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12/09/2002 - 13h47

Confira a primeira parte do discurso de Bush na ONU

da Folha Online*

"Sr. secretário-geral, sr. presidente, distintos delegados, senhoras e senhores: nós nos encontramos um ano e um dia depois que um ataque terrorista trouxe pesar ao meu país, e trouxe pesar a muitos cidadãos de nosso mundo. Ontem, nós lembramos de vidas inocentes tiradas naquela manhã terrível. Hoje, nós nos voltamos à responsabilidade urgente de proteger outras vidas, sem ilusão e sem medo.

"Nós fizemos muito no último ano - no Afeganistão e além. Nós ainda temos muito o que fazer - no Afeganistão e além. Muitas nações representadas aqui se uniram na luta contra o terrorismo global, e o povo dos Estados Unidos está agradecido.

"Os Estados Unidos nasceram da esperança dos que sobreviveram a uma guerra mundial -a esperança de um mundo movido pela Justiça, deixando de lado velhos padrões de conflito e medo. Os membros da fundação [do país] resolveram que a paz do mundo nunca mais deveria ser destruída pelo desejo e a maldade de homem algum. Nós criamos o Conselho de Segurança das Nações Unidas, então nele, ao contrário da Liga da Nações, nossas deliberações seriam mais que conversa, nossas resoluções seriam mais que desejos. Depois de gerações de ditadores farsantes e tratados quebrados e vidas perdidas, nós nos dedicamos a padrões de dignidade humana partilhados por todos, e a um sistema de segurança defendido por todos.

"Hoje, esses padrões, e esta segurança, foram desafiados. Nosso compromisso com a dignidade humana é desafiado pela pobreza persistente e doenças terríveis. O sofrimento é grande, e nossas responsabilidades são claras. Os Estados Unidos estão se unindo ao mundo para fornecer ajuda até onde alcançamos as pessoas e salvamos vidas, para aumentar o comércio e a prosperidade que isso traz, e para levar ajuda médica onde ela é desesperadamente necessária.

"Como um símbolo de nosso comprometimento com a dignidade humana, os Estados Unidos irão retornar à Unesco. Esta organização foi reformada e a América vai participar totalmente de sua missão de promover os direitos humanos e a tolerância e o aprendizado.

"Nossa segurança comum é desafiada por conflitos regionais -rixa ética e religiosa que é ancestral, mas não inevitável. No Oriente Médio, não pode haver paz para ambos os lados sem liberdade para ambos os lados. A América permanece comprometida com uma Palestina independente e democrática, vivendo ao lado de Israel em paz e com segurança. Como todas as outras pessoas, os palestinos merecem um governo que sirva a seus interesses e ouça suas vozes. Minha nação vai continuar a encorajar todas as partes a avançar em suas responsabilidades, assim como nós buscamos um acordo amplo e justo ao conflito.

"Acima de tudo, nossos princípios e nossa segurança foram desafiados hoje por grupos fora-da-lei, regimes que aceitam a falta de lei da moralidade e não têm limite a suas ambições violentas. No ataque à América um ano atrás, nós vimos as intenções destrutivas de nossos inimigos. Esta ameaça esconde-se em muitas nações, incluindo a minha. Em células e campos, os terroristas estão planejando mais destruição, e construindo bases novas para sua guerra contra a civilização. E nosso maior medo é que os terroristas encontrem um atalho para suas ambições loucas quando um regime fora-da-lei supri-los com as tecnologias para matar em grande escala.

"Em um lugar -em um regime-, nós encontramos todos esses perigos, em suas formas mais letais e agressivas, exatamente o tipo de ameaça agressiva que os Estados Unidos nasceram para confrontar.

"Doze anos atrás, o Iraque invadiu o Kuait sem provocação. E as forças do regime estavam prontas para continuar sua marcha para dominar outros países e seus recursos. Se Saddam Hussein tivesse sido apenas acalmado em vez de controlado, ele teria colocado em perigo a paz e a estabilidade do mundo. Mas sua agressão foi barrada -pela bravura de forças de coalizão e a vontade das Nações Unidas.

"Para suspender hostilidades, para se preservar, o ditador do Iraque aceitou uma série de compromissos. Os termos eram claros, para ele e para todos. E ele concordou em provar que cumpre cada uma daquelas obrigações.

"Em vez disso, ele tem provado apenas seu desprezo às Nações Unidas e a todas as suas promessas. Ao quebrar cada obrigação -por sua decepção, e por sua crueldade-, Saddam Hussein virou seu compromisso contra ele próprio.

"Em 1991, a resolução 688 do Conselho de Segurança determinou que o regime iraquiano cessasse de uma vez por todas a repressão a seu próprio povo, incluindo a repressão sistemática das minorias -o que, segundo o conselho, ameaçava a paz internacional e a segurança na região. Esta exigência foi ignorada.

"No ano passado, a comissão da ONU para os Direitos Humanos descobriu que o Iraque continua a cometer gravíssimas violações dos direitos humanos, e que a repressão do regime é total. Dezenas de milhares de oponentes políticos e cidadãos comuns foram subjugados com prisões arbitrárias, execução sumária e tortura, por espancamento e queimaduras, choque elétrico, fome, mutilação e estupro. Mulheres são torturadas em frente de seus maridos, crianças na presença dos pais -e todos esses horrores são escondidos do mundo pelo aparato do Estado totalitário.

