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22/11/2003 - 20h04

Presidente da Geórgia ameaça usar Exército para controlar crise

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da Folha Online

Bondo Mdzinarashvili, porta-voz de Eduard Shevardnadze, presidente da Geórgia, afirmou hoje que o Exército poderia assumir o controle da crise política que afeta o país se o Parlamento recém-eleito não aprovar em 48 horas sua ordem de decretar estado de emergência.

"O Exército e a polícia coordenariam todas as agências estatais para assegurar a segurança da população, evitar um golpe [de estado] e teriam o direito de deter criminosos", disse o porta-voz.

O governo de Shevardnadze decretou hoje estado de emergência na Geórgia --uma ex-república soviética--, depois que a oposição ocupou o Parlamento, em Tbilisi (capital) para nomear uma presidente interina.

"Declaro o estado de emergência", disse Shevardnadze, que governa o país desde 1992, em mensagem transmitida ao vivo pela televisão, logo depois da invasão do Parlamento por manifestantes que exigem sua renúncia.

A Constituição de Geórgia afirma que depois que o estado de emergência é proclamado o presidente deve submetê-lo à aprovação do Parlamento dentro de 48 horas.

O texto da Constituição não diz o que deve ser feito caso o Parlamento não aprove o estado de emergência, mas afirma que o presidente está autorizado "a lançar decretos com poder de lei e tomar medidas especiais".

Crise

A oposição declarou a presidente do Parlamento, Nino Burdjanadze, governante provisória do país.

"De acordo com a Constituição, Nino Burdjanadze é a presidente da Geórgia até a realização de novas eleições parlamentares e presidenciais", declarou o líder da oposição, Mikhail Saakachvili.

A oposição denunciou fraude na eleição do dia 2 de novembro, da qual foi declarado vencedor o partido de Shevardnadze, e exigiu a renúncia do presidente, com a organização de novas eleições.

Hoje, manifestantes conseguiram invadir o Parlamento enquanto Shevardnadze pronunciava seu primeiro discurso após as polêmicas eleições, obrigando o presidente a fugir pela porta dos fundos, cercado de guarda-costas.

"Um golpe de Estado aconteceu na Geórgia", disse pouco tempo depois uma lacônica declaração da Presidência.

Ocupação

Horas depois, cerca de 3.000 opositores tomaram a sede da Presidência, apesar de uma breve resistência da polícia, e anunciaram que manterão a ocupação "até a chegada de Burdjanadze".

Cerca de 30 mil manifestantes se reuniram na praça da Liberdade de Tbilisi para exigir a renúncia de Shevardnadze, segundo Saakachvili.

Pelo menos 10 mil opositores que gritavam "renúncia!" romperam um cerco policial e se preparavam para invadir os escritórios do presidente, apesar das bombas de gás lacrimogêneo lançadas pela polícia.

No entanto, Saakachvili afirmou que as manifestações continuarão sendo pacíficas.

Diplomacia

Shevardnadze falou por telefone na noite de hoje com o secretário americano de Estado, Colin Powell, e com o presidente da Rússia, Vladimir Putin.

Powell, que prometeu viajar em breve à Geórgia, manifestou sua "preocupação com a evolução inconstitucional da situação", mas aprovou "a ação das forças de segurança, que conseguiram evitar um banho de sangue".

Diante da gravidade da situação, a Rússia decidiu enviar à Geórgia seu ministro das Relações Exteriores, Igor Ivanov. No entanto, Moscou disse que suas tropas posicionadas no país não intervirão no conflito.

"As tropas russas não se envolverão na situação em Tbilisi, pois a Rússia a considera um problema interno da Geórgia", disse um porta-voz do Ministério da Defesa.

A evolução da situação na Geórgia foi objeto de consultas entre Putin e dirigentes da Comunidade dos Estados Independentes (CEI, ex-URSS), segundo o porta-voz do Kremlin, Alexei Gromov

Putin se declarou "preocupado", e manifestou a esperança de que "a crise seja resolvida de maneira pacífica e constitucional", informou a Presidência da Geórgia.

A missão de Ivanov foi decidida após um acordo com o presidente em exercício da CEI, o dirigente ucraniano Leonid Kutchma, acrescentou Gromov.

Com agências internacionais

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