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18/07/2003
-
22h28
A descoberta de um corpo que pode ser do cientista britânico David Kelly abalou hoje o meio político britânico. O premiê Tony Blair, que soube da descoberta do corpo enquanto viajava de Washington para Tóquio, prometeu uma investigação judicial independente sobre a morte no caso de ser confirmado que o cadáver era de Kelly.
David Kelly, 59, especialista em armas, foi apontado pelo governo do Reino Unido como possível fonte de uma reportagem da BBC sobre o dossiê contra o Iraque. Ele foi interrogado severamente no Parlamento britânico sobre as alegações de que o governo teria manipulado as informações para justificar a guerra ao Iraque.
O caso ainda está sendo identificado como uma ''morte não explicada'' , segundo o superintendente David Purnell, da polícia de Thames Valley, Londres. A polícia britânica vai dizer amanhã se o corpo de encontrado hoje no meio do mato, a cerca de 8 km da residência de Kelly, é mesmo do cientista. A família de Kelly comunicou o seu desaparecimento na noite de ontem. Segundo a BBC, ele teria dito a sua mulher que iria caminhar e não voltou mais.
Investigação ampla
A oposição britânica pede que Blair antecipe o fim de sua viagem pela Ásia e enfrente uma investigação mais ampla sobre a questão da guerra. O choque chegou a derrubar a libra em meio por cento nos mercados de câmbio enquanto o mercado media a gravidade da crise para Blair.
Kelly havia negado ter sido a fonte do repórter da BBC Andrew Gilligan, que disse, em maio, que uma importante fonte do serviço de inteligência britânico havia lhe dito que o governo tinha exagerado a informação sobre o Iraque.
A reportagem provocou audiências parlamentares para saber como o governo tratou a questão da guerra, obrigando Blair a se defender e jogando autoridades do governo contra a BBC.
A notícia da morte de Kelly acabou obscurecendo a recepção calorosa que Blair teve ontem no Congresso dos Estados Unidos, embora não haja indicação de que o premiê vá mudar seus planos de uma longa viagem à Ásia. ''O premiê está obviamente muito triste pela família do doutor Kelly'', disse um porta-voz a bordo do avião.
O líder do Partido Conservador, Iain Duncan Smith, da oposição, disse que Blair deveria voltar para a Inglaterra e que qualquer inquérito deveria cobrir a questão inteira da informação usada para justificar a guerra. ''Se eu fosse o premiê, eu suspenderia essa visita e voltaria para casa. Há muitas questões que precisarão ser feitas nos próximos dias'', disse o parlamentar.
Incomodado
O desconforto de Kelly era evidente durante seu depoimento à Comissão de Assuntos Externos do Parlamento. Falando tão baixo que mal podia ser ouvido, ele admitiu que conversou com o repórter Gilligan, mas negou ter dito a ele que o governo estava manipulando as informações sobre o Iraque.
Kelly ficou evidentemente contrariado quando parlamentares presentes à sessão se referiram a ele como um ''bode expiatório'', que teria sido escalado pelo governo para levar a culpa pelo escândalo.
O governo queria provar que Kelly foi a única fonte de informação de Gilligan e que a diferença entre ambas as versões comprovaria que a reportagem da BBC estava errada.
A mulher de Kelly, Jane, disse que ele ficou profundamente abatido pelo depoimento, segundo um amigo da família, Tom Mangold, em declarações ao canal ITV News. ''Ela me disse que ele estava sob um estresse considerável, que ele estava muitíssimo irritado com o que aconteceu na comissão'', afirmou.
Com agências internacionais
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Descoberta de corpo abala situação do governo britânico
da Folha OnlineA descoberta de um corpo que pode ser do cientista britânico David Kelly abalou hoje o meio político britânico. O premiê Tony Blair, que soube da descoberta do corpo enquanto viajava de Washington para Tóquio, prometeu uma investigação judicial independente sobre a morte no caso de ser confirmado que o cadáver era de Kelly.
David Kelly, 59, especialista em armas, foi apontado pelo governo do Reino Unido como possível fonte de uma reportagem da BBC sobre o dossiê contra o Iraque. Ele foi interrogado severamente no Parlamento britânico sobre as alegações de que o governo teria manipulado as informações para justificar a guerra ao Iraque.
O caso ainda está sendo identificado como uma ''morte não explicada'' , segundo o superintendente David Purnell, da polícia de Thames Valley, Londres. A polícia britânica vai dizer amanhã se o corpo de encontrado hoje no meio do mato, a cerca de 8 km da residência de Kelly, é mesmo do cientista. A família de Kelly comunicou o seu desaparecimento na noite de ontem. Segundo a BBC, ele teria dito a sua mulher que iria caminhar e não voltou mais.
Investigação ampla
A oposição britânica pede que Blair antecipe o fim de sua viagem pela Ásia e enfrente uma investigação mais ampla sobre a questão da guerra. O choque chegou a derrubar a libra em meio por cento nos mercados de câmbio enquanto o mercado media a gravidade da crise para Blair.
Kelly havia negado ter sido a fonte do repórter da BBC Andrew Gilligan, que disse, em maio, que uma importante fonte do serviço de inteligência britânico havia lhe dito que o governo tinha exagerado a informação sobre o Iraque.
A reportagem provocou audiências parlamentares para saber como o governo tratou a questão da guerra, obrigando Blair a se defender e jogando autoridades do governo contra a BBC.
A notícia da morte de Kelly acabou obscurecendo a recepção calorosa que Blair teve ontem no Congresso dos Estados Unidos, embora não haja indicação de que o premiê vá mudar seus planos de uma longa viagem à Ásia. ''O premiê está obviamente muito triste pela família do doutor Kelly'', disse um porta-voz a bordo do avião.
O líder do Partido Conservador, Iain Duncan Smith, da oposição, disse que Blair deveria voltar para a Inglaterra e que qualquer inquérito deveria cobrir a questão inteira da informação usada para justificar a guerra. ''Se eu fosse o premiê, eu suspenderia essa visita e voltaria para casa. Há muitas questões que precisarão ser feitas nos próximos dias'', disse o parlamentar.
Incomodado
O desconforto de Kelly era evidente durante seu depoimento à Comissão de Assuntos Externos do Parlamento. Falando tão baixo que mal podia ser ouvido, ele admitiu que conversou com o repórter Gilligan, mas negou ter dito a ele que o governo estava manipulando as informações sobre o Iraque.
Kelly ficou evidentemente contrariado quando parlamentares presentes à sessão se referiram a ele como um ''bode expiatório'', que teria sido escalado pelo governo para levar a culpa pelo escândalo.
O governo queria provar que Kelly foi a única fonte de informação de Gilligan e que a diferença entre ambas as versões comprovaria que a reportagem da BBC estava errada.
A mulher de Kelly, Jane, disse que ele ficou profundamente abatido pelo depoimento, segundo um amigo da família, Tom Mangold, em declarações ao canal ITV News. ''Ela me disse que ele estava sob um estresse considerável, que ele estava muitíssimo irritado com o que aconteceu na comissão'', afirmou.
Com agências internacionais
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