Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
20/10/2009 - 07h42

Comissão de Zelaya rejeita proposta de diálogo; interinos criticam insurreição

Publicidade

da Folha Online

O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, criticou o estado de obstrução do diálogo com o governo interino do país pouco depois de sua comissão rejeitar a "insultante" proposta dos negociadores de Roberto Micheletti por não reconhecer o golpe de Estado. A comissão do governo interino, por sua vez, criticou os apoiadores de Zelaya por promover "uma agenda de insurreição" no país.

As declarações são um duro revés no diálogo promovido nas últimas duas semanas por uma saída à crise política instaurada com o golpe que derrubou Zelaya do poder, em 28 de junho.

Os negociadores dos dois lados chegaram a anunciar acordo em 95% dos itens do Acordo de San José, proposta do mediador, o presidente da Costa Rica, Oscar Arias. Faltava discutir o mais importante ponto da proposta: a restituição de Zelaya sob diversas condições, entre elas a formação de um governo de união.

O diálogo entre as comissões de Zelaya e Micheletti voltou a se estagnar nesta terça-feira, sem que as partes tenham fixado data para voltar à mesa. A paralisação foi resultado da rejeição da comissão de Zelaya à proposta de Micheletti para que sua restituição se definisse pelas comissões de negociação com base em relatórios do Congresso e da Corte Suprema de Justiça.

Esteban Felix/AP
Presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, rejeitou a proposta do governo interino
Presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, rejeitou a proposta do governo interino

Os relatórios avaliariam os antecedentes do golpe de Estado contra Zelaya, com o propósito de que sirvam de fundamento a uma decisão tomada por ambas as representações.

"O diálogo, apesar de não o declararmos quebrado, entrou em uma fase de evidente obstrução", disse Víctor Meza, representante de Zelaya, antes de afirmar que o Conselho Permanente da OEA (Organização dos Estados Americanos), que se reunirá nesta quarta-feira (21) em Washington, "deverá dar conhecimento e pronunciar-se sobre o estancamento".

Meza chamou a proposta de insultante. "Estão pedindo que reconheçamos que não houve golpe de Estado! Não voltaremos a nos reunir até que tenhamos uma proposta construtiva e séria", disse em entrevista a jornalistas.

Segundo o ministro de Zelaya, o presidente deposto "fez todas as concessões possíveis para assegurar o êxito do diálogo e a saída política da crise". "Graças a isso pudemos pactuar e assinar 95% do conteúdo do Acordo de San José; a percentagem restante depende exclusivamente da vontade política do senhor Micheletti."

A comissão de Zelaya diz ainda que Micheletti "deve assumir a responsabilidade política e a culpa histórica por haver impedido a culminação bem-sucedida deste generoso esforço de diálogo".

"Sem uma saída pacifica, a crise tende a ficar cada vez mais grave", afirmou Meza.

Manipulação

"Nós acreditamos que sempre vai haver uma porta aberta, mas a denúncia desta manipulação, que está sendo feita, temos que fazer a nível nacional e internacional", afirmou Zelaya à simpatizante Rádio Globo, que voltou a operar nesta terça-feira com a oficialização da anulação do estado de sítio sob o qual foi fechada.

"Se não se reconhece que há um golpe de Estado no país, então não haverá saída para crise política", ressaltou Zelaya, que está refugiado na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa desde 21 de setembro, quando voltou clandestinamente ao país para aumentar a pressão por uma solução à crise.

O presidente deposto acusou ainda Micheletti e sua comissão no diálogo de "tentar de forma obstinada criar uma mentira que ninguém vai apoiar". Disse ainda que a representação de Micheletti está caçoando da OEA, Nações Unidas, Estados Unidos e demais países do mundo.

Insurreição

A comissão do regime interino afirmou mais cedo que "nos últimos dias, tanto o ex-presidente Zelaya como alguns de seus seguidores promoveram uma agenda de insurreição no país".

Oswaldo Rivas/Reuters
Roberto Micheletti quer que a Suprema Corte de Justiça defina restituição de Zelaya
Roberto Micheletti quer que a Suprema Corte de Justiça defina restituição de Zelaya

Também criticou a Alba (Aliança Bolivariana para os Povos das Américas), formada por Venezuela, Cuba, Equador, Bolívia e Nicarágua, que aprovou no fim de semana sanções comerciais contra o regime de Tegucigalpa.

As negociações entre os dois lados estão paradas por divergências sobre que poder do Estado deve decidir a restituição de Zelaya.

Os negociadores de Micheletti anunciaram uma proposta de consultar o Congresso e a Suprema Corte sobre a restituição para, em seguida, a mesa de diálogo tomar uma decisão final.

A iniciativa foi anunciada depois que o regime de fato recusou a proposta de Zelaya de que o Congresso decidisse sobre sua restituição, por considerar que o golpe em que foi destituído é um assunto político.

Com Efe e France Presse

Comentários dos leitores
Luciano Filgueiras (94) 02/02/2010 17h52
Luciano Filgueiras (94) 02/02/2010 17h52
Sobre o comentário do nosso estimado Diplomata, dizendo ele, que o nosso país inspira o desarmamento mundial; apenas brinco: "Nosso Amorim é um gozador!... sem opinião
avalie fechar
sebastião chaves (9) 02/02/2010 15h19
sebastião chaves (9) 02/02/2010 15h19
como tem pirado escrevendo e enviando os seus comentários. os textos chegam ser manifestações de humorismo involuntário.
Peço àqueles que discordam das bobagens escritas, sejam condescentes com os pirados da silva.
Pai, perdoi, eles não sabem o que escrevem. Descansem em paz, pirados.
sem opinião
avalie fechar
John Reed (41) 02/02/2010 03h21
John Reed (41) 02/02/2010 03h21
A realidade é inexorável.
Ideologias fajutas não passam de blá-blá-blá porque são míopes para enxergar qualquer coisa. Mas certamente não querem ver nada porque acham que já pensaram em tudo. Aí quando a realidade contraria a 'verdade' ideológica as coisas começam a ficar violentas.
Já viu uma criança contrariada? Pois é. Parece que o brinquedo favorito do Coronel Presidente Hugo Chávez se recusa a funcionar como ele deseja. E isso acaba refletindo em alguns nesse fórum, que contrariados produzem textos violentos tanto no estilo quanto no conteúdo.
Uma política carioca, médica, disse (isso ninguém me contou), no ocaso dos países comunista pós Muro, que o ideal e modelo de país a ser seguido eram os da Albânia. Caramba! Isso tem 20 anos.
É pra dar medo: o que a crença em ideologias ou dogmas pode fazer com uma pessoa culta e inteligente. Como já disse, a realidade é desagradavelmente real para alguns.
2 opiniões
avalie fechar
Comente esta reportagem Veja todos os comentários (5675)
Termos e condições
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página