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Violência impedirá eleições livres no Zimbábue, diz ONG
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da Efe, em Johanesburgo
Os crescentes níveis de violência política acabaram com qualquer esperança de serem realizadas eleições livres e justas no dia 27 de junho no Zimbábue, afirmou nesta segunda-feira em comunicado a organização pró-direitos humanos Human Rights Watch (HRW).
"Desde que o segundo turno da eleição foi anunciado, a violência no Zimbábue aumentou", disse Georgette Gagnon, diretora da HRW na África. "O povo do Zimbábue não pode votar livremente se teme que isto possa acabar com sua vida", acrescentou.
29.mar.2008/Howard Burditt/Reuters |
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O ditador Robert Mugabe deposita seu voto em Harare; após 28 anos, ele pode deixar poder |
A HRW elaborou um extenso relatório no qual denunciava que ao menos 36 pessoas foram assassinadas por razões políticas desde o primeiro turno das eleições, em 29 de março, e mais de 2.000 pessoas foram vítimas de violência.
"Documentamos inúmeros incidentes de seqüestros, espancamentos, torturas e massacres realizados pelos oficiais e partidários do partido no poder, a União Nacional Africana do Zimbábue (Zanu, em inglês)", disse a HRW em seu comunicado.
"O Zanu e seus aliados estabeleceram por todo o país campos de tortura e de reeducação totalmente abusivos para obrigar os membros do Movimento para a Mudança Democrática (MDC, em inglês) --partido de oposição-- a votarem em Mugabe", publica a HRW no relatório.
Centenas de pessoas foram vítimas de agressões, em alguns casos mortais, com troncos, chicotes, correntes de bicicleta e outros objetos durante as reuniões nos campos de "reeducação".
Segundo o relatório, mais de 3.000 pessoas fugiram da violência e precisaram ir para cidades e povoados espalhados por todo o país, em locais onde não têm acesso adequado a comida e água. Além disso, um número desconhecido de pessoas deslocou-se para os países vizinhos de Moçambique, Botsuana e África do Sul.
"O presidente Mugabe e o governo do Zimbábue são os responsáveis absolutos por estes sérios crimes", afirmou Georgette Gagnon no comunicado publicado hoje.
12.abr.2008/Siphiwe Sibeko/Reuters |
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Morgan Tsvangirai, do Movimento Mudança Democrática (MDC), em cúpula na Zâmbia |
"Os membros da União Africana (AU) e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) não deveriam ignorar a situação", disse Gagnon. "Deveriam deixar claro ao Zimbábue que não aprovarão as eleições e seus resultados se o governo não tomar medidas imediatas para acabar com a violência", acrescentou.
O presidente do Zimbábue, Mugabe, e o líder da MDC, Morgan Tsvangirai, vão se enfrentar em 27 de junho no segundo turno das eleições presidenciais. No primeiro turno, realizado em 29 de março, Mugabe perdeu o poder no Parlamento pela primeira vez em 28 anos.
O segundo turno das eleições presidenciais será necessário, pois nenhum dos partidos conseguiu a maioria absoluta exigida no país para ser declarado vencedor.
O MDC nunca aceitou o resultado do primeiro turno, publicado mais de um mês após a votação, e no qual conseguiu 47,9% dos votos válidos.
"Isto é um escândalo, um 'roubo', não podemos acreditar", disse o porta-voz do MDC, Nelson Chamisa, ao tomar conhecimento dos resultados.
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