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02/12/2008 - 10h44

Cólera mata quase 500 no Zimbábue em meio a crise política e econômica

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da Folha Online

A cólera matou quase 500 pessoas no Zimbábue no maior surto registrado recentemente no país, informou a Organização Mundial de Saúde (OMS) nesta terça-feira. A disseminação da doença chega em meio a um período turbulento de crise política e econômica no Zimbábue.

A OMS disse em um relatório que o surto está afetando a maioria das regiões do país, com taxa de mortalidade de mais de 50% em algumas áreas. Foram registradas 473 mortes e 11.700 casos.

"Os surtos de cólera ocorrem anualmente no Zimbábue desde 1998, mas as epidemias anteriores nunca atingiram as proporções de hoje. A última epidemia de larga escala aconteceu em 1992, com 3 mil casos registrados", disse o relatório da OMS.

Philimon Bulawayo/Reuters
Pacientes com cólera recebem tratamento em clínica de Harare, doença virou surto no país
Pacientes com cólera recebem tratamento em clínica de Harare, doença virou surto no país

Grupos em defesa dos direitos humanos no Zimbábue estimam que mais de mil pessoas morreram por causa desta doença, que pode ser prevenida com condições sanitárias adequadas e tratada. Contudo, o sistema de distribuição da água entrou em colapso na capital Harare e em outras cidades, o que força os moradores a beber água de poços e rios contaminados.

O país, que já foi um dos mais prósperos do continente africano, hoje sofre com as maiores taxas de inflação diárias --que oficialmente chega a 231.000.000% ao ano. A falta de comida e limite de saques nos bancos nacionais agravam a situação do país.

O Exército afirmou estar preocupado com confrontos entre soldados e moradores locais revoltados com a situação atual do país. Dezenas de soldados não armados se envolveram em batalhas com máfias e policiais no centro de Harare, depois de pegarem dinheiro de vendedores e cambistas ilegais, aumentando o temor da instabilidade no país.

"Estes são simplesmente soldados indisciplinados; Como você sabe, nós tivemos desertores, que estão nos dando problemas", disse Simon Tsatsi, porta-voz do Exército Nacional do Zimbábue.

"Nós estamos preocupados com estes acontecimentos, que não são sancionados pelo Exército", disse Tsatsi, acrescentando que seis soldados já foram presos na semana passada.

"Como você sabe, a polícia permanece no poder para manter a lei e ordem durante os tempos de paz, nós estamos trabalhando com eles e investigando este tema", disse Tsatsi.

Instabilidade política

O governo do presidente Robert Mugabe, que está no poder desde 1980, argumenta que o sistema de saúde e a economia do país estão em colapso por causa das sanções impostas pelo ocidente como medida para encerrar os conflitos políticos. Segundo o governo, as medidas impediram que Mugabe tirasse milhares de fazendeiros brancos do país e redistribuísse as terras para negros.

Os críticos dizem que Mugabe, 84, arruinou a economia do Zimbábue com políticas irresponsáveis e falta de gerenciamento.

A situação fica ainda pior já que o país não tem um governo efetivo há meses. O líder da oposição, Morgan Tsvangirai, derrotou Mugabe nas eleições presidenciais realizadas em 29 de março, mas por não ter obtido maioria absoluta dos votos foi realizado um segundo turno, em 27 de junho.

No entanto, uma semana antes da realização do mesmo, Tsvangirai se retirou das eleições por causa de ataques contra seus partidários por forças fiéis a Mugabe, que obteve mais de 80% dos votos.

Mugabe e Tsvangirai assinaram um acordo de divisão do poder em 15 de setembro passado, mas até agora não conseguiram chegar a um consenso. A definição do novo governo, no qual Tsvangirai assume como primeiro-ministro e Mugabe fica como presidente, depende das disputas pelos 31 postos ministeriais.

O opositor Movimento pela Mudança Democrática (MDC) acusa Mugabe e seu partido, o ZANU-PF, de tentar arrebatar todos os principais cargos. Tsvangirai disse nesta segunda-feira (1º) que a oposição mantém "resistência democrática pacífica".

 

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