Carro-bomba mata ao menos 26 no Iraque; EUA deixam seis cidades hoje

Um ataque com um carro-bomba deixou ao menos 26 mortos na cidade iraquiana de Kirkuk, a cerca de 250 km da capital Bagdá, nesta terça-feira. O ataque acontece no dia em que os iraquianos festejam, com um feriado batizado de Dia da Soberania Nacional, a retirada dos militares americanos das áreas urbanas do Iraque, em cumprimento ao acordo de retirada cuja última etapa está prevista para o final de 2011.

Conforme o Ministério de Interior, a explosão que aconteceu perto de um mercado, causando também a destruição de lojas e camelôs. Devido ao ataque, a região foi cercada, para facilitar o trabalho das forças de segurança, que auxiliam as vítimas.

De acordo com o balanço do ministério divulgado pela agência de notícias France Presse, 26 pessoas morreram no atentado. Fontes policiais ouvidas pela agência Reuters, no entanto, já apontam 35 mortes. Outras 40 pessoas teriam ficado feridas.

No último dia 20, Kirkuk foi cenário de outro ataque, no qual 73 pessoas morreram e outras 180 ficaram feridas, devido à explosão de outro caminhão-bomba em um mercado de uma zona de população de maioria turcomana.

O ataque em Kirkuk foi o mais grave de uma série de episódios violentos que cercam a saída dos americanos das cidades do Iraque, após seis anos de ocupação.

Nesta segunda-feira (29), em Bagdá, quatro soldados americanos foram mortos em ações de combate, segundo comunicado do comando militar dos Estados Unidos divulgado nesta terça. Já nesta terça-feira, policiais mataram a tiros um militante que abriu fogo contra um bloqueio militar, em Mossul, e os corpos de três traficantes de álcool foram encontrados, com marcas de tiros nas cabeças e nos peitos, em Tikrit.

Governo

Mais cedo, o primeiro-ministro Nouri al Maliki foi à TV afirmar que as forças de segurança iraquianas têm condições de assumir o controle das cidades. "Aqueles que pensam que os iraquianos não conseguem controlar o próprio país e que a saída das tropas estrangeiras criará um vácuo na segurança estão muito enganados."

"Esse dia, que consideramos uma festa nacional, é uma conquista de todos os iraquianos. [...] Nossa incompleta soberania e a presença de tropas estrangeiras são os maiores legados que recebemos [do ex-ditador Saddam Hussein]", disse Maliki.

Depois da transmissão do pronunciamento, o primeiro-ministro participou de uma parada em comemoração à retirada na Zona Verde de Bagdá, a região mais vigiada da capital do Iraque.

Retirada

Conforme o pacto firmado entre os governos americano e iraquiano, as tropas estrangeiras, a partir desta terça-feira, ficam concentradas na segurança das fronteiras do país e têm até o final de 2011 para sair completamente.

No final de fevereiro, Obama anunciou que concentraria esforços no combate à Al Qaeda no Afeganistão e no Paquistão e estipulou para agosto de 2010 a saída de dois terços das tropas americanas do Iraque --uma das promessas de campanha do presidente.

O desempenho da segurança no Iraque nos próximos meses será decisivo para avalizar a estratégia militar de Obama, que sempre tratou a guerra do Iraque como uma empreitada pessoal de seu antecessor, George W. Bush (2001-2009).