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16/03/2003
-
15h52
O presidente dos EUA, George W. Bush, disse no domingo após a cúpula tripartite em conjunto com o Reino Unido e a Espanha, na base norte-americana de Lajes, nas ilhas dos Açores (Portugal), que esta segunda-feira será o "momento da verdade" para o mundo, referindo-se ao impasse iraquiano.
"Nós concluímos que amanhã [segunda] é o momento da verdade para o mundo. Esta cúpula (nos Açores) é a última iniciativa diplomática para o Iraque se desarmar", disse Bush. "O Iraque vai ser desarmar sozinho ou será desarmado por meio da força", completou.
Bush disse que a decisão para evitar uma guerra é apenas de Saddam Hussein (presidente do Iraque), referindo-se ao possível exílio do líder Iraquiano. "Ele (Saddam) pode evitar a guerra, se deixar o governo e livrar o povo iraquiano."
No mês passado, quando o enviado russo Yevgeny Primakov se encontrou com o presidente iraquiano e sondou-o quanto à possibilidade de partir para o exílio a fim de evitar uma invasão norte-americana, Saddam disse: "Nasci no Iraque e vou morrer no Iraque."
"Vamos acelerar o mais rápido possível para (o estabelecimento de) uma autoridade interina iraquiana para aproveitar os talentos do povo iraquiano para reconstruir sua nação. Estamos comprometidos com o objetivo de um Iraque unificado com instituições democráticas", disse Bush.
O presidente norte-americano também insistiu que tentará um apoio da comunidade internacional. "Para atingir esta perspectiva, vamos trabalhar de perto com a comunidade internacional, incluindo as Nações Unidas e nossos parceiros na coalizão. Se a força militar for necessária, vamos buscar novas resoluções no Conselho de Segurança para encorajar a participação internacional no processo de ajudar o povo do Iraque a construir um Iraque livre."
Além de Bush, falaram na coletiva seus dois aliados na iniciativa de agir contra o Iraque, os premiês Tony Blair (Reino Unido) e José María Aznar (Espanha). A abertura foi feita pelo premiê de Portugal, José Manuel Durão Barroso, que assistiu a cúpula, mas não participou das discussões.
Blair, ao fim da reunião de cúpula, fez um apelo de unidade internacional para que os países estabeleçam um ultimato que permita o uso da força se o regime iraquiano se negar a se desarmar . "Fazemos um pedido final para enviar uma mensagem forte e unida da comunidade internacional, que dê um ultimato claro a Saddam Hussein e autorize o uso da força se o Iraque continuar desafiando a vontade da maior parte da comunidade internacional", declarou.
"Uma das coisas trágicas nesta situação é que Saddam continua com seus jogos e nós continuamos permitindo que ele jogue", disse Blair. "É importante que mesmo agora, neste momento tardio, tentemos fazer com que as Nações Unidas sejam o caminho da solução da crise iraquiana", acrescentou.
Aznar, por sua vez, afirmou que chegou a um acordo com EUA e Reino Unido para reforçar o processo de paz no Oriente Médio. "Chegamos a um acordo para incentivar o processo de paz no Oriente Médio. Este processo de paz deve culminar com todas as garantias de segurança, com o fim do terrorismo na convivência de dois Estados, com um Estado palestino democrático e independente, e um Estado de Israel", disse o chefe de governo espanhol.
Avisos
Hoje, o vice-presidente dos Estados Unidos, Dick Cheney, disse que os esforços diplomáticos para a evitar uma guerra estavam chegando ao fim e que o presidente Bush tomará a "difícil, mas necessária, decisão sobre o Iraque em poucos dias". Paralelo a isso, o secretário Estado dos EUA, Colin Powell, deu sinais de que a guerra está muito próxima, quando pediu que os inspetores e jornalistas deixem o Iraque imediatamente.
Na mesma tática de aviso, Powell disse à rede de TV ABC que não há necessidade para uma nova resolução. "Não espero, realmente, uma nova proposta. Há uma boa e sólida proposta sobre a mesa agora. É uma resolução que estes três países [EUA, Reino Unido e Espanha] já mostraram no dia 7 de março", disse.
Na sequência criticou a França. "Mas a França disse que vetaria nossa proposta...E depois de todos os ajustes que foram feitos nesta semana, a França voltou a dizer que vai vetar (a nova resolução). Creio que, em pouco tempo, teremos danos em nossas relações com a França", disse Powell.
Manifestações contrárias à guerra continuam acontecendo em várias partes do mundo paralelo ao envio de mais soldados dos EUA para a região do golfo Pérsico. Mas hoje já há mostras de que a briga de foice travada entre o governo do presidente George W. Bush e o resto do mundo contrário a uma guerra pode estar chegando ao fim: cinco dos oito aviões utilizados pelos inspetores de armas para visitar áreas sujeitas a inspeções deixaram Bagdá a caminho do Chipre, sinal que parece estar minando as possibilidades de um fim pacífico para este embate.
Londres, Washington e Madri apresentaram um segundo projeto de resolução à ONU (Organização das Nações Unidas), do qual faz parte um ultimato de desarmamento ao Iraque, cujo prazo termina amanhã. Enquanto isso, o Iraque segue destruindo seus mísseis Al Samoud 2 (que ultrapassam os 150 km de alcance permitidos pela ONU) sob a supervisão dos inspetores de armas. Calcula-se que o Iraque possua 120 mísseis Al Samoud, 68 deles já foram destruídos.
