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12/12/2009 - 16h00

Governo de esquerda pode ser vítima de "cansaço" de eleitores chilenos, diz analista

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da Ansa

Após 20 anos no governo, a coalizão de centro-esquerda Concertación poderia agora ser vítima do "cansaço" de parte dos chilenos que irão às urnas neste domingo para escolher o novo presidente do país, afirma o professor Tullo Vigevani, da Unesp (Universidade Estadual Paulista).

Para ele, o fenômeno dos eleitores que veem já com um certo desgaste os quatro governos consecutivos da aliança explicaria parcialmente o favoritismo atribuído pelas pesquisas ao candidato da oposição, o empresário Sebastián Piñera, um dos homens mais ricos do Chile.

"A Concertación não conseguiu resolver problemas em áreas importantes da sociedade chilena, como a educação. Isso gera uma desconfiança sobre a capacidade da centro-esquerda de fazer reformas necessárias, e também resulta no cansaço do eleitorado", diz o especialista à ANSA.

O candidato da Concertación para o pleito de amanhã é Eduardo Frei, que já foi presidente entre 1994 e 2000 e ocupa o segundo lugar de acordo com os levantamentos prévios.

Pesquisas

Em um dos mais recentes, divulgado no início da última semana pelo Centro de Estudos da Realidade Contemporânea, Piñera, da Coalizão pela Mudança, tem a preferência de 44,1% dos eleitores, contra 31% de Eduardo Frei e 17,7% do deputado Marco Enríquez-Ominami, um dissidente da Concertación que decidiu concorrer de forma independente após entrar em desacordo com as lideranças da agremiação.

Para José Augusto Guilhon Albuquerque, professor do instituto de Relações Internacionais da USP (Universidade de São Paulo), o desempenho aquém do esperado do ex-mandatário nestas eleições não está necessariamente ligado à avaliação de sua passagem pelo Palácio de La Moneda.

"Frei foi presidente há dez anos, e o eleitorado não olha tão longe. Além disso, seu mandato não foi tão mal analisado e ele conseguiu até mesmo eleger o sucessor", lembra, referindo-se a Ricardo Lagos (2000-2006).

Embora tenha o apoio da atual presidente, Michelle Bachelet, cujos índices de popularidade superam os 70%, Frei até agora parece não haver conseguido se aproveitar de sua boa imagem.

Mandatário e candidato

Na visão de Guilhon Albuquerque, a relação entre um mandatário e o candidato respaldado por ele nem sempre é considerada pelo eleitor no momento do voto. "A aprovação dada ao governo de Bachelet não significa que as pessoas confiem em Frei", pondera.

Vigevani, por sua vez, aponta que mesmo a ênfase social que caracteriza a gestão da atual presidente, membro do Partido Socialista, não tem favorecido a candidatura governista, já que alguns resultados recentes e fatores que dizem respeito aos últimos anos poderiam influenciar a opinião do eleitorado.

Embora apresente o melhor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da América Latina -- ficou na 44ª posição entre 182 países e territórios analisados pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) --, o Chile tem enfrentado um crescente índice de desemprego, que no primeiro semestre chegou a 9,8%, o mais alto nos últimos cinco anos.

Além disso, o país não escapou dos impactos da crise internacional. No primeiro trimestre, seu PIB (Produto Interno Bruto) sofreu uma retração de 2,7%, e nos três meses seguintes teve nova queda, de 4,7%.

"O Chile vive um aumento da pobreza. Muitas vezes, ele é citado como um exemplo para a América Latina, mas na realidade não conseguiu desenvolver setores modernos da economia e continua dependente da exportação de produtos como cobre, uva e madeira", explica Vigevani.

 

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