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25/02/2010 - 11h26

Sarkozy admite "graves erros" da França em genocídio de Ruanda

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da Folha Online

Nicolas Sarkozy realiza nesta quarta-feira a primeira visita de um presidente francês a Ruanda em 16 anos. Em Kigali, ele reconheceu "graves erros de apreciação" da França e da comunidade internacional durante o genocídio de 1994 em Ruanda e homenageou as vítimas, que, segundo a ONU, chegaram a 800 mil.

"O que aconteceu aqui é inaceitável, mas o que aconteceu aqui obriga a comunidade internacional, o que inclui a França, a refletir sobre seus erros que impediram prevenir e deter esse crime espantoso", declarou Sarkozy durante uma entrevista à imprensa ao lado do presidente ruandês, Paul Kagame.

Remy de la Mauviniere/AP
Presidente francês, Nicolas Sarkozy (esq.), participa de cerimônia ao lado do colega ruandês Paul Kagame; primeira visita em anos
Presidente francês, Nicolas Sarkozy (esq.), participa de cerimônia ao lado do colega ruandês Paul Kagame; primeira visita em anos

Entre as falhas, Sarkozy citou "graves erros de apreciação, uma forma de cegueira quando não vimos a dimensão genocida do governo do presidente que foi assassinado, erros em uma operação Turquesa realizada tarde demais (...)".

A operação Turquesa foi lançada pelo Exército francês em junho de 1994, três meses depois do início do genocídio --que começou quando o avião do então presidente Juvenal Habyarimana foi derrubado, em abril daquele ano.

Nos cem dias seguintes, cerca de 800 mil pessoas, a maioria integrantes da etnia tutsi, além de hutus moderados, foram mortos por milícias da etnia hutu. Civis eram incentivados a participar das atrocidades com promessas de que poderiam ficar com as terras dos tutsis mortos.

O genocídio terminou quando rebeldes tutsis assumiram controle do país. Cerca de dois milhões de hutus se refugiaram no vizinho Congo desde então.

Sarkozy pediu ainda que os responsáveis pelo genocídio sejam "encontrados e castigados". "Não há nenhuma ambiguidade. Disse ao presidente Kagame: os que fizeram isso, onde quer que estejam, devem ser encontrados e castigados".

Laços

Ruanda e França restabeleceram relações diplomáticas em novembro de 2009, depois de três anos de rompimento. Kigali cortou relações diplomáticas com Paris depois que um juiz francês acusou o presidente Kagame, e vários funcionários de envolvimento no assassinato de Habyarima

Sarkozy também homenageou as vítimas do massacre, "em nome do povo francês", ao visitar o monumento fúnebre erguido em Kigali.

"Em nome do povo francês, me inclino ante as vítimas do genocídio dos tutsis (...), a humanidade manterá para sempre a memória destes inocentes e de seu martírio", escreveu Sarkozy no livro de ouro do monumento fúnebre.

O chefe de Estado francês, acompanhado dos ministros ruandeses das Relações Exteriores, Louise Mushikiwabo, e da Cultura, Joseph Habineza, respeitou um minuto de silêncio diante de 14 fossas comuns do monumento, onde foram enterrados os corpos de mais de 250 mil vítimas, e depositou uma coroa de flores.

Com o ministro das Relações Exteriores, Bernard Kouchner, e de uma delegação francesa, Sarkozy visitou durante cerca de 20 minutos o museu que relata a história de Ruanda da colonização belga até o genocídio.

Com France Presse e Associated Press

 

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