Com agências internacionais
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Bush diz que segunda-feira será o "momento da verdade" para o mundo
da Folha OnlineO presidente dos EUA, George W. Bush, disse no domingo após a cúpula tripartite em conjunto com o Reino Unido e a Espanha, na base norte-americana de Lajes, nas ilhas dos Açores (Portugal), que esta segunda-feira será o "momento da verdade" para o mundo, referindo-se ao impasse iraquiano.
"Nós concluímos que amanhã [segunda] é o momento da verdade para o mundo. Esta cúpula (nos Açores) é a última iniciativa diplomática para o Iraque se desarmar", disse Bush. "O Iraque vai ser desarmar sozinho ou será desarmado por meio da força", completou.
Bush disse que a decisão para evitar uma guerra é apenas de Saddam Hussein (presidente do Iraque), referindo-se ao possível exílio do líder Iraquiano. "Ele (Saddam) pode evitar a guerra, se deixar o governo e livrar o povo iraquiano."
No mês passado, quando o enviado russo Yevgeny Primakov se encontrou com o presidente iraquiano e sondou-o quanto à possibilidade de partir para o exílio a fim de evitar uma invasão norte-americana, Saddam disse: "Nasci no Iraque e vou morrer no Iraque."
"Vamos acelerar o mais rápido possível para (o estabelecimento de) uma autoridade interina iraquiana para aproveitar os talentos do povo iraquiano para reconstruir sua nação. Estamos comprometidos com o objetivo de um Iraque unificado com instituições democráticas", disse Bush.
O presidente norte-americano também insistiu que tentará um apoio da comunidade internacional. "Para atingir esta perspectiva, vamos trabalhar de perto com a comunidade internacional, incluindo as Nações Unidas e nossos parceiros na coalizão. Se a força militar for necessária, vamos buscar novas resoluções no Conselho de Segurança para encorajar a participação internacional no processo de ajudar o povo do Iraque a construir um Iraque livre."
Além de Bush, falaram na coletiva seus dois aliados na iniciativa de agir contra o Iraque, os premiês Tony Blair (Reino Unido) e José María Aznar (Espanha). A abertura foi feita pelo premiê de Portugal, José Manuel Durão Barroso, que assistiu a cúpula, mas não participou das discussões.
Blair, ao fim da reunião de cúpula, fez um apelo de unidade internacional para que os países estabeleçam um ultimato que permita o uso da força se o regime iraquiano se negar a se desarmar . "Fazemos um pedido final para enviar uma mensagem forte e unida da comunidade internacional, que dê um ultimato claro a Saddam Hussein e autorize o uso da força se o Iraque continuar desafiando a vontade da maior parte da comunidade internacional", declarou.
"Uma das coisas trágicas nesta situação é que Saddam continua com seus jogos e nós continuamos permitindo que ele jogue", disse Blair. "É importante que mesmo agora, neste momento tardio, tentemos fazer com que as Nações Unidas sejam o caminho da solução da crise iraquiana", acrescentou.
Aznar, por sua vez, afirmou que chegou a um acordo com EUA e Reino Unido para reforçar o processo de paz no Oriente Médio. "Chegamos a um acordo para incentivar o processo de paz no Oriente Médio. Este processo de paz deve culminar com todas as garantias de segurança, com o fim do terrorismo na convivência de dois Estados, com um Estado palestino democrático e independente, e um Estado de Israel", disse o chefe de governo espanhol.
Avisos
Hoje, o vice-presidente dos Estados Unidos, Dick Cheney, disse que os esforços diplomáticos para a evitar uma guerra estavam chegando ao fim e que o presidente Bush tomará a "difícil, mas necessária, decisão sobre o Iraque em poucos dias". Paralelo a isso, o secretário Estado dos EUA, Colin Powell, deu sinais de que a guerra está muito próxima, quando pediu que os inspetores e jornalistas deixem o Iraque imediatamente.
Na mesma tática de aviso, Powell disse à rede de TV ABC que não há necessidade para uma nova resolução. "Não espero, realmente, uma nova proposta. Há uma boa e sólida proposta sobre a mesa agora. É uma resolução que estes três países [EUA, Reino Unido e Espanha] já mostraram no dia 7 de março", disse.
Na sequência criticou a França. "Mas a França disse que vetaria nossa proposta...E depois de todos os ajustes que foram feitos nesta semana, a França voltou a dizer que vai vetar (a nova resolução). Creio que, em pouco tempo, teremos danos em nossas relações com a França", disse Powell.
Manifestações contrárias à guerra continuam acontecendo em várias partes do mundo paralelo ao envio de mais soldados dos EUA para a região do golfo Pérsico. Mas hoje já há mostras de que a briga de foice travada entre o governo do presidente George W. Bush e o resto do mundo contrário a uma guerra pode estar chegando ao fim: cinco dos oito aviões utilizados pelos inspetores de armas para visitar áreas sujeitas a inspeções deixaram Bagdá a caminho do Chipre, sinal que parece estar minando as possibilidades de um fim pacífico para este embate.
Londres, Washington e Madri apresentaram um segundo projeto de resolução à ONU (Organização das Nações Unidas), do qual faz parte um ultimato de desarmamento ao Iraque, cujo prazo termina amanhã. Enquanto isso, o Iraque segue destruindo seus mísseis Al Samoud 2 (que ultrapassam os 150 km de alcance permitidos pela ONU) sob a supervisão dos inspetores de armas. Calcula-se que o Iraque possua 120 mísseis Al Samoud, 68 deles já foram destruídos.
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