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12/06/2009 - 09h56

Morales critica Peru e agrava crise bilateral

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da Folha de S. Paulo

O presidente boliviano, Evo Morales, criticou duramente nesta quinta-feira a atuação do governo do Peru no conflito com comunidades indígenas locais, deteriorando as já desgastadas relações bilaterais.

Morales, durante visita a Cuba, lamentou pelos indígenas peruanos mortos durante confronto na cidade de Bagua, há uma semana -foram 9 os mortos, segundo o número oficial, e ao menos 30, segundo os manifestantes indígenas.

'Não é possível que os mais vilipendiados da história latino-americana sejam humilhados', disse ele, da etnia aimará, também existente no Peru.

As declarações do esquerdista Morales aprofundam meses de mal-estar e troca de acusações entre La Paz e o governo conservador de Alan García. O governo peruano já reclamava da ingerência boliviana no arrastado conflito com os indígenas, que protestam pela revogação de um pacote de leis que facilitam investimento na Amazônia, baixado em 2008.

Na última semana, Lima acusou Morales de incitar a sublevação no Peru por ter defendido que indígenas busquem a 'segunda e definitiva independência' em carta enviada a um congresso internacional indígena realizado na cidade de Puno, no final de maio.

'Nossa luta não termina, da resistência passamos à rebelião e da rebelião à revolução', diz Morales no texto a 5.000 delegados de povos indígenas.

Nesta quinta-feira, o presidente do Conselho de Ministros (premiê) do Peru, Yehude Simon, classificou a mensagem de 'inaceitável'. Disse que La Paz também reagiria se o governo peruano enviasse carta aos oposicionistas de Santa Cruz de La Sierra dizendo: 'Nos parece ótimo o processo de descentralização. Vocês não devem deixar de lutar por esse processo'.

Os cruzenhos lideram movimento na Bolívia por autonomia administrativa em relação a La Paz, que os acusa, por sua vez, de disfarçarem intenções golpistas e separatistas.

A verborragia de Morales é só mais uma faceta da tensão bilateral. Ele já havia protestado porque o governo peruano concedeu asilo político, em maio, a ex-ministros do governo Gonzalo Sánchez de Lozada (2002-03), réus em processo pela morte de 60 pessoas durante repressão a protestos da chamada 'guerra do gás' em 2003.

Antes disso, o governo boliviano já havia acusado o Peru de questionar a demarcação de limites marítimos com o Chile, na corte de Haia, só para atrapalhar La Paz em sua busca por uma saída ao mar.

O ideal para a Bolívia seria obter terras no norte chileno. Mas, como eram território peruano antes da Guerra do Pacífico, no fim século 19, a transferência, por tratado de 1929, depende da anuência de Lima.

Protesto e negociação

A quinta-feira foi dia de protesto em várias cidades do Peru, na selva e na costa, convocados pelo movimento indígena e aliados. Em Lima, participantes de marcha da CGTP, principal central sindical peruana, entraram em confronto com policiais, que responderam com gás lacrimogêneo.

As manifestações pró-indígenas exigiam a revogação das leis, e não só a sua suspensão, como aprovado anteontem pelo Congresso em relação a dois dos decretos.

O governo anunciou a criação de uma comissão para discutir o desenvolvimento amazônico, com participação dos indígenas, mas declarou que não considera a Aidesep, a principal associação indígena, um interlocutor.

Com agências internacionais

 

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