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10/02/2003 - 15h59

Alemanha, França e Rússia divulgam declaração contra guerra

da Folha Online

A França, Rússia e Alemanha firmaram hoje uma declaração conjunta se opondo à guerra contra o Iraque.

O presidente francês, Jaques Chirac, e o presidente russo, Vladimir Putin, concederam uma entrevista coletiva, com transmissão ao vivo pela rede CNN, falando sobre os detalhes da declaração, que pede a continuidade e o "fortalecimento significativo" das inspeções no Iraque.

"Nada justifica atualmente uma guerra. Tudo permite pensar que o objetivo [do desarmamento iraquiano] pode ser conseguido mediante o sistema de inspeções previsto pela resolução 1441 aprovada unanimamente" pelo Conselho de Segurança em novembro passado, disse Chirac.

O presidente russo mostrou-se totalmente de acordo com as observações de Chirac. "Nós somos contra a guerra", reiterou Putin.

Chirac leu aos jornalistas em Paris a declaração conjunta. "Rússia, Alemanha e França são favoráveis à continuação das inspeções e um reforço substancial da capacidade humana e técnica por todos os meios possíveis e em coordenação com os inspetores", diz o comunicado.

"Rússia, Alemanha e a França estão determinadas a garantir que seja feito todo o possível para desarmar o Iraque pacificamente", acrescenta a declaração.

Chirac afirmou ainda que a guerra deve ser o último recurso, que há ainda espaço para manobras sob a resolução 1.441 da Organização das Nações Unidas e que as discussões "devem continuar no espírito de amizade e respeito que caracteriza nossa relação com os Estados Unidos".

Otan

Ainda hoje, a Alemanha, a Bélgica e a França vetaram o pedido dos EUA à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) de iniciar já os preparativos para aumentar as defesas da Turquia diante de um possível ataque ao Iraque.

A Turquia, que na semana passada liberou aos EUA a modernização de suas bases militares -que podem servir para ataques dos EUA ao Iraque em caso de guerra-, teme sofrer represálias do Iraque.

Alemanha, Bélgica e França consideram que iniciar os preparativos enquanto tentam aproveitar as vias diplomáticas para resolver a crise do Iraque poderia prejudicar esses esforços.

Os três países alegam não haver motivos para começar a movimentação militar e que dar início a esse tipo de ação seria aceitar a "lógica da guerra".

A oposição dos três países revelou as profundas divisões mundiais sobre um ataque ao Iraque.

O secretário de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, classificou a iniciativa da Alemanha, França e Bélgica como "uma desgraça" e disse que países que se opõem ao plano de reforçar as defesas da Turquia seriam condenados por seu próprio povo.

Petróleo

O Iraque está localizado em um território que é o segundo maior campo de petróleo do mundo, e muitos dizem que o principal interesse dos EUA está no produto, inclusive líderes de países europeus e de outras partes do mundo. Verdade ou não, o passado do presidente norte-americano acaba deixando dúvidas sobre seu real interesse em derrubar o presidente Iraquiano, Saddam Hussein. Bush atuou como alto executivo da empresa petrolífera Arbusto Energy/Bush Exploration entre 1978 e 1984. Mais tarde, trabalhou como executivo-sênior da companhia petrolífera Harken (1986-1990).

Seu vice, Dick Cheney, também já esteve diretamente ligado ao setor petrolífero no período de 1995 a 2000. Ele foi executivo-chefe da companhia petrolífera Halliburton. Ademais, a conselheira norte-americana para assuntos de segurança nacional de Bush, Condoleezza Rice, atuou como executiva-sênior da companhia petrolífera Chevron, que batizou um petroleiro com o nome dela, entre 1991 e 2000.

Os Estados Unidos e o Reino Unido acusam o Iraque de ter um arsenal de armas químicas e biológicas que vai contra as determinações da ONU, e de estar construindo instalações para fabricar mais armamentos. Ademais, Saddam é acusado pelos dois países de ter fortes relações com grupos terroristas que são capazes de utilizar "armas de destruição em massa". Bagdá nega as acusações.

O desarmamento dos arsenais de destruição em massa e mísseis iraquianos foi determinado pela ONU após a Guerra do Golfo (1991) como uma punição ao Iraque, que invadiu o Kuait em 1990.

Entre 1991 e 1998, a Comissão Especial da ONU para o Desarmamento do Iraque visitou dezenas de locais e destruiu grande quantidade de armas.

O Iraque aceitou de forma incondicional a nova resolução da ONU, chamada de resolução 1441, aprovada por unanimidade pelo Conselho de Segurança no dia 8 de novembro.

A resolução determinou a entrada de inspetores de armas no país, com acesso ilimitado a todo e qualquer local suspeito de produzir armas químicas, biológicas ou nucleares -inclusive os palácios do governo iraquiano. Caso contrário, o Iraque enfrentará "sérias consequências".

Até o momento, os inspetores de armas não encontraram nenhum tipo de prova contra o Iraque, embora tenham afirmado no dia 27 de janeiro, por meio do chefe do grupo, Hans Blix, que o país não estava cooperando tanto quanto deveria.

Na quarta-feira (5), citando informações de inteligência, Powell disse ao Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) que o Iraque tem escondido dos inspetores de armas da entidade equipamentos de seus supostos programas de armamentos químicos, biológicos e nucleares. Como prova de suas acusações, Powell apresentou fotos feitas por satélites e trechos de gravações que teriam sido captadas de conversas entre oficiais iraquianos.

Com agências internacionais

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