ONU e Geórgia dizem que tropas russas bloqueiam retorno de refugiados

Tropas russas no território da Geórgia estão impedindo milhares de refugiados de retornarem para as suas casas, afirmou uma autoridade georgiana e uma representante da ONU (Organização das Nações Unidas) neste sábado.

O governador de Gori, cidade georgiana ocupada pelas forças russas durante o conflito, afirmou que soldados do país vizinho ainda ocupam vilas próximas e impedem os moradores de retornarem para as suas casas. "Os russos têm postos de controle e ainda não conseguimos levar essas pessoas de volta aos seus lares", disse Lado Vardzelashvili.

Melita Sunjic, porta-voz do Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados da ONU), afirmou não ser certo que as tropas russas impedem o retorno, mas confirmou que os soldados estão alertando os refugiados sobre a insegurança da situação, o que os impede de voltar. "Se eles dizem que não podem garantir a segurança, as pessoas não vão", disse.

O Acnur abriga cerca de 2.000 refugiados do conflito em seus acampamentos em Gori e cerca de 156 mil em toda região. Estes refugiados esperam retornar para as vilas nas chamadas "zonas de segurança" que a Rússia diz garantir.

Segundo o governador, 28 mil pessoas de vilas da região ainda não podiam retornar para casa. O número não foi confirmado pela organização Human Rights Watch, que pediu que a Rússia investigue relatos de saques e destruição das vilas por milícias ossetianas.

Ainda segundo Vardzelashvili, os russos não fazem nada para prevenir o saque nas cidades esvaziadas. "A ameaça de paramilitares, irregulares, ocupando e roubando ainda é muito grande. Aparentemente, os militares russos não estão dispostos a prevenir estes casos", completou.

Rússia

A Rússia alega que está no seu direito, dentro de um cessar-fogo, de manter tropas de paz em uma região fora das zonas rebeldes, um ponto contestado por Nicolas Sarkozy, presidente francês que ocupa a liderança da União Européia, que intermediou o acordo.

Os militares russos ainda mantêm postos de controle na Geórgia e patrulham um porto do Mar Negro. Contudo, Moscou já retirou grande parte das forças mobilizadas para impedir a tentativa da Geórgia de retomar o controle sobre duas províncias separatistas.

Nesta sexta-feira, Moscou reconheceu a independência da Ossétia do Sul e da Abkházia, movimento que originou críticas dos governos ocidentais que alegam que a presença russa em território georgiano equivale a uma ocupação parcial.

A Rússia enviou tropas e veículos militares para a região há três semanas, após a Geórgia ter destacado militares em uma tentativa fracassada de retomar a Ossétia do Sul. Moscou afirmou que sua medida era necessária para impedir um "genocídio" de civis na Geórgia.

Com Reuters e Associated Press