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24/11/2009 - 10h33

Promotoria pede "longa pena" de prisão para torturador do Khmer Vermelho

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da Efe, em Phnom Penh
da Folha Online

A promotoria do tribunal internacional para o genocídio do Camboja pediu nesta terça-feira uma "longa pena" de prisão para o torturador do Khmer Vermelho, Kaing Guek Eav, descrito como a "personificação da eficiência impiedosa".

O acusado, conhecido como Duch, dirigiu o centro de torturas S-21 pelo qual passaram mais de 15 mil cambojanos antes de serem executados no mesmo local ou em campos de extermínio em Choeung Ek, nos arredores da capital.

Segundo a promotora cambojana Chea Leang, os crimes pelos quais Duch é acusado "são de tal extrema gravidade e cometidos contra tanta gente que é inconcebível outra condenação que não seja uma longa pena de prisão".

Embora Chea não tenha especificado quantos anos, a legislação local prevê como sentença máxima a prisão perpétua.

Durante todo o processo, Duch admitiu sua responsabilidade pelos atos de barbárie e pediu perdão às vítimas.

Mas a promotora o recriminou, já que "ainda não admite ter feito tudo por vontade própria e insiste em assegurar que foi porque cumpria ordens ou porque atuava sob a ameaça de seus superiores".

"A ideia de que [o réu] é só um bode expiatório deve ser rejeitada", explicou Chea aos juízes, e acrescentou que "não há dúvida de que era um idealista, um revolucionário preparado para sacrificar tudo o que fosse necessário pela organização maoísta que aterrorizou o Camboja".

Os advogados das vítimas do Khmer Vermelho acusaram-no nesta segunda-feira de falsificar a história e mentir ao tribunal, ao minimizar seu papel na tortura e execução de quase 15 mil pessoas entre 1975 e 1979.

Duch não demonstrou emoções ao ouvir as conclusões. Ele deve tomar a palavra nesta quarta-feira. Os argumentos finais devem ser encerrados nesta sexta-feira e uma sentença é esperada para o começo do próximo ano.

Das cinco autoridades do regime Khmer Vermelho detidas atualmente, Duch é o primeiro a ser julgado e o único que colaborou com a justiça durante o processo.

O tribunal apresentou provas irrefutáveis da responsabilidade de Duch, zeloso servidor do projeto de sociedade delirante do regime de Pol Pot, que matou 2 milhões de pessoas, ou seja, quase 25% da população do Camboja.

Integrado por juízes cambojanos e estrangeiros, o tribunal internacional foi formado em 2006 para fazer justiça aos quase dois milhões de pessoas que morreram durante o terror do Khmer Vermelho e encerrar assim uma das páginas mais terríveis da história do Camboja.

Duch é o funcionário de mais baixa categoria que está sendo julgado. Ainda devem passar pelo tribunal Khieu Samphan, ex-chefe de Estado; Nuon Chea, ideólogo do Khmer Vermelho; Ieng Sary, ex-ministro de Assuntos Exteriores, e sua esposa, Ieng Thirit, ex-titular de Assuntos Sociais.

Pol Pot, o outrora primeiro-ministro da República Democrática de Kampuchea, faleceu na selva cambojana em 1998.

 

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