Legisladores dos EUA querem mais mudanças na segurança após ataque frustrado

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse em pronunciamento nesta quinta-feira ter determinado um fortalecimento nas medidas de segurança dos EUA, ordenando que "todas as pistas" sobre possíveis ataques sejam investigadas. Os legisladores americanos, contudo, disseram querer mudanças mais profundas após um nigeriano tentar explodir um avião que sobrevoava a cidade de Detroit em pleno dia de Natal.

Segundo reportagem da rede de TV Fox News, os legisladores exigem do governo medidas mais específicas para evitar uma nova tentativa de ataque contra os EUA.

"O presidente disse que nós teremos revistas mais inteligentes e sensíveis nos aeroportos. Já é hora", disse o deputado Eric Cantor, de Virgínia.

A senadora Susan Collins, republicana do Comitê de Segurança Nacional e Assuntos Governamentais do Senado, disse que o governo deveria suspender o visto de todos os nomes listados na base de dados de terrorismo --o que significaria proibir mais de 500 mil pessoas de entrar no país.

Collins propôs ainda, segundo a Fox News, expandir os programas de verificação de vistos de todos os estrangeiros que querem visitar os EUA --uma medida que, segundo a senadora, teria impedido o nigeriano Umar Farouk Abdulmutallab, 23, de entrar com material explosivo no avião.

Já os senadores Lindsey Graham, da Carolina do Sul, e John McCain, do Arizona, escreveram uma carta ao presidente Obama pedindo que ele interrompa a transferência dos prisioneiros do centro de detenção de suspeitos de terrorismo de Guantánamo não apenas para o Iêmen, "como para todos os países com uma presença significativa da [rede terrorista] Al Qaeda".

Na lista, eles incluíram Afeganistão, Paquistão, Arábia Saudita, Somália, Argélia e Sudão.

Resistência

Apesar de lógicas, as exigências dos legisladores por medidas ainda mais restritivas não são populares. Mesmo o pedido de Obama por scanner corporal nos principais aeroportos do mundo encontrou resistência e críticas sobre o impacto que os aparelhos teriam sobre a privacidade e a saúde dos viajantes.

Depois da Itália, a França anunciou nesta sexta-feira que testará o equipamento nos aeroportos de Paris. Segundo o secretário de Estado do Transporte, Dominique Bussereau, os aeroportos devem contar com os primeiros aparelhos ainda neste mês e usarão um padrão de conduta para preservar a privacidade dos passageiros. Em um primeiro momento, haverá seis ou sete scanners.

A Direção Geral de Aviação Civil (DGAC) da França diz que as ondas emitidas pelos scanners são 500 vezes mais fracas que as de um telefone celular e não prejudicariam a saúde dos passageiros.

O órgão explicou ainda que, para preservar a privacidade dos passageiros submetidos ao exame, o agente encarregado de vigiar as imagens em três dimensões do corpo nu manterá distância. Será ainda um homem quem verá as imagens dos homens, e uma mulher que verá as imagens das passageiras. Além disso, segundo o órgão, a imagem mostrada terá as partes íntimas e o rosto distorcidos.

O uso de scanners corporais provoca polêmica na UE desde 2008, quando o bloco suspendeu o uso desses equipamentos por questionamentos quanto ao impacto que eles teriam sobre a privacidade e a saúde dos viajantes.

Desde o último dia 25, dia de Natal, porém, quando Abdulmutallab tentou explodir um avião rumo à cidade americana de Detroit, com cerca de 300 pessoas a bordo, vários países começaram a anunciar o uso dos scanners.

No aeroporto de Amsterdã, onde embarcou, o nigeriano passou por um detector de metais, que não apontou o pacote de pó explosivo que ele levava escondido na cueca. Pouco antes de o avião pousar, o nigeriano tentou injetar uma substância química para detonar o pó. No entanto, acabou chamando atenção e sendo contido por outros passageiros.