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21/12/2007 - 19h38

Casa Branca se defende na Justiça no caso das gravações da CIA

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da Folha Online

O governo americano desmentiu nesta sexta-feira, diante de um juiz federal, que os vídeos de interrogatórios destruídos pela CIA (agência de inteligência americana) contivessem cenas de tortura de suspeitos de terrorismo detidos em Guantánamo.

"É inconcebível que as gravações destruídas diziam respeito a abusos, maus-tratos ou atos de tortura de detentos na base de Guantánamo", declarou a advogada da Casa Branca, Jody Hunt, durante um polêmico debate.

O juiz ainda deve ouvir os advogados da CIA e representantes de detentos de Guantánamo, que estimam que este sumiço de potenciais provas de tortura pode ser considerado como uma obstrução à Justiça.

No início deste mês, a CIA revelou que destruiu, em 2005, centenas de horas de gravações que documentavam os interrogatórios de integrantes da Al Qaeda que estavam sob sua custódia.

As gravações mostrariam agentes da CIA usando técnicas de tortura durante os interrogatórios.

O presidente Bush disse que desconhecia o fato de as fitas terem sido destruídas até ser informado pelo diretor da CIA, Michael Hayden, pouco antes do caso se tornar público.

Retratação

Nesta quarta-feira, a Casa Branca pediu que o jornal "The New York Times" corrigisse as informações de uma reportagem na qual o jornal acusa o governo de ter um papel maior no caso.

Segundo o "NYT", ao menos quatro advogados da Casa Branca fizeram parte de discussões com a CIA, entre 2003 e 2005, sobre a destruição dos vídeos secretos.

A porta-voz do governo Bush, Dana Perino, criticou o jornal por conta do impacto "pernicioso e penoso de sugerir que a Casa Branca abusou da confiança da opinião pública". "Pedimos formalmente que o 'New York Times' corrija esta história", disse ela em um comunicado.

Reuniões

Segundo o "NYT", fizeram parte das discussões Alberto R. Gonzales, que era conselheiro da Casa Branca em 2005; David S. Addington, que era conselheiro do vice-presidente, Dick Cheney; John B. Bellinger 3º, que em 2005 era advogado do Conselho de Segurança Nacional; e Harriet E. Miers, que sucedeu Gonzales como conselheiro da Casa Branca.

A reportagem reconhece, no entanto, que suas fontes ofereceram relatos díspares sobre a conveniência ou não de destruir as fitas.

Um ex-funcionário de inteligência disse ao jornal que membros da Casa Branca eram favoráveis à destruição das fitas.

Outras fontes, no entanto, asseguram que ninguém no governo respaldou a destruição.

As novas informações vêm à tona um dia depois que um juiz federal marcou uma audiência para determinar se a destruição das fitas pode ser considerada uma violação à ordem de preservação de evidências devido ao processo de 16 prisioneiros de Guantánamo (Cuba).

As gravações mostrariam o uso de técnicas de tortura durante os interrogatórios de Abu Zubaydah e Abd al Rahim al Nashiri, dois supostos membros da rede Al Qaeda, em 2002.

Tortura

Na semana passada, um ex-agente da CIA que diz ter participado de interrogatórios de um suposto terrorista ligado à Al Qaeda confirmou, em entrevista ao jornal "Washington Post", o uso de técnicas de tortura durante as sessões.

De acordo com o ex-agente John Kiriakou, o primeiro membro do alto comando da rede Al Qaeda capturado após o atentado de 11 de Setembro de 2001, Abu Zubaydah, entregou informações que permitiram à CIA desmantelar planos terroristas "em menos de um minuto" após ser submetido a técnicas de afogamento.

Kiriakou --que serviu como interrogador da CIA no Paquistão-- é o primeiro funcionário da CIA envolvido nos interrogatórios de dirigentes da Al Qaeda a falar publicamente.

Ao "Post", ele disse que não presenciou a sessão em que Zubaydah foi submetido às práticas de afogamento, mas chegou a interrogá-lo em um hospital paquistanês em 2002.

Segundo o ex-agente --que recebeu a descrição detalhada do interrogatório-- a tortura durou 35 segundos, até Zubaydah perder a consciência. De acordo com Kiriakou, o integrante da Al Qaeda afirmou, no dia seguinte, que contaria tudo o que os agentes quisessem.

O governo dos Estados Unidos nega haver prática de tortura durante os interrogatórios.

Com France Presse

 

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