"Em 1991, o Conselho de Segurança da ONU, pela resolução 686 e 687, exigiu que o Iraque libertasse todos os prisioneiros do Kuait e de outras nações. O regime do Iraque concordou. E quebrou sua promessa. No ano passado, o alto comissário da Secretaria Geral para esse assunto reportou que kuaitianos, sauditas, indianos, sírios, libaneses, iranianos, egípcios, barenitas, entre outras nacionalidades, permanecem inexplicavelmente presos -mais de 600 pessoas. Um piloto norte-americano está entre elas.

"Em 1991, o Conselho de Segurança da ONU, pela resolução 687, exigiu que o Iraque renunciasse a todo o envolvimento com o terrorismo, e não permitisse que organizações terroristas operassem no Iraque. O regime do Iraque concordou. E quebrou sua promessa. Em violação à resolução 1373 do Conselho de Segurança, o Iraque continua a abrigar e apoiar organizações terroristas que direcionam violência contra Irã, Israel e governos ocidentais. Dissidentes iraquianos no exterior são alvos de assassinato. Em 1993, o Iraque tentou assassinar o emir do Kuait e um ex-presidente norte-americano. O governo do Iraque abertamente elogiou os ataques de 11 de setembro. E os terroristas da Al Qaeda escaparam do Afeganistão e sabe-se que estão no Iraque.

"Em 1991, o regime iraquiano concordou em destruir e parar o desenvolvimento de todas as armas de destruição em massa e mísseis de longo alcance, e para provar ao mundo, deveria aceitar inspeções rigorosas. O Iraque quebrou cada aspecto dessa promessa fundamental.

"De 1991 a 1995, o regime iraquiano disse que não tinha armas biológicas. Depois que um alto funcionário de seu programa de armas desertou e expôs sua mentira, o regime admitiu produzir dezenas de milhares de litros de antraz e outros agentes biológicos mortais para o uso em mísseis Scud, bombas aéreas e aeronaves com tanques de spray. Os inspetores da ONU acreditam que o Iraque produziu mais de três toneladas métricas de material que poderia ser usado para produzir armas biológicas. Neste momento, o Iraque está expandindo e melhorando estruturas que foram usadas para produzir armas biológicas.

"As inspeções das Nações Unidas também revelaram que o Iraque mantém estoques de matéria-prima de gás sarin, gás mostarda e outros agentes químicos, e que o regime está reconstruindo e expandindo estruturas capazes de produzir armas químicas.

"E em 1995, depois de quatro anos de decepção, o Iraque finalmente admitiu que possui um rápido programa de armas nucleares desde antes da Guerra do Golfo. Nós sabemos agora que, se não fosse aquela guerra, o regime no Iraque já teria uma arma nuclear não além de 1993.

"Hoje, o Iraque continua a reter informação importante sobre seu programa nuclear -desenhos de armas, registros de aquisição, dados experimentais, um certo número de materiais nucleares e documentação de assistência externa. O Iraque emprega cientistas e técnicos nucleares capazes. Ele mantém a infra-estrutura física necessária para construir uma arma nuclear. O Iraque fez diversas tentativas de comprar tubos de alumínio de alta resistência usados para armazenar o urânio enriquecido em uma arma nuclear. Se o Iraque adquire material de fusão, ele é capaz de construir uma arma nuclear em menos de um ano. E a mídia estatal e controlado do Iraque reportou numerosas reuniões entre Saddam Hussein e seus cientistas nucleares, deixando poucas dúvidas sobre seu contínuo apetite por estas armas."

"O Iraque também possui uma esquadra de mísseis tipo Scud com alcance além dos 150 quilômetros permitidos pela missão da ONU em estruturas de produção e teste, e mostram que o Iraque está construindo mais mísseis de longo alcance, os quais podem infligir morte em massa na região.

"Em 1990, depois da invasão iraquiana do Kuait, o mundo impôs sanções econômicas ao Iraque. Aquelas sanções foram mantidas depois da guerra para forçar a obediência do regime às resoluções do Conselho de Segurança. No tempo apropriado, foi permitido ao Iraque usar os rendimentos do petróleo para comprar comida. Saddam Hussein subverteu o programa, trabalhando à margem das sanções para comprar tecnologia para mísseis e materiais militares. Ele culpa as Nações Unidas pelo sofrimento do povo do Iraque, enquanto usa a riqueza do petróleo para construir palácios ostensivos, e para comprar armas para seu país. Ao recusar o cumprimento de seus próprios acordos, ele tem culpa total pela fome e pela miséria dos inocentes cidadãos iraquianos.

"Em 1991, o Iraque prometeu aos inspetores da ONU acesso imediato e irrestrito para verificar o compromisso do Iraque de se livrar de armas de destruição em massa e mísseis de longo alcance. O Iraque quebrou seu compromisso, passando sete anos enganando, esquivando-se e atrapalhando os inspetores da ONU antes de cessar totalmente a cooperação. Apenas alguns meses depois do cessar-fogo de 1991, o Conselho de Segurança por duas vezes renovou sua exigência de que o regime iraquiano cooperasse totalmente com os inspetores, condenando as sérias violações do Iraque a suas obrigações. O Conselho de Segurança novamente renovou seu pedido em 1994, e mais duas vezes em 1996, lamentando as claras violações do Iraque a suas obrigações. O Conselho de Segurança renovou seu pedido mais três vezes em 1997, citando violações flagrantes; e mais três vezes em 1998, chamando o comportamento do Iraque de totalmente inaceitável. E em 1999, o pedido foi renovado mais uma vez."

*Tradução de Cristina Amorim, da Folha Online

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