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23/05/2007 - 21h11

Radicais rejeitam rendição e medo de ataques cresce no Líbano

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da Folha Online

Militantes islâmicos do grupo Fatah al Islam rejeitaram nesta quarta-feira um ultimato do ministro da Defesa do Líbano e prometeram resistir a qualquer ataque do Exército, elevando temores de que a violência se intensifique no país. O ministro exigiu a rendição dos radicais, sob ameaça de empreender uma operação decisiva de combate, e ordenou o reforço das posições do Exército ao redor do campo de refugiados palestinos Nahr el Bared, em Trípoli (norte).

22.mai.2005/Efe
Soldados libaneses aguardam em veículo blindado ao lado de ambulância perto do campo
Soldados libaneses aguardam em veículo blindado ao lado de ambulância perto do campo
O campo é o principal palco dos combates com o grupo radical, que já deixaram mais de 80 mortos desde o último domingo (20). Uma invasão do Exército ao local, densamente ocupado, poderá significar a morte de milhares de civis, e teria graves repercussões no Líbano, onde vivem cerca de 400 mil palestinos.

A organização Anistia Internacional criticou nesta quarta-feira o Exército libanês pelo uso de armamento pesado na tentativa de controlar Nahr el Bared. "A Anistia Internacional está particularmente preocupada com o uso de artilharia e outras armas pesadas, incluindo tiros de tanques, contra regiões densamente habitadas", afirmou o grupo.

Mas o Exército manteve a disposição de aumentar os ataques. "Preparações estão sendo feitas com seriedade para pôr um fim a esta situação", disse o ministro da Defesa, Elias Murr. "O Exército não vai negociar um grupo de terroristas e criminosos. Seu destino é a prisão ou, se eles resistirem, a morte", completou.

Segundo a Cruz Vermelha local, um terço dos 40 mil habitantes do campo de refugiados já fugiram devido aos combates entre o Exército e os radicais.

Explosões

No último sinal de que a luta pode se extender para fora das fronteiras de Nahr el Bared, uma bomba atingiu nesta quarta-feira a vila drusa de Aley, ao leste de Beirute. De acordo com os serviços de segurança locais, ao menos cinco pessoas ficaram feridas na explosão, que danificou lojas e casas próximas.

Ibrahim Kareem/Reuters
Polícia e civis checam local de explosão em Aley, perto de Beirute, na noite de hoje
Polícia e civis checam local de explosão em Aley, perto de Beirute, na noite de hoje
Policiais no local afirmaram que a bomba estava escondida em uma mala na entrada de um prédio a 200 metros do principal prédio governamental da cidade. Carros estacionados, cabos elétricos e paredes de construções foram arrasados na explosão.

A explosão sacudiu Aley por volta das 21h (15h de Brasília), e foi ouvida até a costa mediterrânea de Beirute, segundo a TV local. A autoria do ataque ainda não é conhecida.

Duas explosões, domingo e segunda-feira (21), mataram uma mulher e deixaram mais de 20 feridos em dois bairros diferentes de Beirute. A autoria das explosões não foi reivindicada por nenhum grupo, apesar dos contínuos confrontos.

Morte

A agência France Presse informou hoje, citando fontes da segurança libanesa, que foi encontrado o corpo de Bumedián, suspeito de ser o vice-líder do Fatah al Islam, na entrada do campo Nahr el Bared.

"A defesa civil, em colaboração com o Exército libanês que cerca o campo, descobriu sete cadáveres de combatentes do Fatah al Islam, um dos quais é Bumedián", informou a fonte, que falou em condição de anonimato.

22.mai.2007/Efe
Soldados do Líbano passam por posto de controle na entrada do campo de Nahr el Bared
Soldados do Líbano passam por posto de controle na entrada do campo de Nahr el Bared
Acusado de ligação com a rede terrorista Al Qaeda e os serviços de inteligência Sírios, o Fatah al Islam é dirigido por um palestino, Chaker Abssi, mas conta entre seus membros com pessoas de diversas nacionalidades árabes.

O grupo Fatah al Islam surgiu em 2006, após se separar do Fatah al Intifada, uma organização palestina que teria o apoio da Síria e é baseada no Líbano. A Síria nega.

Autoridades libanesas dizem ter detido membros sauditas, argelinos, tunisianos e libaneses do grupo. Apesar de ter pouco apoio entre os palestinos e contar com apenas centenas de integrantes, o Fatah al Islam é, aparentemente, bem armado e bem organizado.

Fuga

Apesar do sucesso parcial de um cessar-fogo que acalmou os enfrentamentos entre as duas partes nesta quarta-feira, parte dos 40 mil palestinos que vivem no campo de refugiados de Nahr el Bared, em Trípoli (norte do Líbano), deixaram o local.

Ihab Mowasy/Reuters
Palestinos deixam campo de refugiados durante trégua em confrontos no Líbano
Palestinos deixam campo de refugiados durante trégua em confrontos no Líbano
A violência diminuiu após um cessar-fogo informal decretado na tarde de ontem. Os confrontos, os piores enfrentamentos internos desde o final da Guerra Civil (1975-1990), mataram ao menos 81 pessoas-- 22 membros do grupo radical, 32 soldados e 27 civis--, de acordo com a agência de notícias Reuters.

Os palestinos que deixaram suas casas nesta quarta-feira descreveram cenas de violência. "Todas as casas foram destruídas. Estamos indo embora e não sabemos o que será de nós", disse Nizar Sharaf, 35, à agência Reuters. Ele carregava no colo o filho de quatro anos.

"Estou assustado, sinto como se estivesse morrendo", disse Radi Rabbani, 55, que recebia alimentos distribuídos por equipes humanitárias no campo de Beddawi, onde muitos moradores de Nahr el Bared procuraram abrigo.

Com France Presse, Reuters, Efe e Associated Press

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