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Coreia do Norte diz que Coreia do Sul vai pagar por troca de tiros no mar
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da Reuters, em Seul (Coreia do Sul)
da Folha Online
A Coreia do Norte alertou nesta quinta-feira que a Coreia do Sul irá "pagar caro" por ter disparado contra um barco de patrulha norte-coreano há dois dias, em um incidente que agrava a tensão entre os dois países. O episódio foi tratado como "acidental" por Seul e como "provocação armada" por Pyongyang.
A ameaça, publicada no diário estatal "Rodong Sinmun", ocorre em meio a relatos de que funcionários de ambos os lados teriam se reunido recentemente para discutir uma possível cúpula entre seus líderes, mas sem chegar a um acordo.
"Belicistas que gostam de brincar com fogo com certeza pagarão caro", disse editorial do Rodong, acrescentando que o regime comunista vinha tomando medidas para atenuar a tensão e forjar uma cooperação com a Coreia do Sul, e que "a situação geral da península coreana ruma para uma resolução dos problemas por meio do diálogo".
"O confronto armado no mar Ocidental não foi um acidente, e sim um ato premeditado de agressão pelos militares do Sul em busca de intensificar as tensões na península coreana."
Nesta terça-feira (10), uma patrulha naval norte-coreana e uma embarcação da Marinha da Coreia do Sul trocaram disparos nas águas do mar Ocidental (mar Amarelo) às 11h28 (0h28 no horário de Brasília), perto da ilha de Daechong.
Segundo a agência sul-coreana Yonhap, a breve disputa não deixou vítimas. Pyongyang, contudo, já reivindicou pedido formal de desculpas de Seul alegando que o ataque provocou sérios danos à patrulha norte-coreana.
A agência, que cita uma fonte do Ministério da Defesa em Seul, informa que uma patrulha norte-coreana cruzou a linha de fronteira marítima, o que levou à embarcação da Coreia do Sul a realizar "disparos de advertência", respondidos prontamente pelos norte-coreanos.
Segundo a versão do Estado-Maior sul-coreano, o navio da Coreia do Norte "abriu fogo contra nosso navio". "Respondemos, obrigando o navio norte-coreano a recuar em sua rota", afirma um comunicado militar.
Já a agência oficial norte-coreana KCNA afirmou ainda que o navio da Coreia do Norte retornava de uma missão de reconhecimento quando "um grupo de navios de guerra das forças sul-coreanas lhe passaram a caçá-los e cometeram a grave provocação de disparar-lhe".
Potências regionais tentam atualmente atrair a Coreia do Norte de volta para as negociações multilaterais a respeito do seu programa de armas nucleares. A secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, disse que o incidente não irá afetar a disposição dos EUA para enviar à região seu representante especial Stephen Bosworth.
A Coreia do Norte habitualmente usa ações militares para ganhar espaço na pauta de eventos diplomáticos, e recentemente provocou alarme ao anunciar a produção de mais plutônio passível de uso em armas nucleares. Ao mesmo tempo, o regime busca um diálogo direto com Washington.
Histórico
A linha de fronteira marítima entre os dois países, em tese ainda em guerra, já que não assinaram um tratado de paz para acabar com o conflito de 1950-1953, nunca foi reconhecida pela Coreia do Norte e é uma área de de frequentes disputas entre as duas Coreias.
Em 2002, navios de guerra norte-coreanos dispararam contra navios da Coreia do Sul e deixaram quatro mortos e 18 feridos. Posteriormente, Pyongyang se desculpou.
Três anos antes, em 1999, aconteceu outro enfrentamento que acabou com o naufrágio de um navio de Pyongyang e a morte de cerca de 80 marinheiros.
A zona de fronteira marítima entre as duas Coreias é especialmente conflituosa, já que Pyongyang rejeita a polêmica Linha do Limite do Norte (NLL), estabelecida no final da Guerra da Coreia (1950-1953) pelas tropas da ONU (Organização das Nações Unidas) lideradas pelos Estados Unidos.
Trata-se de uma linha fronteiriça que é objeto de disputa por ambas partes, que se acusaram mutuamente de violá-la em numerosas ocasiões.
A Coreia do Norte assinalou em inúmeras vezes que as incursões de seu vizinho do sul são premeditadas para intensificar a tensão, enquanto Seul repete acusações similares contra Pyongyang.
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