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Este é o momento do Haiti refundar sua república, diz ONU
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JOSEPH GUYLER DELVA e
TOM BROWN
da Reuters, em Porto Príncipe (Haiti)
O Haiti pode levar décadas para se recuperar do terremoto de janeiro, mas a tragédia pode oferecer ao país uma forma de se reconstruir "do jeito certo", disse um alto funcionário da ONU (Organização das Nações Unidas) nesta segunda-feira.
"Este é o momento para que os haitianos refundem sua república", disse Edmond Mulet, diretor interino da missão de paz da ONU no Haiti.
Mulet, ex-representante especial da ONU no país, voltou a Porto Príncipe logo depois do terremoto do dia 12 para assumir o comando civil da Minustah, sigla em francês pela qual é conhecida a missão de estabilização da ONU no Haiti.
Seu antecessor e outros dirigentes da Minustah foram mortos pelo terremoto, um dos piores desastres naturais da história mundial. A sede da ONU no país desabou, assim como milhares de outros edifícios na cidade.
Mulet disse que talvez nunca se saiba o número exato de pessoas que morreram no terremoto propriamente dito ou soterradas por "toneladas e toneladas" de entulho.
Em uma franca entrevista no seu escritório na sede improvisada da ONU no país, ele disse que a comunidade internacional e os próprios haitianos fracassaram repetidamente na construção de instituições e na promoção do desenvolvimento.
Agora, depois do terremoto de magnitude 7, que as autoridades estimam ter matado até 200 mil pessoas, ele disse que os doadores internacionais têm aparecido com estratégias mais eficazes, de médio e longo prazo, para ajudar o Haiti, país com longo histórico de crises e corrupção, e que já mesmo antes da tragédia já era o mais pobre das Américas.
Em curto prazo, a assistência humanitária continua sendo prioridade. Mas apenas despejar bilhões de dólares no país, como ocorre nos últimos 25 anos, não vai consertar o Haiti em longo prazo, disse o guatemalteco Mulet.
"Temos que fazer melhor", disse ele, acrescentando que o país precisa de programas para a geração de empregos e desenvolvimento para que saia da miséria endêmica em que já se encontrava antes do terremoto.
"A comunidade internacional tem sido realmente muito inconstante aqui", acrescentou ele, afirmando que a criação pelo Banco Mundial de uma diretoria para novos projetos no Haiti de ajudar a criar a fundação para uma série de novos projetos.
"Esta também é uma oportunidade para que os próprios haitianos vejam todas as suas responsabilidades e estejam à altura da tarefa. Eles também têm sido parte do problema, não somos só nós, mas eles também. Esta chacoalhada (...), este terremoto também os fará pensar sobre suas próprias responsabilidades e usar esta tragédia para reconstruir o Haiti do jeito certo."
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