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13/07/2007 - 08h24

Paquistão reforça segurança após ameaças de extremistas

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da Folha Online

A segurança foi elevada nesta sexta-feira em mesquitas e escritórios do governo do Paquistão, após radicais islâmicos ameaçaram protestos e ataques para vingar a invasão da Mesquita Vermelha de Islamabad, informaram oficiais. O cerco de uma semana e a invasão da mesquita deixaram ao menos 108 mortos, segundo dados do governo.

As medidas de segurança chegam um dia depois que uma coalizão de seis partidos religiosos do país apoiaram a convocação de 13 mil escolas islâmicas para um protesto contra o ataque à Mesquita Vermelha.

A rede terrorista Al Qaeda e o movimento islâmico radical afegão Taleban também prometeram atacar o Paquistão, ameaçando lançar ataques suicidas contra alvos governamentais. O irmão de um clérigo morto na Mesquita Vermelha convocou uma revolução islâmica no país.

Dois ataques suicidas foram registrados nesta quinta-feira, um dia depois do fim da invasão na mesquita, e deixaram ao menos sete mortos. A violência no nordeste do Paquistão já matou 35 pessoas desde o início do cerco em Islamabad, em ações supostamente ligadas à operação do Exército.

Os radicais da Mesquita Vermelha são acusados de apoiarem o movimento radical afegão Taleban e de tentarem estabelecer no Paquistão um regime similar ao que o grupo tinha no Afeganistão antes da invasão americana, em 2001. Eles se opõe também à aliança entre o presidente Musharraf e os Estados Unidos na chamada guerra contra o terror mundial.

Ação inevitável

O presidente do Paquistão, o general Pervez Musharraf, defendeu nesta quinta-feira a operação militar contra a radical Mesquita Vermelha de Islamabad e afirmou que combaterá e destruirá o extremismo religioso "em todos os cantos" do país.

Ali Imam/Reuters
Paquistaneses protestam contra governo do país após ação na Mesquita Vermelha
Paquistaneses protestam contra governo do país após ação na Mesquita Vermelha

A invasão do Exército começou na madrugada da última terça-feira (3), após uma semana de cerco, e terminou cerca de 35 horas depois. O total de mortos é de 108 em oito dias de confrontos.

Os confrontos em Islamabad foram resultado de meses de tensão entre governo e radicais da mesquita, que realizavam uma "campanha pela moralização" para pressionar pela aplicação da lei islâmica no Paquistão.

Após o fim da operação, jornalistas foram levados até um cômodo da mesquita onde um porta-voz do Exército disse que um homem-bomba se explodiu e matou ao menos seis pessoas. Os corpos estavam tão queimados que não foi possível identificar as vítimas ou dizer sua idade ou sexo, afirmou o porta-voz.

Entre os restos carbonizados de 19 pessoas encontrados na mesquita, poderia haver mulheres e crianças, segundo a France Presse, citando o Exército paquistanês. Veja as imagens da mesquita após a operação.

"Estou triste pela perda de vidas na operação, mas era inevitável", afirmou Musharraf, em discurso transmitido pela TV. Segundo o presidente, o número de vítimas foi maior pela demora da operação, que tentou chegar a um acordo por meio do diálogo.

Mais atentados

Ontem, dois atentados terroristas no noroeste do Paquistão deixaram ao menos sete mortos, incluindo ao menos três policiais, informaram autoridades locais. Especula-se que estes ataques sejam uma resposta de radicais islâmicos à ação em Islamabad.

No primeiro atentado, um terrorista suicida detonou uma bomba no escritório de um alto oficial do governo na região tribal de Norte Waziristan, matando duas pessoas. O agente policial Pirzada Khan, mais alto administrado do governo federal na região, não foi atingido. De acordo com um médico local, dois funcionários Khan morreram e outras duas pessoas ficaram feridas no ataque.

"Um homem vestido de negro se explodiu ao ser parado por um funcionário do escritório", disse Sher Zaman, um dos feridos na explosão. Zaman está internado em um hospital de Miranshah, principal cidade de uma região considerada bastião de simpatizantes do movimento radical islâmico afegão Taleban e da rede terrorista Al Qaeda.

Outro atentado suicida atingiu um veículo policial em Swat. O ataque matou cinco pessoas, incluindo três policiais. Segundo o oficial Abdul Kalam, três outras vítimas eram cúmplices do homem bomba. "Eles pararam uma patrulha policial e um deles se explodiu", afirmou Kalam. "Isso pode ter relação com o que ocorreu em Islamabad", disse, em alusão à invasão da Mesquita Vermelha.

Funeral

Nesta quinta-feira, inúmeros familiares e simpatizantes do clérigo Abdul Rashid Ghazi, que liderou os radicais da Mesquita Vermelha durante a maior parte do cerco do Exército em Islamabad, enterraram seu corpo na Província de Punjab (leste).

arquivo/AP
Foto aérea mostra complexo da Mesquita Vermelha sob ataque das forças militares
Foto aérea mostra complexo da Mesquita Vermelha sob ataque das forças militares

Ghazi foi morto a tiros na terça-feira, e seu corpo foi encontrado em um porão da mesquita. Quem liderou as orações foi seu irmão mais velho, Abdul Aziz, que era líder da mesquita até tentar fugir do cerco disfarçado sob uma burca e ser detido temporariamente pela polícia. Ghazi assumiu então a liderança. No funeral, Aziz disse esperar que a morte dos radicais na mesquita leve o Paquistão a uma "revolução islâmica".

Cerca de 70 outros seguidores do clérigo, no entanto, foram enterrados sem nenhum funeral em túmulos sem identificação ontem. Até o momento, números oficiais dão conta de ao menos 75 islâmicos mortos na mesquita na operação de invasão do Exército.

A invasão, ordenada pelo presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, despertou a ira da população em várias regiões tribais no noroeste do país. Apesar disso, a maior parte do país aprovou a decisão de acabar com a rebelião dos radicais contra o governo, segundo a agência Reuters.

Com Reuters, Associated Press, Efe e France Presse

 

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