Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
19/03/2008 - 14h02

Redução da violência não aumenta sensação de segurança no Iraque

Publicidade

da Efe

A violência que assola o Iraque após a invasão do país por tropas lideradas pelos Estados Unidos mostra sinais de redução e a Al Qaeda parece perder posições, mas a sociedade está cada vez mais armada e cada grupo - sunitas, xiitas e curdos - confia sua segurança às suas próprias milícias.

Em março de 2003, quando uma coalizão liderada pelos EUA invadiu o Iraque, o país árabe tinha um regime déspota que controlava a segurança com mão-de-ferro e arbitrariedade, apoiado em um Exército amplo e bem organizado.

O Iraque de hoje é um barril de pólvora, longe dos níveis de violência extrema registrados há um ano, mas onde o incipiente Exército reconstruído das cinzas é incapaz ainda de garantir a segurança em muitos locais e não mostra muita vontade de desarmar as milícias.

"Registramos uma diminuição da violência. No entanto, algumas milícias e grupos criminosos continuam suas atividades pela ineficácia das tropas iraquianas e a situação política do país", afirmou à agência de notícias Efe o general Abu Hassan, um dos dirigentes das forças de segurança no Iraque.

Hassan considera que a "falta de confiança" entre as distintas partes envolvidas no processo político, seja entre sunitas e xiitas, ou entre árabes e curdos, levou os iraquianos a criar suas próprias forças por temor às outras.

Vários analistas iraquianos consideram importante colocar o país sob observação da Oraganizações das Nações Unidas e dar início a um novo processo político, sem ocupação estrangeira, para evitar uma guerra civil no Iraque.

Nos últimos dias, políticos iraquianos apresentaram ao secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki moon, um relatório no qual pedem que a organização assuma a supervisão do processo no Iraque para que se possa obter uma reconciliação nacional.

O relatório, ao qual a Efe teve acesso, descreve a situação como "miserável" pelas "destruições que o país sofreu ao longo dos cinco anos de ocupação, a manutenção da violência sangrenta e o fracasso no processo político".

Apesar da queda em suas atividades, alguns grupos insurgentes ligados à Al Qaeda se instalaram em áreas do norte do Iraque, sobretudo nas províncias de Salah ad-Din, Ninawa e Diyala.

No entanto, as ações da Al Qaeda diminuíram, graças, entre outras coisas, à pressão dos chamados "Conselhos de Salvação", ou milícias de voluntários sunitas que lutam contra o grupo terrorista.

Essas milícias, como aponta um general da Polícia iraquiana na província de Salah ad-Din que prefere ser identificado apenas como Issa, foram úteis na luta contra o terrorismo, mas não deixam de ser grupos armados que só respondem a seus próprios líderes tribais sunitas.

Nesse sentido, considerou que o Governo ainda não conseguiu impor a lei e garantir a proteção aos direitos humanos em muitas regiões do país.

Enquanto isso, os Estados Unidos seguem acusando o Irã de patrocinar a violência no país vizinho.

O almirante Patrick Driskol, chefe adjunto do departamento de contatos estratégicos das forças da coalizão, acredita que "há organizações no Irã que financiam e treinam grupos criminosos para depois enviá-los ao Iraque".

Afirmou que durante as operações militares desenvolvidas ultimamente pela coalizão foram apreendidos foguetes de fabricação iraniana de calibre 240 milímetros.

Driskol acrescentou que, segundo um relatório do Pentágono, "o progresso obtido pelo Executivo no âmbito da segurança ainda é frágil, e que, por isso, está condicionado - no longo prazo - à capacidade do país de resolver assuntos políticos e econômicos".

Além disso, advertiu que o papel das milícias curdas "peshmerga", que operam no norte do país, seguirá ganhando importância enquanto a Al Qaeda, a milícia radical xiita "Exército Mehdi" e outras formações políticas com braços armados representarem uma ameaça para a segurança do país.

Estima-se que a incorporação dos "peshmerga" - grupos compostos por até 70 mil milicianos - ao Exército iraquiano ainda demande tempo.

O primeiro-ministro iraquiano, Nouri al-Maliki, declarou há dois anos, quando apresentou sua candidatura, que sua prioridade seria dissolver todas as milícias e incorporar os membros desses grupos ao Exército.

Dois anos depois, as milícias estão mais fortes que nunca e o Iraque vive uma enganosa e relativa calma, à espera de avanços reais na área da segurança.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página