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Iêmen teme que jovens refugiados somalis sejam recrutados pela Al Qaeda
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da Folha Online
As autoridades iemenitas temem que milhares de garotos e adolescentes que chegam ao país como refugiados da realidade de conflitos da Somália transformem-se na nova força da rede terrorista Al Qaeda no seu solo, informa nesta terça-feira o jornal americano "Washington Post".
Com o aumento da campanha oficial militar contra os redutos da rede terrorista no Iêmen, auxiliados pelos americanos, os iemenitas temem que os extremistas ampliem a busca por novos militantes aos campos de refugiados somalis.
Segundo o jornal, o Iêmen e os EUA temem ainda que militantes já recrutados pela Al Qaeda na Somália se infiltrem nas orlas de imigrantes refugiados para conseguir entrar no país --ampliando a relação entre os líderes do braço iemenita da Al Qaeda e os grupos islâmicos extremistas somalis.
Somente no ano passado, 74 mil refugiados africanos, a maioria da Somália e da Etiópia, chegaram ao Iêmen, segundo estatísticas da ONU (Organização das Nações Unidas). Outros 309 morreram afogados na travessia do golfo de Áden ou foram mortos por traficantes de imigrantes.
O jornal relata que os jovens chegam aos postos de refugiados lotados de tendas, em pleno deserto no sul do Iêmen. Ele relatam brutalidade e ameaças do Al Shabab, considerado por Washington como um braço da rede terrorista Al Qaeda na região, que quer impor a força uma versão rígida da sharia (lei islâmica) no país.
Os líderes da Al Shabab anunciaram na semana passada que enviarão militantes para ajudar na resistência da Al Qaeda na península arábica. O anúncio levou o ministro de Relações Exteriores, Abu Bakr Al Qirbi, a declarar, em tom de alerta, que o Iêmen não permitirá que "qualquer elemento terrorista de qualquer país atue neste território".
Nos últimos dias, relata o jornal, as forças de segurança do Iêmen chegaram a realizar operações em comunidades de refugiados somalis e detenção de supostos membros do Al Shabab.
O tema preocupa ainda mais depois dos comprovados laços entre o clérigo radical iemenita Anwar al Awlaki e o major Nidal Malik Hasan, que matou, em 5 de novembro passado, 13 pessoas na base militar de Fort Hood, no Estado americano do Texas, e o nigeriano Umar Farouk Abdulmutallab, 23, que tentou se explodir em um voo americano no dia de Natal.
"Enquanto aumenta extraoficialmente a guerra contra extremistas na península arábica, a administração Obama pode se encontrar confrontando uma Al Qaeda regional unificada em dois continentes. Isto exigiria mais recursos de Washington, em meio a grandes conflitos no Iraque e Afeganistão", destaca o jornal.
"Somália está se transformando para o Iêmen o que o Paquistão é para o Afeganistão", disse ao jornal Saeed Obaid, especialista em terrorismo iemenita.
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