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16/08/2007 - 18h55

Atentados matam 400 no Iraque; crianças estavam vivas sob escombros

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da Folha Online

Os mortos nas explosões em série ocorridas na última terça-feira (14) no Iraque--a ação a mais violenta no país desde o início do conflito, em 2003-- são 400, de acordo com o porta-voz do Ministério do Interior. Prefeitos das cidades próximas ao atentado e funcionários do governo chegaram a anunciar 500 mortos nesta quinta-feira. No meio dos escombros, quatro crianças foram encontradas com vida hoje.

Corpos ainda estão sendo retirados dos escombros no local do atentado, que aconteceu em uma área entre as vilas de Qahtaniya e Al Jazeera, a oeste de Mossul, no norte do Iraque.

Slahaldeen Rasheed/Reuters
Mulher caminha nas proximidades de local atingido pelos atentados
Mulher caminha nas proximidades de local atingido pelos atentados

Na terça-feira (14), cinco carros-bomba explodiram em uma área residencial onde vivem membros da minoria religiosa Yazidi. A ação, ocorrida em uma área entre as vilas de Qahtaniya e Al Jazeera, a oeste de Mossul, no norte do Iraque, também feriu cerca de 350 pessoas. Após as explosões, autoridades impuseram um toque de recolher em Sinjar, que fica próximo da fronteira com a Síria.

Em Qahtaniya, quatro crianças foram retiradas hoje com vida dos escombros. "Elas estavam soterradas nas ruínas de uma casa onde brincavam no momento das explosões. Nós não as ouvíamos até momentos antes de usar a escavadeira, que as teria matado", disse Saad Muhanad, um membro do conselho municipal na região.

Muhanad disse que as crianças eram da mesma família, mas não sabia se eram irmãos. Elas estavam com muita sede e também pediram comida ao resgate. O funcionário municipal afirmou que elas não estavam feridas e que os familiares chegaram para buscá-las algum tempo depois.

Desolação

"As pessoas estão em choque. Os hospitais estão sem remédios. As farmácias estão vazias", afirmou Abdul Rahim al Shimari, prefeito da cidade de Baaj, que também se localiza na região dos atentados.

Arte Folha Online

O prefeito disse que ao menos 250 famílias estão desabrigadas devido as atentados e que as equipes de resgate enterraram hoje 30 corpos não-identificados retirados dos escombros.

O funcionário público Qassim Khalaf afirmou que cinco de seus primos foram mortos nos ataques. "Há pouco tempo retirei o corpo de uma menina de sete anos dos escombros", disse o homem.

"Nós pedimos que a ONU venha cuidar dos Yazidi, porque nosso governo está hibernando", disse Khalaf.

Suspeitas

Os EUA afirmaram ontem que suspeitam da ligação da rede terrorista Al Qaeda com os ataques suicidas na região Yazidi. De acordo com o Exército, "ainda é cedo" para atribuir a responsabilidade a algum grupo, mas a "proporção e a natureza coordenada dos atentados" aponta para uma possível ação da rede.

"Consideramos a rede Al Qaeda a principal suspeita", afirmou o porta-voz militar Christopher Garver. Os EUA condenaram os atentados, que qualificaram de "bárbaros".

O Exército dos Estados Unidos no Iraque anunciou a morte de mais dois combatentes hoje. Eles morreram nesta quarta-feira no norte de Bagdá. A ação deixou seis feridos e aumentou o número de baixas americanas para 44 neste mês, segundo a Associated Press.

O premiê iraquiano, Nouri al Maliki, divulgou um comunicado atribuíndo a ação a "forças terroristas que buscam alimentar a violência sectária e prejudicar a unidade nacional".

Yazidi

Aparentemente, o alvo dos ataques era a etnia Yazidi, uma pequena comunidade estimada em 500 mil pessoas que se concentra nos arredores de Mossul e adora o anjo Melek Taus, considerado o Demônio para alguns muçulmanos e cristãos.

A etnia vive no norte do Iraque, fala dialeto curdo e possui cultura e religião próprias. Seus integrantes crêem em um Deus criador do mundo e respeitam os profetas da Bíblia e do Alcorão --em particular, Abraão-- mas veneram principalmente Malak Taus, que dirige os arcanjos e é com freqüência representado por um pavão.

Membros do grupo são alvos freqüentes de violência no norte do Iraque. Em abril último, uma adolescente yazidi, Duaa Khalil Aswad, 17, foi morta por estar apaixonada por um muçulmano. O vídeo de seu linchamento foi divulgado na internet. No mesmo mês, 23 membros da minoria foram mortos a tiros.

Aliança

Maliki também anunciou uma novo bloco político no país, entre curdos e xiitas, mas sem a presença dos sunitas.

O primeiro-ministro disse que os sunitas se recusaram a entrar no bloco, mas deixaram as portas abertas para um possível ingresso futuro.

Maliki afirmou que o acordo é um primeiro passo para desbloquear a estagnação política que atingiu o governo, composto por uma maioria de líderes xiitas, desde que chegou ao poder, em maio de 2006. O anúncio veio após três dias de negociações, e a exclusão dos sunitas é significativa, pois justamente o partido do vice-presidente, Tariq al Hashemi, não vai participar da nova coalizão. Hashemi é do moderado Partido Islâmico Iraquiano.

Al Maliki foi criticado por ter falhar em diminuir a a violência sectária no Iraque, que persiste apesar das tropas extras enviadas pelos Estados Unidos ao país. O episódio mais recente desta violência --e o mais brutal-- foi o atentado de terça-feira contra os Yazidi.

A nova coalizão asseguraria a maioria no Parlamento, de 275 membros. O grupo é formado por dois partidos xiitas, o Conselho Supremo Islâmico Iraquiano e o Dawa, e dois curdos, o União Patriótica do Curdistão e o Partido Democrático do Curdistão. Ao todo, eles possuem 181 cadeiras no Parlamento.

Al Maliki também pediu que a Frente de Acordo do Iraque, o maior bloco sunita, com 44 cadeiras, volte ao governo.

Com Associated Press e Reuters

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