opinião pública e aceitarem a derrota".
O Congresso liderado pelos democratas se prepara para enviar ao presidente George W. Bush até o final deste mês uma lei que aprova o envio de US$ 96 bilhões para as guerras do Iraque e do Afeganistão, mas também prevê uma data para a saída americana do Iraque. Bush já prometeu vetar a proposta.
Com agências internacionais
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